
Pressionado pela semana mais letal da COVID-19 desde o in�cio da pandemia, com 12.335 mortes entre o dia 6 e ontem, o Minist�rio da Sa�de assinou ontem, contrato para compra de 10 milh�es de doses da SputiniK V, vacina contra a COVID-19 desenvolvida pelo Instituto Gamaleya, da R�ssia, e distribu�da no Brasil pela Uni�o Qu�mica. Segundo o minist�rio, a ideia � receber 400 mil doses at� o fim de abril, 2 milh�es no fim de maio e 7,6 milh�es em junho. A pasta afirma que s� far� o pagamento pelas doses ap�s a vacina receber autoriza��o emergencial de uso ou registro da Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa).
A autoriza��o para a compra da vacina j� havia sido publicada em 20 de fevereiro e houve empenho (ato que antecede o pagamento) de R$ 693,6 milh�es. Cada dose custou cerca de US$ 12. Ontem pela manh�, a Anvisa informou que ainda aguarda dados de seguran�a e efic�cia da vacina, al�m do pedido da Uni�o Qu�mica para come�ar a an�lise de uso da Sputnik V. A efic�cia do imunizante � de 91,6%, segundo dados publicados na revista cient�fica The Lancet.
Tamb�m ontem o Minist�rio da Sa�de anunciou que o governo federal negocia a compra de 168 milh�es de novas doses de vacina contra a COVID-19. Neste total est�o tratativas para a aquisi��o das vacinas da Pfizer, da Janssen e da Moderna. No caso da vacina da Pfizer, foi publicada uma dispensa de licita��o para a obten��o de 100 milh�es de doses. Com a Janssen o mesmo recurso foi adotado, mas para um lote de 38 milh�es de doses. O Minist�rio da Sa�de espera adquirir 30 milh�es de doses com a Moderna, mas ainda espera proposta da farmac�utica.
O Executivo Federal tamb�m negocia mais 30 milh�es de doses da vacina Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmac�utica Sinovac, e de 110 milh�es da vacina Oxford/AstraZeneca, produzida em parceria com a Funda��o Oswaldo Cruz. At� o momento, o governo federal contratou 284,9 milh�es de doses. Neste total entram as 112,4 milh�es da Oxford/AstraZeneca, 100 milh�es da Coronavac, 10 milh�es da Sputnik V do Instituto Gamaleya em parceria com a Uni�o Qu�mica, 20 milh�es da Covaxin e 42,5 milh�es do cons�rcio Covax Facility
O balan�o foi apresentado em entrevista coletiva virtual de secret�rios do Minist�rio da Sa�de em Bras�lia. At� o momento foram distribu�das 20,1 milh�es de doses, sendo 16,1 milh�es da Coronavac e 4 milh�es da Oxford/AstraZeneca, das quais foram aplicados 10,7 milh�es. O secret�rio-executivo da pasta, �lcio Franco, disse que a expectativa do minist�rio � vacinar 170 milh�es de pessoas ainda neste ano. Nesta soma n�o entram p�blicos que n�o participaram de estudos cl�nicos, como crian�as.
Sobre a compra de vacinas por estados e munic�pios, Franco afirmou que o minist�rio vai discutir o assunto com o Conselho Nacional de Secret�rios de Sa�de (Conass) e com o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Sa�de (Conasems) para avaliar se o minist�rio comprar� lotes ou se haver� um desconto da quantidade que seria repassada pelo Executivo.
Pior semana
No terceiro dia consecutivo com mais de 2 mil �bitos, o Brasil registrou 2.216 mortes por COVID-19 nas �ltimas 24 horas. Os dados s�o do Minist�rio da Sa�de. Com isso, o n�mero de casos registrados em uma semana superou a marca alcan�ada entre os dias 28/2 e 5/3, quando 8.545 �bitos foram registrados. A m�dia m�vel de mortes aumentou para 1.762. Esse � o 17º dia de recorde seguido. No total, o Brasil chegou a 275.105 mortes devido � pandemia do novo coronav�rus.
Ainda de acordo com os dados, de quinta-feira para ontem, foram confirmados 85.663 novos casos de COVID-19 em todo o pa�s. Essa � a segunda marca mais alta, em toda a pandemia. A maior foi computada em 7 de janeiro (87.843). S�o 51 dias �bitos acima de mil, o mais longo per�odo em toda a pandemia. Segundo o governo Federal, 10.000.980 pessoas j� se recuperaram da doen�a, enquanto outras 1.087.295 permanecem em acompanhamento. O Sudeste registrou o maior n�mero de casos (29.542) ontem, e 891 �bitos ocorreram na regi�o. O Sul do pa�s aparece em seguida, com 22.334 casos e 492 v�timas.
Com a pandemia avan�ando e v�rias capitais e estados pr�ximos do colapso no sistema de sa�de, � grande o lobby pol�tico pelas vacinas russas. Governadores do Cons�rcio do Nordeste tamb�m negociam a compra do imunizante. Segundo o governador do Piau�, Wellington Dias (PT), Pazuello se comprometeu a fazer a compra de mais 39 milh�es de doses da Sputnik V, o que acabaria com a necessidade de compra pelo cons�rcio. O Minist�rio da Sa�de n�o confirmou ainda esta nova aquisi��o.
Estudo
De acordo com Boletim realizado pela Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz) e divulgado ontem, o Brasil responde por 9,5% dos casos registrados no mundo e 10,3% do n�mero de �bitos global — o relat�rio indica que o resultado seria o mesmo “ainda que a popula��o brasileira corresponda a menos de 3% da popula��o mundial”. O Boletim informou, ainda, que, no �ltimo per�odo analisado pela Funda��o, apenas o estado do Par� reduziu a ocupa��o de leitos de UTI.
"Somente o Par� apresentou melhora para sa�da da zona de alerta cr�tico e retorno � zona de alerta intermedi�rio. Dezessete estados e o Distrito Federal mantiveram taxas iguais ou superiores a 80%, e mais dois estados se somaram a eles, resultando em um total de 20 unidades federativas na zona de alerta cr�tico, das quais 13 com taxas superiores a 90%. Seis estados que se mantiveram na zona de alerta intermedi�ria (60% e menor do que 80,0%) apresentaram crescimento do indicador”, apontou o documento.
Pesquisadores observam que o Brasil nunca alcan�ou uma redu��o significativa na curva de transmiss�o. Segundo os dados coletados pela Fiocruz, h� uma progress�o clara de novos casos e �bitos a cada dia, o que empurra os sistemas de sa�de dos estados e munic�pios em dire��o ao colapso. “O melhor que podemos fazer � esperar pelo milagre da vacina��o em massa ou uma mudan�a radical no manejo da pandemia", comentou o epidemiologista da Fiocruz/Amaz�nia, Jesem Orellana.