V�deo: entenda o que de fato � um lockdown

Desde antes da chegada do novo coronav�rus ao Brasil, em fevereiro de 2020, muito se ouvia sobre medidas de lockdown sendo tomadas em muitos pa�ses, devido ao aumento repentino de casos de COVID-19. Mas poucas pessoas entendem o que de fato significa essas restri��es extremas e quando elas devem ser tomadas. Com a chegada do pior momento da pandemia no Brasil, com mais de 3.000 mortes por dia, especialistas voltaram a defender o fechamento total de cidades. Entenda neste v�deo o que � um lockdown e porque o que tem sido feito no Brasil n�o pode ser chamado assim.

 

A professora de microbiologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Jordana Coelho dos Reis acredita que diante do alto n�mero de �bitos e novos casos di�rios, o lockdown � a medida que pode tentar conter o avan�o indiscriminado da COVID-19.

“Considerando a dificuldade de acesso �s vacinas e o lento processo, o lockdown talvez seja o sistema perfeito para a gente poder conseguir conter o n�mero de casos. As medidas que foram tomadas at� hoje n�o foram suficientes. � importante sim que a gente considere a possibilidade de um lockdown no pa�s, se a gente n�o quiser chegar � triste marca de 500 mil mortos no Brasil, como est� sendo estimado por v�rios cientistas”, afirma a professora.

 

Existe uma diferen�a entre lockdown, isolamento e quarentena. Segundo o dicion�rio de Cambridge, lockdown � uma situa��o na qual pessoas s�o impedidas de circular livremente em uma �rea devido a uma emerg�ncia. Ou seja, ela � adotada para manter de fato as pessoas em casa.

Na atual pandemia, os pa�ses que adotaram lockdown s� permitiam a circula��o de quem trabalhasse em atividades realmente essenciais. Caso contr�rio, s� com uma autoriza��o pr�via das autoridades sanit�rias, com direito a pesadas multas para quem desrespeitasse.

Segundo o virologista e presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, Fl�vio da Fonseca,  lockdown � a manuten��o das pessoas em casa de maneira compuls�ria a partir da defini��o de regras, s� podendo sair das resid�ncias aqueles indiv�duos que estejam dentro das regras que permitem o movimento.

“No Brasil a gente n�o tem o lockdown compuls�rio. A gente tem algumas a��es que s�o semelhantes, como o estabelecimento de toques de recolher, de determinada hora a determinada hora � proibida a movimenta��o sem uma justificativa aceit�vel, mas isso n�o tem sido adotado de maneira ampla, s� em per�odos espec�ficos, como a gente viu na Europa, por exemplo”, explica Fl�vio.

J� a quarentena � entendida pelo Departamento de Sa�de dos Estados Unidos como um per�odo em que pessoas s�o separadas e restringidas de circula��o quando s�o expostas ao v�rus. Durante esse per�odo, observa-se se elas est�o doentes para evitar uma poss�vel propaga��o da doen�a.

O isolamento social, apesar de ser usado como a pr�tica de ficar em casa mesmo n�o tendo sido contaminado, � entendido cientificamente como o m�todo de isolar pessoas doentes daqueles saud�veis.

 

No in�cio de 2021, o munic�pio de Araraquara, no interior de S�o Paulo, imp�s um lockdown, no qual a circula��o de pessoas s� foi autorizada para trabalhar nas atividades essenciais ou buscar atendimento m�dico. Em 21 de fevereiro, a cidade fechou servi�os essenciais, suspendeu a circula��o do transporte p�blico e montou blitze nas ruas para impedir as pessoas de sa�rem de casa. A cidade estava � beira de um colapso no sistema de sa�de.

Um m�s depois da ado��o das medidas, Araraquara registrou queda de 50% no n�mero de casos e diminui��o de 39% na m�dia semanal de mortes por COVID-19. Os leitos de UTI tamb�m est�o sem filas de espera h� 13 dias.

 

 

Uma pesquisa do Imperial College de Londres, publicada na revista “Nature”, estimou que at� 8 de maio de 2020, per�odo do fechamento total foi adotado na Europa, 3,2 milh�es de vidas foram salvas em 11 pa�ses do continente.

Um outro artigo, tamb�m divulgado na “Nature”, analisou o efeito de 1.717 pol�ticas restritivas, incluindo o lockdown, adotadas na China, Coreia do Sul, It�lia, Ir�, Fran�a e Estados Unidos, de janeiro a 6 de abril de 2020.

Os c�lculos indicaram que, se nenhuma a��o tivesse sido implementada, haveria um aumento exponencial di�rio de 38% nas infec��es. O chefe do estudo ainda afirmou que nesses seis pa�ses os bloqueios totais preveniram ou adiaram cerca de 62 milh�es de casos de infec��o.

 

 

Durante a segunda onda de contamina��es pelo v�rus Sars-CoV-2 na Europa, que ocorreu nos �ltimos meses de 2020, o lockdown voltou a ser adotado em pa�ses que tinham iniciado a flexibiliza��o. Em janeiro de 2021, com o surgimento de variantes, como a detectada no Reino Unido, os casos subiram novamente.

Como em grande parte da It�lia, incluindo as cidades de Roma e Mil�o, que entraram novamente em lockdown. Na Espanha, todas as regi�es, exceto Madrid, decidiram restringir as viagens durante o feriado da P�scoa. E, na Alemanha, Berlim interrompeu a flexibiliza��o de restri��es.