As recentes paralisa��es na produ��o de doses de vacina for�aram a vacina��o no Brasil a andar em baixa velocidade. Um levantamento feito pelo Instituto De Ci�ncias Matem�ticas e de Computa��o da Universidade de S�o Paulo, em parceria com a Universidade Federal de Alagoas, com n�meros extra�dos da base do Minist�rio da Sa�de, mostra que 17% das pessoas que tomaram a primeira dose da CoronaVac est�o com a segunda dose atrasada. A estat�stica � maior quando o assunto � AstraZeneca, com 44% da segunda dose em atraso.
A primeira, produzida pelo Instituto Butantan, e a segunda, fabricada pela Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz), sofreram pausas nas suas produ��es pela falta de insumos.
Em Minas Gerais, os n�meros que mostram o panorama do atraso na aplica��o da segunda dose n�o s�o t�o altos, mas precisam de aten��o, uma vez que praticamente todo o estado registra pacientes que aguardam para completar o esquema vacinal.
Dos 2.115.727 pacientes que tiveram a primeira dose de CoronaVac aplicada, 364.311 deles, cerca de 17,2%, n�o receberam a segunda dose no tempo indicado. Tamb�m em Minas, 209.596 pessoas tomaram AstraZeneca, mas 93.921 pessoas ainda n�o tiveram a imuniza��o conclu�da, aproximadamente 44,8%.
Em Belo Horizonte, dos 366.718 pacientes que receberam a primeira dose da CoronaVac, 69.414 n�o receberam a segunda dose no tempo recomendado, segundo o levantamento. Isso representa 18% das pessoas com imuniza��o incompleta. Em rela��o � AstraZeneca, o percentual � de 37%, uma vez que 15.191 pessoas n�o receberam a segunda dose, das 41.001 que tiveram a primeira dose aplicada.
Os dados foram extra�dos nessa quarta-feira (26/5) e consideram o tempo h�bil indicado pelas bulas das subst�ncias. Elas apontam que o tempo ideal para a aplica��o da segunda dose da CoronaVac � em at� 28 dias, enquanto que a AstraZeneca pode ser aplicada em at� tr�s meses – ou 12 semanas. No entanto, para especialistas, a imuniza��o pode ser completada com atraso.
“A CoronaVac � uma vacina que precisa, realmente, de uma segunda dose na �poca certa. At� 15 dias depois da data estipulada para a segunda dose, a gente n�o v� problema. O problema pode ser pela quest�o do abandono, do esquecimento”, alerta o infectologista e membro do Comit� de Enfrentamento � COVID-19 em BH, Una� Tupinamb�s, sobre o risco do “abandono vacinal”.
“J� para as vacinas da Pfizer e da AstraZeneca, esse intervalo colocado de 12 semanas � adequado. Parece que da AstraZeneca at� melhora a quest�o dos anticorpos, uma segunda dose mais espa�ada, assim como da Pfizer”, completa o especialista.
Cuidados mantidos mesmo com a segunda dose
Helena Bueno, de 65 anos, recebeu a segunda dose da CoronaVac em Belo Horizonte com atraso. A primeira aplica��o foi feita no dia 7 de abril, ou seja, a segunda dose deveria ter sido conclu�da em 5 de maio, o que ocorreu apenas na semana passada. A aposentada, no entanto, ainda n�o est� totalmente tranquila, uma vez que os filhos ainda n�o foram imunizados.
“J� era para meus filhos estarem vacinados e n�o est�o, porque n�o houve compra de vacinas. At� o fim do ano, n�o acredito que sejam vacinados. Eles t�m de 32 a 36 anos. S�o tr�s filhos. S� vou ficar tranquila quando eles se vacinarem”, afirma.
Quem tamb�m teve a segunda dose aplicada com atraso foi Raquel Maria Santana Castro, de 65 anos. Al�m de pertencer ao grupo de risco por ter mais de 60 anos, Raquel enfrentou um c�ncer no passado. Na v�spera de tomar a segunda dose, na semana passada ela ficou com algumas d�vidas por estar com uma otite e por ter passado por uma cirurgia de catarata, mas acabou sendo vacinada, depois de tomar a primeira dose em abril.
“Fiquei mais tranquila, mas estou mantendo meus cuidados, pois sei que pode acontecer, ainda, uma contamina��o. Ainda mais que temos cepas surgindo”, relata Raquel.
Cronograma da CoronaVac est� atrasado em todas cidades de Minas
Em Minas, 47 munic�pios est�o com 90% ou mais dos pacientes que tomaram a primeira dose da AstraZeneca com a segunda aplica��o atrasada, segundo o levantamento. Nenhum munic�pio est� com 100% em rela��o � CoronaVac, mas 44 localidades apresentam uma taxa alta de atraso, acima de 50%.
O estudo mostra ainda que 22 munic�pios est�o apenas com um paciente aguardando para tomar a segunda dose da AstraZeneca com atraso. Outras 13 localidades n�o registram demora na segunda aplica��o pela vacina produzida pela Fiocruz, enquanto outras duas cidades n�o t�m atraso de CoronaVac. Apenas um lugar n�o registra atraso de nenhuma vacina.
O Rio de Janeiro, que possui uma popula��o estimada de 17.366.189, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), apresenta um atraso de 26% em rela��o aos pacientes que aguardam para tomar a segunda dose da CoronaVac e 55% da AstraZeneca.
S�o Paulo, com 46.289.333 moradores, t�m �ndices de atraso de 22% para completar a imuniza��o da CoronaVac com a segunda dose e 62% da AstraZeneca. J� o Esp�rito Santo, com uma popula��o estimada de 4.064.052 pessoas, possui 27% do pacientes atrasados para completar o esquema vacinal da CoronaVac e 40% da AstraZeneca.
Falta de insumo atrasa produ��o
O ritmo de distribui��o de vacinas da CoronaVac e AstraZeneca diminuiu no Brasil por causa da falta do Ingrediente Farmac�utico Ativo (IFA) para produzir as doses. No dia 20 de maio, a Fiocruz suspendeu a fabrica��o da AstraZeneca pela falta do insumo, que chegou no fim da tarde de s�bado (22/5). Na �ltima ter�a-feira (25/5), a produ��o foi retomada.
Tamb�m na ter�a-feira, chegaram no Aeroporto de Guarulhos, em S�o Paulo, 3 mil litros de IFA para que o Instituto Butantan produza 5 milh�es de doses da CoronaVac. A produ��o estava suspensa desde 14 de maio.
Outro lado
Em nota, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) disse que a capital mineira est� com a vacina��o em dia com os imunizantes AstraZeneca e CoronaVac e que, inclusive, mant�m reserva do primeiro imunizante citado para a segunda dose do p�blico vacinado.
Nesta semana, est� sendo completado o esquema vacinal dos trabalhadores da sa�de de 42 a 39 anos que receberam a CoronaVac. Ainda em nota, o Executivo municipal esclareceu que a aplica��o para al�m dos 28 dias da segunda dose n�o compromete a efic�cia da vacina.
J� a Secretaria de Estado de Sa�de de Minas Gerais (SES-MG) destacou que refor�a aos munic�pios para que seja realizada a busca ativa de pessoas que necessitam tomar a segunda dose da vacina. “A orienta��o � para que os Agentes Comunit�rios (ACS) fa�am a busca ativa dessas pessoas, j� que possuem contato direto com o usu�rio e � uma a��o importante em todas as campanhas de vacina��o e, especialmente, neste momento”, afirmou.
A pasta tamb�m informou que envia aos munic�pios um formul�rio para preenchimento referente ao quantitativo de doses necess�rias para completar o esquema vacinal. Ap�s levantamento de dados, o governo estadual envia um of�cio ao Programa Nacional de Imuniza��o (PNI), solicitando que o Minist�rio da Sa�de recomponha os imunizantes relativos � segunda dose para os munic�pios afetados.
“Para que toda a popula��o possa ter seu esquema vacinal completo, no in�cio de maio a SES-MG entrou em contato com as Regionais de Sa�de para o levantamento de estimativa do quantitativo de doses 2 faltantes junto a todos os munic�pios do estado. A secretaria identificou, por meio de declara��o dos territ�rios, 371 mil doses faltantes, referentes � aplica��o da 2ª dose. De 5/5 at� 25/5, j� foram enviadas aos munic�pios mais de 417 mil doses da CoronaVac, o que seria suficiente para complementa��o do esquema vacinal”, destacou.
A SES-MG disse ainda que a efic�cia das vacinas se d� ap�s a administra��o das duas doses e que, mesmo em atraso, a recomenda��o � para que o esquema vacinal seja completado com a aplica��o dupla.