
Na semana passada, o Brasil bateu um triste recorde nesta pandemia, ao registrar mais de 4 mil mortes por COVID-19 em 24 horas. O patamar de vidas perdidas dobrou em 27 dias, uma vez que em 10 de mar�o o pa�s atingia a marca de 2 mil v�timas do coronav�rus no per�odo de um dia.
Ao passo que os n�meros avan�am, a promessa de mais doses de vacinas constantemente muda, indicando atraso e altera��es – para baixo – na quantidade de imunizantes que ser�o entregues aos munic�pios em um determinado m�s.
Foram pelo menos seis altera��es. A frustra��o vai na contram�o da indica��o de uma pesquisa que mostra que o pa�s precisa de imunizar 2 milh�es de pessoas por dia para controlar a pandemia em at� um ano.
Em v�rias oportunidades, em 2020, o Minist�rio da Sa�de ignorou ofertas de vacinas, como a CoronaVac, desenvolvida pelo Instituto Sinovac, da China, em parceria com o Instituto Butantan, de S�o Paulo. Em 30 de julho do ano passado, a entidade enviou of�cio � pasta federal oferecendo 160 milh�es de doses, sendo 60 milh�es prontos para entrega ainda em 2020 e 100 milh�es para este ano. No entanto, n�o houve resposta. Outras ofertas foram feitas em 18 de agosto e em 7 de outubro.
Em 14 de agosto do ano passado, a farmac�utica Pfizer ofereceu 70 milh�es de doses ao Minist�rio da Sa�de. No entanto, o ent�o ministro Eduardo Pazuello n�o concordou com algumas exig�ncias contratuais do laborat�rio. Uma das condicionantes era a isen��o de responsabilidade por eventuais efeitos colaterais pela vacina.
"Queremos que a Pfizer nos d� o tratamento compat�vel com o nosso pa�s, amenize essas cl�usulas. N�o podemos assinar dessa forma”, disse Pazuello, que negou outras duas ofertas do laborat�rio, sendo uma no mesmo m�s e outra em novembro.
"A pandemia, realmente, est� chegando ao fim. Temos uma pequena ascens�o agora, que chama de pequeno repique, que pode acontecer, mas a pressa da vacina n�o se justifica. Voc� mexe com a vida das pessoas. V�o inocular algo em voc�. O seu sistema imunol�gico pode reagir ainda de forma imprevista"
Presidente Jair Bolsonaro, em live em 19 de dezembro do ano passado
"Queremos que a Pfizer nos d� o tratamento compat�vel com o nosso pa�s, amenize essas cl�usulas. N�o podemos assinar dessa forma”, disse Pazuello, que negou outras duas ofertas do laborat�rio, sendo uma no mesmo m�s e outra em novembro.
IRONIAS
Ao falar sobre o item contratual, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) chegou a ironizar o imunizante fabricado pela Pfizer. Em 18 de dezembro do ano passado, Bolsonaro, em evento realizado na Bahia, disse que n�o havia garantia de que a vacina n�o transformaria pessoas em "jacar�s". "L� no contrato da Pfizer, est� bem claro: n�s (a Pfizer) n�o nos responsabilizamos por qualquer efeito colateral. Se voc� virar um jacar�, � problema seu", disse Bolsonaro.
Ap�s ter recusado as doses em 2020, o Minist�rio da Sa�de, em 19 de mar�o deste ano, anunciou a compra de 100 milh�es de doses fabricadas pela Pfizer e outros 38 milh�es da Janssen.
No an�ncio, o governo federal afirmou que 13,5 milh�es de doses da Pfizer devem ser entregues entre abril e junho e outros 86,5 milh�es entre julho e setembro. J� o acordo com a Janssen prev� que 38 milh�es de doses devem ser enviadas � pasta entre agosto e novembro.
No an�ncio, o governo federal afirmou que 13,5 milh�es de doses da Pfizer devem ser entregues entre abril e junho e outros 86,5 milh�es entre julho e setembro. J� o acordo com a Janssen prev� que 38 milh�es de doses devem ser enviadas � pasta entre agosto e novembro.
Apesar de ter ignorado tr�s ofertas pela CoronaVac, o Minist�rio da Sa�de, em 20 de outubro do ano passado, havia anunciado a inten��o de compra de 46 milh�es de doses do imunizante. No entanto, no dia seguinte, Bolsonaro utilizou as redes sociais para cancelar a aquisi��o da vacina, classificada como “a vacina chinesa de Jo�o Doria”, governador de S�o Paulo.
“Para o meu governo, qualquer vacina, antes de ser disponibilizada � popula��o, dever� ser comprovada cientificamente pelo Minist�rio da Sa�de e certificada pela Anvisa. O povo brasileiro n�o ser� cobaia de ningu�m. N�o se justifica um bilion�rio aporte financeiro num medicamento que nem sequer ultrapassou sua fase de testagem. Diante do exposto, minha decis�o � a de n�o adquirir a referida vacina”, publicou o presidente que, dias depois, disse que cancelaria a compra, pois “n�o abria m�o de sua autoridade”.
J� em 29 de outubro, Bolsonaro, em uma transmiss�o semanal em suas redes sociais, disse que o “governo n�o compraria a vacina de Jo�o Doria” e que era para o governador de S�o Paulo procurar outro para “pagar pelos imunizantes”.
"Ningu�m vai tomar a tua vacina na marra n�o, t� ok? Procura outro. E eu que sou o governo, o dinheiro n�o � meu, � do povo, n�o vai comprar tua vacina tamb�m, n�o, t� ok? Procura outro para pagar tua vacina a�", disparou.
"Ningu�m vai tomar a tua vacina na marra n�o, t� ok? Procura outro. E eu que sou o governo, o dinheiro n�o � meu, � do povo, n�o vai comprar tua vacina tamb�m, n�o, t� ok? Procura outro para pagar tua vacina a�", disparou.
No m�s seguinte, em 9 de novembro, os testes da CoronaVac foram suspensos pela Anvisa por causa de um “evento adverso grave”. A morte do volunt�rio, no entanto, foi registrada como suic�dio e n�o teve rela��o com a vacina. Mas, um dia depois em que os trabalhos com o imunizante foram paralisados, Bolsonaro utilizou as redes sociais para “anunciar” que havia “ganhado” de Jo�o Doria.
“Morte, invalidez, anomalia. Esta � a vacina que o Doria queria obrigar todos os paulistanos a tom�-la. O presidente disse que a vacina jamais poderia ser obrigat�ria. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha.”
Em 19 de dezembro do ano passado, em transmiss�o por meio das redes sociais com o filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), Jair Bolsonaro disse que “a pressa da vacina n�o se justifica”. Naquela �poca, o Brasil j� havia perdido 180 mil pessoas por COVID-19. Mas mesmo diante do n�mero alarmante, o presidente chegou a dizer que “a pandemia estava chegando ao fim”.
"A pandemia, realmente, est� chegando ao fim. Temos uma pequena ascens�o agora, que chama de pequeno repique, que pode acontecer, mas a pressa da vacina n�o se justifica. Voc� mexe com a vida das pessoas. V�o inocular algo em voc�. O seu sistema imunol�gico pode reagir ainda de forma imprevista", falou.
Oito dias depois, em conversa com apoiadores, Bolsonaro disse que os laborat�rios deveriam procurar o Brasil para oferecer as vacinas. "O Brasil tem 210 milh�es de habitantes, um mercado consumidor de qualquer coisa enorme. Os laborat�rios n�o tinham que estar interessados em vender para a gente? Por que eles n�o apresentam documenta��o na Anvisa?", questionou o presidente.
IMPASSE
As idas e vindas nos acordos, sem d�vida, atrasaram o envio de doses dos imunizantes. Mas, mesmo com os contratos assinados e com o in�cio da vacina��o no Brasil, outros impasses surgiram, como em janeiro deste ano.
Na ocasi�o, houve demora no envio do insumo farmac�utico ativo (IFA), principal ativo para fabrica��o das vacinas da AstraZeneca/Fiocruz e da CoronaVac. Rodrigo Maia (DEM-RJ), que era presidente da C�mara dos Deputados na �poca, chegou a se reunir com o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, para viabilizar a chegada do IFA.
Na ocasi�o, houve demora no envio do insumo farmac�utico ativo (IFA), principal ativo para fabrica��o das vacinas da AstraZeneca/Fiocruz e da CoronaVac. Rodrigo Maia (DEM-RJ), que era presidente da C�mara dos Deputados na �poca, chegou a se reunir com o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, para viabilizar a chegada do IFA.
Com a chegada dos ingredientes ao Brasil, em fevereiro, a produ��o de doses foi retomada em alta escala. No entanto, o cronograma de entregas acabou sendo alterado pela Fiocruz e pelo Butantan. Um dos exemplos de mudan�as foi anunciado pelo novo ministro da Sa�de, Marcelo Queiroga, em 31 de mar�o.
Na ocasi�o, ele afirmou que o Brasil receberia, em abril, 25,5 milh�es de doses. A quantidade prevista anteriormente era de 47 milh�es. Um "corte" de 21,5 milh�es de doses, o que representa 47% a menos de imunizantes. Tanto a Fiocruz como o Butantan reduziram a previs�o de entregas.
Na ocasi�o, ele afirmou que o Brasil receberia, em abril, 25,5 milh�es de doses. A quantidade prevista anteriormente era de 47 milh�es. Um "corte" de 21,5 milh�es de doses, o que representa 47% a menos de imunizantes. Tanto a Fiocruz como o Butantan reduziram a previs�o de entregas.
Na �ltima quarta-feira (7/4), o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou que aguarda o envio do IFA para continuar a produ��o. Naquele dia, haviam sido entregues 1 milh�o de doses ao Minist�rio da Sa�de, totalizando 38,2 milh�es de imunizantes.
Com a chegada de mais 6 mil litros do principal ingrediente das vacinas, a meta � completar os 46 milh�es de doses do primeiro acordo com o governo federal e j� iniciar o segundo contrato, que prev� a entrega de 54 milh�es de doses.
“De fato, n�s integralizamos 38,2 milh�es de doses e j� temos produzidos 41,4 milh�es. Aguardamos a chegada de mais mat�ria-prima da China nos pr�ximos dias para iniciar a fase final desse contrato de 46 milh�es e j� iniciar o contrato de 54 milh�es”, explicou Dimas, que destacou que o atraso do envio do IFA se deve a fatores burocr�ticos, sem entrar em mais detalhes.
J� na quinta-feira (8/4), o Instituto Butantan afirmou que a China havia liberado 3 mil litros de IFA para a produ��o da CoronaVac, quantidade suficiente para produzir 5 milh�es de doses.
Minas Gerais tem 10 vacinas em pesquisa nas universidades
O que � um lockdown?
Saiba como funciona essa medida extrema, as diferen�as entre quarentena, distanciamento social e lockdown, e porque as medidas de restri��o de circula��o de pessoas adotadas no Brasil n�o podem ser chamadas de lockdown.
Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil
- Oxford/Astrazeneca
Produzida pelo grupo brit�nico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, a vacina recebeu registro definitivo para uso no Brasil pela Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa). No pa�s ela � produzida pela Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz).
- CoronaVac/Butantan
Em 17 de janeiro, a vacina desenvolvida pela farmac�utica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan no Brasil, recebeu a libera��o de uso emergencial pela Anvisa.
- Janssen
A Anvisa aprovou por unanimidade o uso emergencial no Brasil da vacina da Janssen, subsidi�ria da Johnson & Johnson, contra a COVID-19. Trata-se do �nico no mercado que garante a prote��o em uma s� dose, o que pode acelerar a imuniza��o. A Santa Casa de Belo Horizonte participou dos testes na fase 3 da vacina da Janssen.
- Pfizer
A vacina da Pfizer foi rejeitada pelo Minist�rio da Sa�de em 2020 e ironizada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas foi a primeira a receber autoriza��o para uso amplo pela Anvisa, em 23/02.
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Como funciona o 'passaporte de vacina��o'?
Os chamados passaportes de vacina��o contra COVID-19 j� est�o em funcionamento em algumas regi�es do mundo e em estudo em v�rios pa�ses. Sistema de controel tem como objetivo garantir tr�nsito de pessoas imunizadas e fomentar turismo e economia. Especialistas dizem que os passaportes de vacina��o imp�em desafios �ticos e cient�ficos.
Quais os sintomas do coronav�rus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas g�stricos
- Diarreia
Em casos graves, as v�timas apresentam
- Pneumonia
- S�ndrome respirat�ria aguda severa
- Insufici�ncia renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avan�am na identifica��o do comportamento do v�rus.
Entenda as regras de prote��o contra as novas cepas
Mitos e verdades sobre o v�rus
Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 � transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.Para saber mais sobre o coronav�rus, leia tamb�m:
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