O som de monitores card�acos, ventiladores mec�nicos e dos passos acelerados dos profissionais da sa�de que trabalham na linha de frente do combate � COVID-19 se propagam das alas de tratamento para os corredores dos hospitais, denunciando a rotina mais pesada de trabalho.
Minas Gerais, assim como o Brasil, vive a fase mais dif�cil da luta contra o coronav�rus, agora agravada pelo colapso no sistema hospitalar, que leva desespero a pacientes e familiares � espera de leitos e testa a energia das equipes.
Lidando diariamente com a crise sem precedentes nos hospitais, m�dicos e enfermeiros contaram ao Estado de Minas o drama encarado no dia a dia, diante de pessoas que muitas vezes depositam toda a esperan�a nas m�os deles. Em diversas munic�pios de norte a sul do estado, n�o h� leitos para atender os infectados, a exempo de Curvelo, Ibirit�, Montes Claros, Ribeir�o das Neves, Sete Lagoas e Uberl�ndia. O estado registrou, ontem, 991.732 casos de contamina��o pelo v�rus e 21.029 mortes.
“Tentamos acalmar o cora��o deles”

Brendow Alencar, m�dico - MONTES CLAROS
“O momento mais dif�cil do paciente com COVID-19 grave � o da entuba��o, uma decis�o dif�cil. Mas, chega o momento em que a gente n�o pode postergar mais. � um momento de muita dor para a gente tamb�m, como profissional de sa�de, vivenciar essa dor e essa ang�stia do paciente e essa incerteza, porque realmente a mortalidade dos pacientes que v�o para a ventila��o mec�nica � ainda muito alta. Mas, (a gente) temos de tentar dar a eles o m�ximo de for�a e esperan�a; lembrar exemplos que deram certo e a gente tem que se apegar a isso e confiar, principalmente em Deus. A gente tenta conversar com eles, explicar a situa��o, para que eles possam se acalmar e entender o que � necess�rio ser feito. O paciente pergunta quais s�o as chances de ele 'retornar', fica muito choroso, ansioso, preocupad�ssimo, lembra-se dos familiares. A gente j� fez at� videochamadas como uma certa despedida porque eles v�o ficar um certo tempo em 'coma induzido'. A videochamada d� um al�vio, uma tranquilidade para o paciente e a fam�lia. Tentamos acalmar, de alguma forma, o cora��o deles.”
“S�o poucos plant�es com 1 ou 2 perdas”

�lvaro Parrela Pires, enfermeiro - MONTES CLAROS
“Eu me lembro de v�rios pacientes, mas de uma senhora, em especial, tenho a recorda��o quando ela chegou e n�o compreendeu que aquele universo talvez seja o mais in�spito para receber algu�m. Na simplicidade dela, ela se sentia acolhida e segura, porque ali receberia todo o cuidado necess�rio, mas n�o entendia o cen�rio real que estava vivenciando. Ela n�o est� mais entre n�s. Hoje, existe um universo novo que estamos enfrentando, que � um cen�rio catastr�fico. Por mais que a gente se prepare durante toda a carreira, s�o situa��es que fogem do nosso controle, principalmente emocional. N�o estou habituado – espero que eu nunca me habitue a isso –, e n�o estou acostumado a ver pessoas indo embora, morrendo com tanta intensidade. Nas �ltimas semanas, foram pouqu�ssimos plant�es em que a gente n�o teve, no m�nimo, uma ou duas perdas. Conviver com isso � algo muito dif�cil. Ao longo do tempo em que estou trabalhando no hospital, na unidade de terapia intensiva COVID-19, a gente vem vivenciando uma s�rie de situa��es extremamente delicadas.”
“Chegamos � exaust�o nos atendimentos”

Renata do Vale, enfermeira - RIBEIR�O DAS NEVES
“Nossa maior dificuldade mesmo, em atendimento, � a quest�o dos leitos, e da educa��o da popula��o quanto � preven��o contra a doen�a. Vejo que os profissionais de sa�de chegaram � exaust�o, sobrepondo at� as suas necessidades humanas devido � quantidade de atendimentos e � vontade de fazer um pouco mais por esses pacientes. O que posso deixar para alertar a popula��o em geral � que a gente tem que tomar as medidas de precau��o, usar m�scara, higienizar as m�os e evitar aglomera��es. Com isso, vamos ver se a gente consegue diminuir a quantidade de pessoas infectadas neste momento. Receio que a cidade vire um caos como temos ouvido falar em outros pa�ses. Pe�o que fa�am as medidas de precau��o. Cuidem-se, porque COVID-19 n�o ataca s� idosos, mas tamb�m jovens e crian�as. Em Ribeir�o das Neves, temos 100% de leitos/COVID ocupados e isso gera muito ansiedade. Temos visto crescimento r�pido da contamina��o.”
“O v�rus devasta fam�lias inteiras”

Viviane Cristina Alberto Alves Meira, m�dica - RIBEIR�O DAS NEVES
“Trabalho no enfrentamento � COVID-19 desde o in�cio da epidemia e tenho visto hist�rias muito tristes de pacientes evoluindo r�pido para a forma grave da doen�a. O v�rus est� devastando fam�lias inteiras: pai, m�e, filhos, situa��o muito desesperadora. A recomenda��o que a gente d� � popula��o � para manter o distanciamento social. N�o � hora de aglomerar. Agora n�o � hora de fazer festa, de fazer churrasco. Evite sair de casa. Quem puder, fique em casa, para que a gente tente conter o avan�o da doen�a. Higienizem as m�os e usem m�scara. S�o recomenda��es superimportantes e para quem estiver dentro do grupo (de risco) seja vacinado.”
“Equipes est�o cansadas e desgastadas”

Homero Campos Reis, m�dico infectologista - CURVELO
“As equipes est�o extremamente desgastadas, muito cansadas, algumas j� manifestando sinais claros de ansiedade. Percebe-se tamb�m, com certa clareza, o aumento do consumo de bebidas alco�licas como forma de minimizar todo o desgaste f�sico e ps�quico que essas pessoas est�o vivendo. Saio de casa pela manh� e chego � noite, durmo e acordo cansado. Recebo mensagens o tempo todo, por chamadas, WhatsApp, �udio, textos, artigos, documentos oficiais. � uma s�rie de coisas, uma demanda que sinceramente n�o sei como a gente consegue fazer as coisas. Est� bastante dif�cil. O alerta que eu deixo para a popula��o � que evite aglomera��es, s� saia de casa se necess�rio e higienize as m�os. Pe�o que as pessoas evitem ao m�ximo riscos desnecess�rios e que possam levar � infec��o pelo v�rus. A ocupa��o de leitos est� em 90%, e, �s vezes, chegando a 100%.”
“Vamos continuar determinados”

Th�lio Marquez Cunha, m�dico pneumologista - UBERL�NDIA
“As maiores dificuldades que estamos enfrentando s�o a sobrecarga de pacientes, sobrecarga emocional de ter que atender muita gente em pouco espa�o de tempo, sem todos os leitos que a gente gostaria que estivessem dispon�veis, sem todos os recursos que a gente gostaria de ter. Mas estamos bastante motivados para tentar conter essa devasta��o que estamos vivendo. Nosso papel � atender os pacientes e acolher os familiares da melhor forma poss�vel em todos os cen�rios. Todos est�o exaustos, com certeza, mas v�o continuar trabalhando determinadamente, at� que a gente consiga conter essa infec��o e a gente consiga liberar os pacientes o mais r�pido poss�vel. Essa vontade, esse dever de trabalhar, supera de longe o cansa�o. Ent�o, a gente sempre continua pra frente. Importante tamb�m lembrar que se aprendermos a nos comportar, conseguimos esperar essa vacina de uma maneira mais tranquila.”
Entre choros e lamentos, os cuidados
“Filho, a m�e t� de alta, mas o pai n�o conseguiu.” A frase foi ouvida por uma m�dica residente de hospital de Porto Alegre (RS). Quem conta o caso � a jornalista Larissa Roso, que, durante a pandemia, come�ou a coletar e publicar em sua conta no Twitter (@larissaroso) as hist�rias de pacientes, m�dicos e enfermeiros que lutam contra a COVID-19. Os profissionais de sa�de ouvem os choros e lamentos como drama adicional ao fato de viver o ambiente hospitalar lotado de pacientes que carregam uma doen�a devastadora.
Jornalista graduada pela Pontif�cia Universidade Cat�lica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e com passagem pelo jornal The Washington Post, dos Estados Unidos, Larissa atualmente trabalha como rep�rter do Zero Hora, em Porto Alegre, e com contribui��es ainda na R�dio Ga�cha e portal GZH Digital. Seu enfoque, como ela explica em sua biografia no LinkedIn, s�o “reportagens e grandes reportagens nas �reas de sa�de, comportamento, direitos humanos e educa��o, com enfoque em hist�rias de vida”.
A ideia de divulga��o das experi�ncias de quem est� na linha de frente � conscientizar a popula��o da gravidade do novo coronav�rus. “Trag�dia, desastre, calamidade, desgra�a, cat�strofe. N�o tem uma palavra �nica que seja capaz de descrever o tamanho desse buraco. Usem m�scara corretamente. Fiquem em casa se puderem”, implorou a jornalista em sua conta no Twitter, entre v�rios outros apelos contundentes.

24 de fevereiro de 2021 – 11h52
M�E E REC�M-NASCIDO N�O RESISTEM!
Profissional de sa�de de UTI COVID-19 de hospital da Grande Porto Alegre:
“Foi o pior plant�o que j� fiz em toda a pandemia. Uma gestante foi entubada e tiveram que fazer uma ces�rea ali na UTI mesmo”
4 de mar�o de 2021 – 10h01
“NOS 40MIN DE REANIMA��O, EU PENSAVA: N�O FAZ ISSO COMIGO”
M�dica emergencista de Porto Alegre:
“Precisei entubar um paciente que estava com medo, dizia que n�o queria. Ele apertava minha m�o com cara de desespero enquanto eu explicava que n�o havia outro jeito”
11 de mar�o de 2021 – 8h46
“ME DESESPERO COM OS NEGACIONISTAS. DIGO O QUE VEJO E SINTO H� UM ANO. POR QUE N�O ACREDITAM EM MIM?” |
Enfermeira de �rea COVID-19 de hospital de Porto Alegre:
“Meu filho positivou segunda. Perdeu o olfato e est� com um pouco de tosse”
Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
V�deo: Por que voc� n�o deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp
V�deo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronav�rus?
V�deo: Flexibiliza��o do isolamento n�o � 'liberou geral'; saiba por qu�
V�deo explica por que voc� deve 'aprender a tossir'
Coronav�rus e atividades ao ar livre: v�deo mostra o que diz a ci�ncia
O que � o coronav�rus
Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
V�deo: Por que voc� n�o deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp
Como a COVID-19 � transmitida?
A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.V�deo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronav�rus?
Como se prevenir?
A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.V�deo: Flexibiliza��o do isolamento n�o � 'liberou geral'; saiba por qu�
Quais os sintomas do coronav�rus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas g�stricos
- Diarreia
Em casos graves, as v�timas apresentam:
- Pneumonia
- S�ndrome respirat�ria aguda severa
- Insufici�ncia renal
V�deo explica por que voc� deve 'aprender a tossir'
Mitos e verdades sobre o v�rus
Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 � transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.Coronav�rus e atividades ao ar livre: v�deo mostra o que diz a ci�ncia
Para saber mais sobre o coronav�rus, leia tamb�m:
-
Gr�ficos e mapas atualizados: entenda a situa��o agora
- O que � o pico da pandemia e por que ele deve ser adiado
- Veja onde est�o concentrados os casos em BH
-
Coronav�rus: o que fazer com roupas, acess�rios e sapatos ao voltar para casa
-
Animais de estima��o no ambiente dom�stico precisam de aten��o especial
-
Coronav�rus x gripe espanhola em BH: erros (e solu��es) s�o os mesmos de 100 anos atr�s