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Estado de Minas CARENTES E VULNER�VEIS

BH tem 550 mil ainda mais expostos a poss�vel 3� onda de COVID. Entenda

Total equivale � popula��o de vilas e favelas, que j� sofreu com picos anteriores e enfrentaria novo avan�o sem distanciamento e no limite da pobreza e da fome


27/06/2021 06:00 - atualizado 27/06/2021 14:22

Reflexos da pandemia: Aglomerado Santa Lúcia, que fica na regional de maior desigualdade social de Belo Horizonte, foi uma das comunidades que assistiram à piora das condições socioeconômicas(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Reflexos da pandemia: Aglomerado Santa L�cia, que fica na regional de maior desigualdade social de Belo Horizonte, foi uma das comunidades que assistiram � piora das condi��es socioecon�micas (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Repletos de obst�culos, os caminhos irregulares nas vielas transportam diariamente um sentimento amargo de fome, mis�ria e ang�stia, que muitas vezes se tornam invis�veis aos olhos daqueles que t�m o que comer. Habitualmente, moradores das favelas e comunidades carentes de Belo Horizonte j� fazem enormes sacrif�cios para conseguir o p�o de cada dia.

Por�m, a pandemia do novo coronav�rus, desde o in�cio, aumentou o drama e a necessidade das fam�lias que vivem � margem da pobreza. Seja pelo avan�o desenfreado da doen�a ou pela crise econ�mica, os mais vulner�veis foram as maiores v�timas de uma guerra sanit�ria silenciosa, e clamam por um socorro que se torna cada vez mais urgente.
 
Eles j� sofreram muito na primeira e na segunda ondas da doen�a. Agora, com a amea�a de uma terceira no Brasil, as necessidades se ampliam, seja por alimenta��o digna, emprego e renda ou pela acelera��o da vacina��o. Com pelo menos 550 mil pessoas vivendo nas 223 favelas de BH, segundo dados da Central �nica das Favelas (Cufa-MG), muitas vezes a salva��o vem de doa��es humanit�rias.
Em n�vel nacional, s�o 13,6 milh�es de pessoas, aproximadamente, morando em comunidades carentes no Brasil. Dessas, 84% das fam�lias cujos filhos deixaram de ir � escola devido � COVID-19 sofreram com o aumento dos gastos. Al�m disso, 72% n�o conseguem manter o padr�o de vida por tempo algum se perderem a renda. Os dados s�o do Data Favela, em parceria com o Instituto Locomotiva.

(foto: Hudson Franco/Arte/EM)
(foto: Hudson Franco/Arte/EM)
 
Segundo a organiza��o, 76% dos moradores afirmam que em ao menos um dia faltou dinheiro para comprar comida durante a pandemia e 80% das fam�lias est�o sobrevivendo com menos da metade da renda de antes da pandemia.

Em Belo Horizonte, a implanta��o da pol�tica de sa�de usa como norteador o �ndice de Vulnerabilidade da Sa�de (IVS). O �ndice � uma combina��o de vari�veis socioecon�micas adotada pela Secretaria Municipal de Sa�de para apontar �reas priorit�rias para interven��o e aloca��o de recursos.
 
De acordo com a prefeitura, o IVS se baseio em dados do Censo Demogr�fico e avalia os percentuais de domic�lios particulares permanentes com abastecimento de �gua e esgotamento sanit�rio. Tamb�m considera a raz�o de moradores por domic�lio; o percentual de pessoas analfabetas; o percentual de domic�lios particulares com rendimento per capita at� 1/2 sal�rio m�nimo; o rendimento nominal mensal m�dio das pessoas respons�veis; e o percentual de pessoas de ra�a/cor parda, preta ou ind�gena.
 
A estratifica��o de risco social e sanit�rio tem uma classifica��o dividida em risco baixo, m�dio, elevado e muito elevado. As regionais de BH com maior parcela no n�vel mais cr�tico de classifica��o s�o a Norte, Barreiro, Centro-Sul e Leste. A Centro-Sul � respons�vel pela maior desigualdade no �ndice: enquanto 78,52% da regional est� “em seguran�a”, o restante (21,48%) sofre risco de grau elevado a muito elevado. Na regi�o, os bairros mais afetados s�o Estrela, Acaba Mundo, Nossa Senhora do Ros�rio, Nossa Senhora de F�tima e Vila Barragem Santa L�cia.

�REA DE RISCO TAMB�M PARA O CORONAV�RUS

Com moradias muito próximas, pessoas vivendo em espaços pequenos e necessidade de sair para garantir o sustento, moradores de favelas são mais vulneráveis à COVID-19 (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Com moradias muito pr�ximas, pessoas vivendo em espa�os pequenos e necessidade de sair para garantir o sustento, moradores de favelas s�o mais vulner�veis � COVID-19 (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
O Observat�rio de Sa�de Urbana de BH, da Universidade Federal de Minas Gerais (OSU-BH/UFMG), analisa o comportamento da pandemia no chamado “InfoCOVID” com base no �ndice de Vulnerabilidade da Sa�de. A �ltima edi��o, divulgada em 1º de junho, comparou o 4º trimestre de 2020 com o 1º trimestre de 2021. A varia��o do �ndice entre os dois per�odos mostra que nos primeiros tr�s meses deste ano, nas �reas de baixo risco, houve diminui��o das interna��es e �bitos; pequeno aumento nas �reas de m�dio e aumento bem maior nas �reas de risco elevado e muito elevado.
 
“Aqui podemos inferir que esta diminui��o nas �reas de baixo risco, onde vivem mais idosos, posto que nas �reas de elevado e muito elevado risco estes morrem em idades mais jovens, esta diminui��o tamb�m pode estar relacionada � vacina��o e ao isolamento de idosos, em especial os de 80 anos e mais”, analisou o grupo de pesquisadores. “Nas �reas de m�dio risco, o menor aumento percentual pode se relacionar � oportunidade maior de isolamento, o que n�o ocorre nas �reas de maior risco na cidade, onde reside a popula��o mais vulner�vel e com necessidade de trabalhar e sair �s ruas, portanto, com menores oportunidades de isolamento”, completou o boletim.

Combina��o de fatores agrava vulnerabilidade

Para al�m do risco de problemas de sa�de, os aglomerados enfrentam um problema t�o grave quanto: o socioecon�mico. “A contamina��o pela COVID-19 tem um ciclo curioso: come�a nas regi�es mais ricas da cidade e depois vai para as regi�es mais pobres e, obviamente, quando chega �s regi�es mais pobres, o efeito � muito forte, porque a densidade demogr�fica � maior, h� uma concentra��o muito grande de pessoas”, explica Jorge Alexandre Neves, professor de sociologia da UFMG e integrante do Observat�rio Social da COVID-19.
 
Para o especialista, al�m de a maior proximidade entre as pessoas ser um grande problema, as fam�lias que moram nas comunidades enfrentam ainda a necessidade de sair para trabalhar, pois n�o h� ajuda financeira suficiente por parte do poder p�blico. N�o bastassem os problemas socioecon�micos, pesa tamb�m a falta de informa��o. “Al�m do fato de n�o se ter uma campanha nacional de comunica��o com proposi��o das medidas n�o farmacol�gicas (uso de m�scara, necessidade de distanciamento), o pa�s tem um presidente da Rep�blica que boicota todas essas medidas. � uma combina��o de fatores que nos deixa nessa situa��o”, avalia Neves.
 
O professor conta que nos pa�ses europeus h� dois elementos fundamentais que explicam a mortalidade pela COVID-19: a idade e as doen�as associadas que constituem fator de risco. No Brasil, h� um terceiro: o n�vel socioecon�mico. “Apesar de todo o avan�o que tivemos no SUS, n�o chegamos ao padr�o de sistema p�blico europeu. Estamos vivendo um aumento da desigualdade na sa�de e um enfraquecimento do SUS. A perspectiva � de que, havendo de fato uma terceira onda da pandemia no Brasil, ela afetar� sobremaneira as popula��es de menor n�vel socioecon�mico”, prev�.
 
Recentemente, o governo da Argentina fez diversas a��es para isolar favelas, colocou m�dicos � disposi��o e ofereceu ajuda humanit�ria aos moradores. No Brasil, isso seria uma possibilidade para amenizar a disparidade, mas, segundo an�lise do pesquisador, faltam profissionais. “H� car�ncia de m�dicos para a periferia. Tivemos o programa Mais M�dicos, que foi muito bem-sucedido e os m�dicos cubanos fizeram uma diferen�a enorme. O curr�culo das faculdades de medicina em Cuba tem foco na aten��o prim�ria, b�sica, e no sistema de que o m�dico vai viver na comunidade. Isso est� fazendo uma falta enorme hoje, principalmente na periferia das grandes cidades”, lembra.
 
Falar em “ficar em casa” para um(a) chefe de fam�lia que precisa sair para garantir o sustento n�o � f�cil; por isso, nesses momentos � preciso atua��o do poder p�blico, para permitir que as pessoas cumpram o isolamento social para se resguardar e, ao mesmo tempo, n�o passem fome. “A solu��o seria um aux�lio emergencial semelhante ao do ano passado. O estado de Minas Gerais n�o tem condi��o de fazer isso, mas em algum momento teve alguma press�o do governador? N�o. E sem isso, vai ser muito dif�cil”, conclui.

Dificuldades morro acima


» 13,6 milh�es de pessoas vivendo em comunidades carentes no Brasil

» 76% dizem que em ao menos um dia faltou dinheiro para comprar comida durante a pandemia

» 80% das fam�lias t�m sobrevivido com menos da metade da renda de antes da crise sanit�ria

» 72% n�o conseguem manter o padr�o de vida se perderem a renda

» 84% das fam�lias com filhos fora da escola devido � COVID-19 tiveram aumento de gastos

» 223 vilas e favelas em BH

» 550 mil moradores nessas comunidades 
Fontes: Data Favela, Instituto Locomotiva e Central �nica de Favelas



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