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Estado de Minas COVID-19 1 ano

Saber e autocontrole na batalha pela vida

Profissionais da �rea de Sa�de que atuam ou est�o na linha de frente do combate ao coronav�rus contam a rotina estressante do atendimento �s pessoas infectadas


28/02/2021 06:00 - atualizado 28/02/2021 07:46

(foto: Arquivo pessoal)
(foto: Arquivo pessoal)

“Tive de me reinventar”

Alessandra Magalh�es Arcanjo, 34 anos, fisioterapeuta, que passou a trabalhar no modelo de atendimento remoto, al�m daquele presencial


“No in�cio da pandemia, os atendimentos que realizava com o m�todo Pilates e algumas outras modalidades foram alterados para o modelo remoto, o que antes n�o era autorizado pelo Conselho de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Apesar de essa adapta��o ter ocorrido de forma inesperada, foi uma �tima ferramenta para que os clientes/pacientes mantivessem as atividades, e a grande maioria se adaptou bem � nova realidade, mesmo os mais idosos. Tamb�m tive que me adaptar e me reinventar rapidamente e, apesar do grande desafio inicial, tamb�m foi uma �tima oportunidade para desenvolver essa nova vertente. Com o retorno gradual aos atendimentos presenciais, houve adapta��es novamente, como a utiliza��o de EPI’s tanto para profissionais quanto para pacientes, r�gidos protocolos de higiene antes, durante e ap�s os atendimentos, o distanciamento entre os pacientes no decorrer da sess�o, entre outros. Mas aqueles clientes/pacientes que n�o conseguiram se adaptar nem aos atendimentos por videochamada nem ao retorno presencial com as mudan�as necess�rias e paralisaram as atividades tiveram preju�zos consider�veis na evolu��o de seus tratamentos.”
 

(foto: Arquivo pessoal)
(foto: Arquivo pessoal)
 

“Combateremos at� o fim”

Nat� Oliveira Andrade, 42 anos, m�dico plantonista do CTI do Hospital S�o Francisco e do Hospital S�o Lucas. Ele e a mulher, 
enfermeira, se contaminaram na linha de frente do combate � doen�a


“Tem sido desafiador cada novo dia na linha de frente do combate � COVID-19. Inicialmente, nos encontr�vamos assustados e sem informa��es consistentes. Os primeiros meses foram cr�ticos. E, ao mesmo tempo que constru�mos estrat�gias de cuidado, tamb�m constru�mos estrat�gias para nossa pr�pria prote��o. Entre altos e baixos dentro das curvas de contamina��o, os medos eram sempre os mesmos: receio pela pr�pria vida e das pessoas que amamos. Em um curto espa�o de tempo, me infectei, e minha esposa que � enfermeira em uma ala com pacientes infectados, tamb�m. Mas, buscamos for�as na f� e na miss�o de salvar vidas. Nada de grave aconteceu, e permanecemos lutando e dando o nosso melhor para devolver saud�veis �s suas fam�lias  pessoas que chegam at� n�s doentes. Nesse per�odo, por�m, tivemos dificuldades, como no manejo de pacientes cr�ticos, e demos o nosso eu em um trabalho intermin�vel e com uma for�a sobrehumana para tudo correr da melhor forma poss�vel. Mas a exaust�o n�o tardou. N�o h� como negar: estamos exaustos. N�o tem sido f�cil, mas vamos em frente. Combateremos at� o fim.” 
 

(foto: Arquivo pessoal)
(foto: Arquivo pessoal)

“Continuamos no caos”

Ana Maria Rodrigues dos Santos, 35 anos, cuidadora de idosos, que perdeu v�rios pacientes para a COVID-19. Ela alerta que para vencer a pandemia � preciso do envolvimento de toda a popula��o


“Tomei conhecimento da pandemia quando o v�rus j� provocava um caos na cidade. O com�rcio se fechou e ficamos em casa em isolamento total. N�o trabalhei por um tempo e s� voltei ao trabalho em setembro do ano passado. Vivemos uma situa��o muito dif�cil para todos n�s, que afetou financeiramente e tive que restringir muitos gastos. Minha percep��o � de que falta consci�ncia de muitos, por estarmos vivendo uma pandemia, mas as pessoas n�o respeitam a necessidade de se isolar e prevenir-se. No in�cio do isolamento tive a impress�o de que est�vamos vivendo uma situa��o de risco, mas que passaria logo. Hoje, acho que continuamos no caos. Quando voltei a trabalhar, estive com v�rios pacientes de risco e perdi muitos deles para a COVID-19. Isso me deixou em situa��o bem dif�cil. Como cuidadora, pe�o que as pessoas tomem o m�ximo de cuidado que puderem para que o v�rus n�o se propague mais e possamos superar essa situa��o. Temo pelos meus familiares porque estamos lidando com uma doen�a desconhecida. Se cada um fizer sua parte vamos vencer e retomar nossa vida normal.” 
 

(foto: Leo Lara/Divulgação)
(foto: Leo Lara/Divulga��o)
 

“Precisamos da ajuda de todos”

Melissa Valentini, 45 anos, m�dica infectologista do Grupo Hermes Pardini, que renovou a esperan�a com a c hegada das vacinas, mas recomenda as medidas sanit�rias contra o v�rus


“Este �ltimo ano foi muito desafiador. No in�cio, tinha muito receio de me contaminar e levar a doen�a para meus familiares. Depois que avaliamos os protocolos de seguran�a e utiliza��o dos equipamentos de seguran�a fiquei mais tranquila. No trabalho, mantenho o uso de m�scaras por todo o per�odo, higieniza��o das m�os muito frequente e atendimento de pacientes com suspeita de COVID-19 com toda a paramenta��o adequada. Nunca trabalhei tanto e com uma carga t�o grande de estresse e responsabilidade. E o apoio do meu marido e dos meus filhos foi essencial. Com a carga excessiva de trabalho, fiquei muito ausente. N�o conseguimos conversar, mas eles entendem que est�vamos diante de um momento �nico e que � essencial que me dedique integralmente ao meu trabalho. O que d� for�as � saber que posso fazer a diferen�a na vida das pessoas, tanto no individual quanto no coletivo. Lidar com pacientes e colegas que ficaram emocionalmente fragilizados com toda essa situa��o tamb�m foi desafiador. E, para isso, precisamos ter serenidade, nos manter ativos e coerentes com o que acreditamos, e sermos exemplo. Cada um sabe as dores que sente e como consegue lidar com elas. Temos uma esperan�a com a chegada das vacinas, mas ainda � cedo para falarmos em fim de pandemia. Precisamos manter a vida nesse ‘novo normal’: uso de m�scaras, distanciamento, higieniza��o das m�os e evitar as aglomera��es. Ainda precisamos da ajuda de todos.” 
 

(foto: Arquivo pessoal)
(foto: Arquivo pessoal)
 

“Um desafio di�rio”

Renata Vital Franco Pimenta, 43 anos, enfermeira obstetra da Maternidade Julia Kubitschek e do Centro de Sa�de Etelvina Carneiro/PBH. Ela vive a rotina exaustiva de atendimentos e acredita em miss�o


“� muito tenso estar na linha de frente. Um desafio di�rio. Recebemos pessoas com medo, fragilizadas e, �s vezes, at� hostis. Na obstetr�cia com a parturiente, o contato � ainda mais intenso. Em todas as situa��es, sa�mos da sala molhados de suor. N�s, profissionais de sa�de, tamb�m temos medo. No in�cio, ningu�m conhecia nada sobre a doen�a. Os protocolos estavam sendo constru�dos e em constante reconstru��o. Os colegas m�dicos, enfermeiros e t�cnicos de enfermagem tentando entender as rotinas implantadas e a cada momento surgia uma nova nota t�cnica. Receb�amos � noite, no final de semana, no feriado. Estud�vamos coisas que no outro dia j� haviam mudado. Ningu�m sabia nada. Todos estavam � procura de respostas. Cheguei a pensar em mudar de casa para n�o correr o risco de contaminar meus familiares. Pensava qual era o risco/benef�cio da minha presen�a em casa. Por v�rios meses, cheguei a dobrar carga horaria, fazendo 20 plant�es noturnos em um m�s, al�m de trabalhar em uma unidade b�sica de sa�de durante o dia. Chego, todos os dias em casa correndo para tirar a roupa e ir direto para o banho, e sempre choro pedindo a Deus que me lave e tire toda a contamina��o de meu corpo. Isso � muito dif�cil. O cansa�o � real, palp�vel. H� dia em que chego em casa e mal dou conta de comer. Junto minhas for�as para ver as atividades da escola com minha filha. Algumas vezes, nem isso consigo fazer diante do cansa�o f�sico, mental e emocional. Mas temos que seguir em frente, temos uma miss�o.” 
 

(foto: Arquivo pessoal)
(foto: Arquivo pessoal)
 

“Desistir n�o � uma op��o”

Daniel da Cunha Ribeiro, 33 anos, especialista em fisioterapia em terapia intensiva, presidente da Associa��o Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespirat�ria e Fisioterapia em Terapia Intensiva e coordenador do servi�o de fisioterapia do Hospital da Unimed-Contorno


“Vivemos per�odos angustiantes e de muitas perguntas sem resposta. O que nos mant�m firmes nessa luta di�ria � o bem maior: o paciente. N�o tem sido f�cil, mas n�s, fisioterapeutas, temos obriga��o �tica de seguir a pr�tica baseada nas melhores evid�ncias cient�ficas e isso exige muitas horas de estudo. Nos dedicamos muito para garantir ao paciente as melhores pr�ticas em sa�de. Juramos nos dedicar ao paciente e garantir o seu bem-estar. Assim, avaliamos as necessidades individuais e tra�amos um plano terap�utico baseado no diagn�stico fisioterap�utico. E, por mais que algumas situa��es pare�am nos colocar em uma ‘sinuca de bico’, desistir n�o � uma op��o, pois, nesse momento, somos verdadeiros pilares de apoio. Por isso, pensar no grande n�mero de pessoas que perderam suas vidas e ter a certeza de que podemos ajudar nesse combate � o que nos move. Gostaria de agradecer ao time multidisciplinar que atua na linha de frente no combate � COVID-19, principalmente aos fisioterapeutas. N�s somos profissionais indispens�veis no tratamento de condi��es agudas e cr�nicas de sa�de e temos papel fundamental para a adequada condu��o dos casos de pacientes infectados. Que possamos continuar desempenhando nosso papel com primor e contribuindo para a sa�de da popula��o.” 
 

SEM TR�GUA: 92,1% dos m�dicos na linha de frente do combate � COVID-19 no Brasil j� apresentaram algum sintoma de exaust�o, de acordo com pesquisa realizada pela Associa��o M�dica Brasileira (AMB) 


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