
Pela primeira vez desde o in�cio da aplica��o das vacinas antiCOVID na popula��o em geral, tr�s estudos confirmam a efic�cia dos imunizantes, al�m de indicarem a alta prote��o contra a forma grave da doen�a – o que se mediu pela queda nas hospitaliza��es pelo novo coronav�rus. Os estudos, ainda n�o publicados em revistas cient�ficas, foram divulgados na Esc�cia e na Inglaterra, que come�aram a vacina��o em massa no in�cio de dezembro, e relatam resultados ap�s a aplica��o de uma dose das subst�ncias. Com a queda nos casos da doen�a e o progresso nas imuniza��es, o primeiro-ministro brit�nico, Boris Johnson, anunciou o plano gradual de suspens�o das restri��es, a partir deste m�s, dois meses depois de um severo lockdown.
Embora sejam estudos observacionais – em que n�o � poss�vel apontar diretamente uma rela��o de causa e efeito – e ainda precisem passar pela revis�o por pares, os resultados foram bem recebidos pela comunidade cient�fica. Na pr�tica, eles mostram que, no cen�rio do mundo real, os benef�cios verificados nos ensaios cl�nicos controlados se mantiveram.
Os resultados n�o incluem evid�ncias de que as vacinas evitam completamente a transmiss�o, mas parte dos dados sugere que os imunizantes impedem que algumas pessoas se infectem, retardando a dissemina��o do v�rus.
Na Esc�cia, pesquisadores das universidades de Edimburgo, Strathclyde, Glasgow e Aberdeen, al�m do Servi�o de Sa�de P�blica do pa�s, analisaram os dados das vacinas da Pfizer e do cons�rcio Oxford/AstraZeneca. Na quarta semana ap�s a primeira dose, os imunizantes reduziram o risco de interna��es hospitalares por COVID-19 em at� 85% e 94%, respectivamente. Entre pessoas acima de 80 anos, a vacina��o foi associada a uma redu��o de 81% na probabilidade de hospitaliza��o no mesmo per�odo. Os dados foram coletados entre 8 de dezembro e 15 de fevereiro, per�odo em que 1,14 milh�o de vacinas foram aplicadas e 21% da popula��o escocesa havia recebido a primeira dose.
“Esses resultados s�o importantes � medida que passamos da expectativa para a evid�ncia bem consolidada do benef�cio das vacinas. Em toda a popula��o escocesa, os resultados mostraram um efeito substancial na redu��o do risco de interna��o hospitalar com uma �nica dose da vacina. Estamos continuando nossa avalia��o e pretendemos descrever os benef�cios que, esperamos, vir�o ap�s as segundas doses”, disse, em nota, Jim McMenamin, um dos diretores do Servi�o de Sa�de P�blica da Esc�cia.

COMPARA��ES No pa�s, a vacina da Pfizer foi recebida por cerca de 650 mil pessoas. Quatrocentos e noventa mil foram protegidas com o imunizante Oxford-AstraZeneca. Para avaliar o desempenho da vacina��o, os pesquisadores observaram os dados de sa�de p�blica de todas as semanas do estudo – incluindo registros sobre vacina��o, interna��es hospitalares e �bitos, al�m de an�lises de exames laboratoriais. Eles, ent�o, compararam as an�lises daqueles que tomaram a primeira dose com aqueles que n�o receberam.
Os resultados preliminares foram postados no servidor de pr�-impress�o SSRN e enviados a uma revista cient�fica para revis�o por pares. Segundo os autores, embora tenham sido realizados entre a popula��o escocesa, os resultados podem ser aplic�veis a outros pa�ses que est�o usando as vacinas Pfizer e Oxford-AstraZeneca em suas campanhas. Os dados n�o permitem compara��o entre as duas subst�ncias, alertaram.
“S�o resultados encorajadores de um estudo bem conduzido. No entanto, estudos n�o randomizados (observacionais) sobre os efeitos das vacinas est�o sujeitos, mesmo nos mais bem-elaborados e analisados, a vieses potenciais que tornam os resultados menos certos do que a an�lise estat�stica sugere. Esses vieses podem ocorrer no in�cio do tratamento, durante o acompanhamento e na averigua��o do resultado, resultando no efeito observado parecendo maior ou menor do que o verdadeiro”, pondera o professor de farmacologia da Faculdade de Higiene e Medicina Tropical de Londres Stephen Evans.
“Apesar disso, � claro que esses resultados s�o definitivamente encorajadores ao demonstrar uma grande redu��o no n�mero de hospitaliza��es, algo sobre o que se tinha poucos dados at� agora. Por�m, ser� importante que a euforia – principalmente de fontes pol�ticas que n�o entendem a incerteza dos valores num�ricos – n�o fa�a com que decis�es prematuras sejam tomadas. O otimismo cauteloso � justificado.”
IDOSOS Na Inglaterra, duas pesquisas apresentadas no fim de fevereiro pelo Servi�o de Sa�de P�blica chegaram a conclus�es semelhantes � an�lise escocesa. O estudo Siren, realizado com profissionais de sa�de com menos de 65 anos, constatou que uma dose da vacina Pfizer/BioNTech reduziu o risco de contrair o v�rus em 70% – e 85% ap�s a segunda dose. Todos os participantes foram testados para o Sars-CoV-2 a cada duas semanas, o que permitiu detectar tanto as infec��es assintom�ticas quanto as que apresentavam sintomas.
O governo tamb�m divulgou os resultados de testes de rotina em pessoas com mais de 80 anos, que correm maior risco de adoecer gravemente e morrer de covid. Constatou-se que, tr�s semanas ap�s a primeira dose, a vacina Pfizer/BioNTech foi 57% eficaz contra doen�as sintom�ticas, sejam leves ou mais graves. Embora muitos participantes n�o tenham recebido uma segunda dose, as evid�ncias sugerem que a efic�cia aumentou para 85% naquelas vacinadas com as duas doses.
Ainda nessa faixa et�ria, o estudo, que ainda ser� publicado, evidencia que o risco de morrer � menos da metade (56%) nos casos vacinados em compara��o aos n�o imunizados, pelo menos 14 dias ap�s receber a primeira dose. Aqueles com mais de 80 anos, que desenvolvem infec��o por Sars-CoV-2 ap�s a vacina��o, t�m cerca de 40% menos probabilidade de serem hospitalizados do que algu�m com infec��o que n�o foi imunizado.
“A vacina tamb�m foi igualmente eficaz contra a variante B.1.1.7, mais infecciosa (�s vezes referida como a ‘variante de Kent’)”, destaca Peter English, ex-editor da revista m�dica “Vaccines in Practice”. “Essas descobertas s�o, obviamente, baseadas em dados preliminares. A vigil�ncia p�s-implementa��o cont�nua seguir� indefinidamente e, ao longo do tempo, a precis�o das estimativas de efic�cia ir� melhorar”, acrescentou.