(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas SOBRECARGA EM BH

Troca de corpos: 'Funer�rias precisam investir em pessoal', diz pesquisador

Para Jos� Eust�quio Barboza, do N�cleo de Tanatopraxia da UFMG, culpa n�o pode ser atribu�da aos funer�rios, que est�o sobrecarregados pela pandemia


03/04/2021 18:04 - atualizado 03/04/2021 18:31

(foto: Arquivo pessoal)
(foto: Arquivo pessoal)
O recente caso de trocas de corpos pela Funer�ria Santa Casa, que ocasionou o sepultamento de uma pessoa por outra fam�lia, evidenciou uma sobrecarga e falhas no sistema funer�rio de Belo Horizonte. De acordo com Jos� Eust�quio Pereira Barboza, pesquisador e subcoordenador do N�cleo de Tanatopraxia da UFMG, a culpa n�o pode ser atribu�da aos funer�rios.

“Apenas em 2021, � o terceiro caso em Belo Horizonte. Com o agravamento da COVID-19, estes profissionais est�o desgastados, saturados, e as empresas funer�rias deveriam investir mais em pessoal, tanto em n�mero quanto em qualifica��o. O Sindicato das Empresas Funer�rias de Minas Gerais (Sindinef) vem tentando orientar melhor os profissionais, mas a demanda est� muito grande”, avalia Jos� Eust�quio, que tamb�m � enfermeiro e t�cnico em anatomia e necropsia.

Neste per�odo mais cr�tico da pandemia do coronav�rus, os vel�rios deixaram de ser feitos em Belo Horizonte. Mesmo no sepultamento, o visor da urna pode ser aberto apenas nos casos em que a causa da morte n�o foi COVID-19.

Mas se a morte foi por COVID-19, a urna deve permanecer fechada. Se a doen�a tiver sido tratada, apesar da morte, a transmiss�o n�o vai acontecer, situa��o em que o corpo pode ser identificado desta forma, permitindo a abertura do visor. Para Jos� Eust�quio, o fato de familiares n�o terem a oportunidade de ver o corpo piora a situa��o, levando uma poss�vel troca a est�gios mais avan�ados, como o sepultamento.

O t�cnico em anatomia e necropsia explica que, ap�s a confirma��o da morte, o corpo deve receber uma identifica��o fixada na regi�o do t�rax contendo o nome, a hora do �bito, o n�mero do prontu�rio e, atualmente, se a morte foi por COVID-19.

A identifica��o tamb�m precisa ser feita por fora do saco de �bito, que, em caso de coronav�rus, deve conter ainda uma sinaliza��o com advert�ncia para risco biol�gico de classe 3. A pr�pria urna tamb�m recebe uma identifica��o.

Quando a funer�ria chega ao necrot�rio para retirar o corpo, � primordial ter aten��o para conferir esta identifica��o, j� que podem haver nomes parecidos. Mas, Jos� Eust�quio lembra que � importante ficar atento em toda essa cadeia, j� que erros de identifica��o podem acontecer at� mesmo na enfermaria.

“Sempre falo com meus alunos que, na d�vida, n�o se deve fazer nada com o corpo. Neste caso, � preciso chamar a fam�lia para identificar o corpo. Mesmo em �poca de COVID, � poss�vel fazer isso com seguran�a, chamando apenas uma pessoa, devidamente paramentada, e sem encostar corpo”, disse o pesquisador.

A qualifica��o dos profissionais tamb�m � importante para garantir sua integridade. Se um paciente com COVID-19 ainda dentro do per�odo de transmiss�o vier a �bito, seu corpo deve ser manipulado por um profissional habilitado usando EPIs como avental (ou capote), luvas, m�scara N95, �culos (ou prote��o facial) e cal�ados fechados, de prefer�ncia emborrachados. At� o motorista da funer�ria deve estar devidamente paramentado, j� que ele ajuda a colocar o corpo na urna.

“Ao longo desses 16 anos de pesquisa, sempre falo com os alunos que errar � humano, mas, no setor funer�rio, temos que fazer de tudo para evitar a troca de um corpo. O sepultamento � um componente para a aceita��o da morte, e erros como o de ontem podem ocasionar traumas psicol�gicos irrevers�veis. O luto tem v�rias etapas – nega��o, raiva, barganha, aceita��o -, e esse tipo de erro acaba interrompendo o processo do luto, gerando ansiedade e depress�o”, explicou Jos� Eust�quio.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)