Animal teria se soltado da guia e avan�ado sobre policial e cadela de estima��o dele. Militar, que estava a paisana, atirou no animal. Testemunhas se revoltaram
Cachorro baleado pelo policial ca�do sobre a pista de ciclistas no canteiro central da Avenida Elias Ant�nio Issa (foto: Reprodu��o da internet/WhatsApp)
A pol�cia vai investigar as circunst�ncias da morte de um cachorro nessa quinta-feira no Bairro Let�cia, Regi�o de Venda Nova, em Belo Horizonte.
O animal foi baleado por um policial militar a paisana que passeava com uma cadela de estima��o. Os animais teriam se estranhado na rua e ele reagiu com tiros. Moradores da regi�o se indignaram e v�deos registrados pouco depois da a��o se espalharam pelas redes sociais.
De acordo com o boletim de ocorr�ncia, o tutor do animal morto, de 55 anos, contou que saiu de casa com o cachorro preso por uma coleira peitoral e sem focinheira. Como precisava ir a um supermercado na Avenida Elias Ant�nio Issa, ele amarrou a guia do animal em uma barra de ferro.
Algum tempo depois, uma crian�a o avisou que o cachorro havia escapado e estava correndo pela avenida. Ele saiu para tentar prend�-lo novamente e viu o animal de estima��o se aproximar de um homem que levava uma cadela da ra�a american bully na coleira, mas tamb�m sem focinheira.
Os dois c�es se estranharam, rosnando e latindo um para o outro. De acordo com o homem, nesse momento, o tutor da cadela sacou uma arma e atirou contra o cachorro dele.
“(…) seu cachorro caiu em seguida, ato cont�nuo, o autor dos disparos efetuou outro tiro contra o animal que estava ca�do ao solo. Que interpelou o autor dos disparos dizendo: ‘Cara, voc� � um louco, matou meu cachorro”. Em seguida o autor dos disparos disse: ‘Voc� � irrespons�vel, deixou seu cachorro solto. Tem sorte de n�o te dar um tiro na cara, liga para o 190 que meu telefone n�o est� funcionando. Neste momento acionou o Copom narrando o ocorrido”, diz o registro policial, ao qual a TV Alterosa teve acesso. O dono do c�o baleado disse que o homem que atirou n�o se identificou como policial em momento algum.
O sargento de 42 anos, por sua vez, disse que passava pela avenida com a cadela, que ainda � filhote, voltando de um pet shop, e foi surpreendido pelo outro cachorro vindo na dire��o deles. Ele alega que o animal era de porte grande e tentou atac�-lo. A cadela se projetou � frente como forma de prote��o e o outro animal investiu contra ela. Ele gritou para tentar afast�-lo, mas n�o adiantou.
“Em ato cont�nuo sem outro recurso apropriado, sacou sua arma de fogo particular e efetuou um disparo para se defender da injusta agress�o. Que mesmo ap�s o primeiro disparo o cachorro ainda continuou a atac�-lo, momento em que efetuou um segundo disparo”, diz o boletim.
O policial militar disse que tentou ligar duas vezes para o 190, mas n�o conseguiu. Ao contr�rio do tutor do outro cachorro, ele afirma que se identificou como policial militar, pediu calma e disse que eles deviam chamar uma viatura.
Testemunhas que passavam pela avenida se revoltaram (foto: Reprodu��o da internet/WhatsApp)
“(…) Neste momento come�ou a ser insultado pelo dono do cachorro que foi atingido. Que outras pessoas que ali transitavam vendo o ocorrido, insuflaram outros moradores para tentar agredi-lo, fazendo filmagens e o chamando de policial covarde”, consta na ocorr�ncia. Em v�deos compartilhados pela internet, testemunhas mostram os tutores dos animais discutindo, outras pessoas tentando intervir, viaturas policiais, o desespero do dono do cachorro e o animal morto no ch�o. Algumas pessoas chamam o militar de assassino.
O policial ainda diz que os �nimos estavam exaltados e que o tutor do cachorro estava incentivando outras pessoas a agredirem-no. A arma do militar, uma pistola ponto 40, foi apreendida. A per�cia esteve no local. Os dois homens foram levados � Delegacia de Plant�o IV, da Pol�cia Civil. No boletim de ocorr�ncia, o sargento que atirou no cachorro � qualificado como autor de “dano”, e o dono do animal morto aparece como autor de “omiss�o de cautela”.
“Foi desnecess�rio”, diz testemunha
Bruno Alves, de 36 anos, mora na esquina da avenida e estava entre as testemunhas. “Ouvi um estampido e pensei que era at� estouro de moto, ouvi um ganido de cachorro e depois ouvi mais um. Cheguei l� e estava o dono do cachorro sentado no ch�o, o policial xingando”, contou.
O morador disse que, ao ser questionado pelos moradores sobre o motivo de o animal dele estar sem focinheira, ele teria dito que “� bacharel e conhece a lei”.
“Foi desnecess�rio. Ele deu nas mat�rias que o cachorro era de grande porte, mas era um cachorro pequeno pra m�dio, idoso, tinha 11 anos. Nunca ofereceu problema nenhum. Acho que o que revoltou o pessoal foi que esse rapaz n�o mora no bairro, ele veio de fora para andar com o cachorro dele aqui, e o fato da pol�cia ter ficado do lado dele”, disse Alves ao Estado de Minas nesta manh�. “Tinha um sargento falando que ‘quem postar (v�deos) vai se responsabilizar pela imagem dele’, falando que as pessoas seriam presas por desacato”, afirma.
O rapaz tamb�m avalia que outros pedestres corriam risco. “Qual a necessidade de o cara de folga sair armado para passear com o cachorro na rua? Falou que n�o vem ao caso, mas, de folga, numa avenida cheia de crian�as, sair com uma arma na cintura e passeando com o cachorro? Achei despreparo total dele, estava muito alterado”, disse Bruno Alves. “Teve uma bala que ricocheteou. E se pega em uma crian�a?”, questionou.
O que dizem as autoridades
Por meio de nota enviada ao Estado de Minas na manh� desta sexta-feira (25/6), a Pol�cia Militar de Minas Gerais diz que o policial agiu em “estado de necessidade” para defender a si e ao animal de estima��o dele. Leia na �ntegra:
“Com rela��o ao REDS 2021-30395701-001, a Pol�cia Militar de Minas Gerais (PMMG) esclarece que, segundo a vers�o do policial militar, que estava de folga e a paisana, durante caminhada com seu c�o, da ra�a American Bully, eles foram atacados por um cachorro de grande porte que estava solto na via e que chegou a gritar para que o animal se afastasse. Ainda de acordo com o militar, ao defender-se e defender o seu c�o de uma agress�o oriunda de outro animal, ele agiu em Estado de Necessidade, conforme previsto no C�digo Penal brasileiro, efetuando disparos de arma de fogo.
A PMMG esclarece ainda que o policial militar e o propriet�rio do c�o atingindo foram conduzidos � Delegacia de Pol�cia Civil, com os materiais apreendidos, para as provid�ncias cab�veis.”
Tamb�m nesta manh�, a Pol�cia Civil confirmou que a per�cia esteve no local da ocorr�ncia, que foi recebida na delegacia citada ainda ontem. “Os envolvidos foram ouvidos e foi instaurado um procedimento para apura��o do caso”, diz a institui��o.