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Estado de Minas Boeing 737-200

Transfer�ncia de avi�o para teto de shopping no Belvedere � cancelada

Aeronave que j� transportou presidentes teve aval do Patrim�nio Cultural, mas est� presa em Contagem, sem viabilidade t�cnica e econ�mica para ser transferida


24/05/2021 06:00 - atualizado 24/05/2021 07:00

Carcaça da aeronave que pertenceu à Vasp está em centro de compras cercado por prédios e galpões, o que impede sua transferência para o Belvedere(foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press)
Carca�a da aeronave que pertenceu � Vasp est� em centro de compras cercado por pr�dios e galp�es, o que impede sua transfer�ncia para o Belvedere (foto: Ed�sio Ferreira/EM/DA Press)


O �ltimo voo do Boeing 737-200 estava programado desde mar�o deste ano. A rel�quia de 59 anos, com capacidade para 100 passageiros, pertencia � falida empresa a�rea Vasp e tinha at� um plano de voo, desmontado dentro de carretas.

Aterrissaria com a ajuda de guindastes no alto do Shopping BHOutlet, no Belvedere, dando boas-vindas a quem chegasse � capital mineira pela entrada sul, por meio da BR-356.

O mais dif�cil era a autoriza��o para o pouso sobre a cobertura do shopping, em frente � forma��o paisag�stica natural e tombada da Serra do Curral. Essa permiss�o acabara de ser dada na quarta-feira pelo Conselho Deliberativo do Patrim�nio Cultural (CDPCM-BH) do munic�pio. Contudo, a decolagem do 737-200 est� cancelada, pois o avi�o acabou preso em Contagem, sem viabilidade t�cnica e econ�mica para ser removido.

A aeronave hist�rica foi a primeira dos quatro Boeings da Am�rica do Sul a voar e a transportar passageiros. Estava estacionada no terreno da Avenida Babita Camargos, na Cidade Industrial, em Contagem, e � sua volta cresceu o S� Marcas Auto Shopping.

"Infelizmente, o avi�o ficou em uma posi��o que nos impede de o remover do S� Marcas. Consultamos um engenheiro especializado do Aeroporto de Guarulhos (SP) e as op��es s�o invi�veis"

M�rio Valadares, dono dos empreendimentos comerciais



E foi exatamente a instala��o das 15 lojas e demais estruturas sob galp�es em volta das asas de 28 metros de envergadura e do corpo de 30 metros de comprimento que trancafiou o avi�o e o impediu de fazer seu �ltimo voo, com destino � cobertura do Shopping BHOutlet.

“Infelizmente, o avi�o ficou em uma posi��o que nos impede de remov�-lo do S� Marcas. Consultamos um engenheiro especializado do Aeroporto de Guarulhos (SP) e as op��es s�o invi�veis. Ter�amos de sair abrindo o shopping. Ou ent�o cortar a aeronave, toda, partir a fuselagem, remover as asas e o leme. Uma opera��o tecnicamente muito dif�cil e um custo alt�ssimo que n�o se justificaria mais”, afirma o empres�rio M�rio Valadares, propriet�rio dos dois centros de compras e que arrematou em leil�o, por R$ 72 mil, a carca�a da Vasp que estava abandonada, sem os motores, no Aeroporto de Guarulhos.

A ideia apresentada � Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e apreciada pelo CDPCM-BH seria de usar o avi�o para uma exposi��o tempor�ria, com dura��o prevista de 12 meses. Envolveria, tamb�m, a cria��o de um Museu do Avi�o, instalando em seus corredores, assentos e espa�os pr�ximos, est�tuas representando os presidentes e personalidades de relev�ncia popular que viajaram no avi�o, para o p�blico tirar fotografias e interagir com a hist�ria do Boeing 737-200.

Seriam tamb�m disponibilizados �culos de realidade virtual imitando um voo, no qual se teria intera��es com figuras importantes da hist�ria do primeiro Boeing a cortar os c�us sul-americanos.

“O projeto, agora, passa a ser a instala��o das intera��es e da exposi��o no shopping onde o avi�o est� mesmo. Hoje, s�o 20 mil metros quadrados (m²) de �rea, mas queremos chegar a 50 mil m² e nos tornar o maior shopping automotivo da Am�rica Latina”, diz M�rio Valadares.

Aval


Imagem aérea mostra a fuselagem e as asas entre edificações na Grande BH(foto: Divulgação)
Imagem a�rea mostra a fuselagem e as asas entre edifica��es na Grande BH (foto: Divulga��o)
O sonho inicial de trazer a exposi��o ao Belvedere chegou a superar as etapas mais dif�ceis de um projeto dessa envergadura, que foi a autoriza��o para levar a aeronave para o alto do edif�cio, a exemplo de outro empreendimento em Contagem, o S� Marcas Outlet, que tem um helic�ptero na sua cobertura em frente � BR-381, na Cidade Industrial.

Como se tratava de instala��o em per�metro de �rea protegida, a Serra do Curral, o projeto foi levado para a an�lise do CDPCM-BH. Erguido a 18 metros de altura, o avi�o poderia come�ar a ser visto desde o trevo para o Bairro Olhos D'�gua, na Regi�o do Barreiro, uma dist�ncia de cerca de um quil�metro de dist�ncia.

“As fotos inser��es apresentadas revelam que, apesar de proporcionalmente bem menor que a edifica��o em que se insere, o avi�o se destaca na paisagem, criando um novo elemento na paisagem da Serra do Curral. H� que se considerar, entretanto, que se trata de exposi��o itinerante, com prazo de 12 meses”, ponderou em sua avalia��o o conselheiro do CDPCM-BH Jos� J�lio Rodrigues Vieira.

O mesmo observou a tamb�m conselheira, da diretoria de Patrim�nio Cultural e Arquivo P�blico, Ana Carolina Chaves Lemos, que � arquiteta e urbanista. “Principalmente por ser um elemento inusitado no topo de uma edifica��o. Por ser uma instala��o com tempo determinado de 12 meses e, justamente por ter um prazo para remo��o, a Diretoria de Patrim�nio Cultural e Arquivo P�blico entende que o posicionamento de tal aeronave no topo da edifica��o � pass�vel de aprova��o”, avaliou.

Um avi�o com hist�ria no pa�s


Modelo tinha capacidade para 100 passageiros e foi arrematado por empresário mineiro em leilão após a falência da Vasp(foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press)
Modelo tinha capacidade para 100 passageiros e foi arrematado por empres�rio mineiro em leil�o ap�s a fal�ncia da Vasp (foto: Ed�sio Ferreira/EM/DA Press)
Reprodução mostra as dimensões do Boeing 737-200 que cruzou os céus do Brasil por várias décadas(foto: Divulgação)
Reprodu��o mostra as dimens�es do Boeing 737-200 que cruzou os c�us do Brasil por v�rias d�cadas (foto: Divulga��o)


Os avi�es 737-200 foram dos mais produzidos no mundo e chegaram ao Brasil em 1969, junto com outros tr�s adquiridos pela extinta Vasp. Conforme relatado no memorial descritivo, uma multid�o assistiu ao primeiro voo desses quatro Boeings 737-200, os primeiros da Am�rica do Sul.

O Boeing adquirido pelos empreendimentos foi o primeiro dos quatro a vir para o Brasil, o primeiro da Am�rica do Sul e voou de setembro de 1969 at� 2004. Em 2014 ele foi arrematado pelo Sr. Mario Valadares, que o colocou para exposi��o em um dos shoppings do grupo, em Contagem.

O modelo Boeing 737-200 tamb�m serviu como avi�o presidencial brasileiro. Foram adquiridos pela For�a A�rea Brasileira (FAB) dois modelos 737-200, sendo que um serviu como avi�o oficial do Presidente da Rep�blica do Brasil, de 1976 a 2010.

O avi�o recebeu o apelido de “Sucatinha” e transportou os presidentes Ernesto Geisel, Jo�o Figueiredo, Jos� Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso e Luiz In�cio Lula da Silva. O Papa Jo�o Paulo II tamb�m foi transportado neste avi�o em sua visita ao Brasil, em 1980.

A Via��o A�rea S�o Paulo (Vasp) foi fundada em novembro de 1933 por um grupo de cerca de 70 empres�rios com duas rotas definidas, sendo uma delas ligando as cidades do interior de S�o Paulo e outra com liga��o at� Uberaba, no Tri�ngulo Mineiro.

A empresa enfrentou diversas crises, sendo que a primeira ocorreu pouco tempo ap�s a sua funda��o sendo necess�rio o socorro do governo paulista com a aquisi��o de 91,6% das a��es da companhia pelo estado.

At� a d�cada de 1980, a estatal esteve entre as maiores empresas de transporte a�reo do pa�s. Mas a fase estatal findaria a partir dessa �poca, sobretudo pelo peso do alto custo de opera��o, com o governo paulista decidindo pela privatiza��o. O novo propriet�rio foi o empres�rio W�gner Canhedo, sob a tutela de quem a Vasp voltou a crescer, expandindo suas opera��es inclusive com rotas para o exterior.

Mas o surgimento de mais concorrentes na d�cada de 1990 abocanhou significativas �reas de atua��o no mercado da Vasp, que definhou at� que, em 2005, a empresa fez seu �ltimo voo, j� sob interven��o federal, em raz�o de d�vidas trabalhistas e fiscais. A fal�ncia foi decretada em julho de 2008. O leil�o das aeronaves serviu para quitar parte desses d�bitos.


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