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Estado de Minas INC�NDIOS FLORESTAIS

Em 35 anos, Minas teve �rea equivalente � de Portugal consumida pelo fogo

Estudo do MapBiomas mostra que o estado perdeu, por causa de queimadas, a �rea de um pa�s inteiro


05/09/2021 04:00 - atualizado 05/09/2021 07:08

Bombeiros combatem incêndio na Serra do Cipó: região marcada pelo turismo e por área nacional de preservação foi das que mais perderam vegetação para o fogo, de acordo com registros dos satélites
Bombeiros combatem inc�ndio na Serra do Cip�: regi�o marcada pelo turismo e por �rea nacional de preserva��o foi das que mais perderam vegeta��o para o fogo, de acordo com registros dos sat�lites (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press - 9/10/20)
Uma �rea quase equivalente ao tamanho de Portugal – pa�s europeu de 92 mil quil�metros quadrados (km2) – j� ardeu em Minas Gerais devido a inc�ndios florestais e queimadas no cerrado, mata atl�ntica e caatinga em tr�s d�cadas e meia. Foram 90.659km2 transformados em cinzas, ou 15,4% dos 586.528km2 do estado, entre 1985 e 2020.

Os dados s�o de mapeamento in�dito do MapBiomas, um projeto de iniciativa do Sistema de Estimativas de Emiss�es de Gases de Efeito Estufa do Observat�rio do Clima (SEEG/OC) produzido em coparceria por uma rede de ONGs, universidades e empresas de tecnologia.

O estado � o oitavo com maior soma de �rea incinerada e o que mais sofreu com as chamas entre os das regi�es Sudeste e Sul. Em n�vel nacional, os tr�s primeiros s�o Mato Grosso, no Centro-Oeste (389.014km2), e Par� (215.715km2) e Tocantins (166.686km2), no Norte do pa�s.

Segundo o estudo, o Brasil j� teve consumido pelas chamas um acumulado de praticamente um quinto do territ�rio nacional, com 1.672.142km2 (19,6%) de sua �rea total, 65% de vegeta��o nativa. Em cada um destes 36 anos, o Brasil queimou uma �rea maior do que a da Inglaterra: foram 150.957km² por ano, ou 1,8% do territ�rio nacional.

Do total consumido pelo fogo em Minas Gerais, o estudo mostra que 65% eram �reas naturais, como no recorte nacional, e 35%, terrenos de pastagens e de agricultura.



“A gente sabe que na regi�o da Amaz�nia o fogo � ateado mais visando ao desmatamento, ap�s a extra��o da madeira. Em seguida ao desmate, usa-se o fogo para limpar o restante dos tocos que ficam.

Em Minas Gerais, a origem est� mais ligada a manejo para a agricultura, pastagens e limpeza de �reas para essas atividades, por ser a queimada uma t�cnica barata e mais f�cil”, afirma Vera Arruda, pesquisadora da equipe do MapBiomas Fogo respons�vel pelo mapeamento do cerrado, ligada ao Instituto de Pesquisa da Amaz�nia (Ipam).

No ano passado, 307.546 hectares (ha) foram engolidos pelas chamas em Minas Gerais, o que representou 79% do somat�rio de toda a Regi�o Sudeste. O solo mineiro n�o queimava assim desde 2014, quando 330.271ha de vegeta��o se tornaram cinzas, o equivalente a 80% do que foi arrasado pelas chamas no restante do Sudeste brasileiro. 

O ano de 2020 tamb�m foi o pior desde 2014 para a regi�o, que comporta Minas, Esp�rito Santo, Rio de Janeiro e S�o Paulo, quando uma �rea de 390.502ha foi devastada pelo fogo, total superado apenas pelos 410.922ha de seis anos antes.

Ao observar o mapa das queimadas constitu�do pelas imagens dos sat�lites que percorrem o espa�o sobre o Brasil, h� um n�tido destaque em termos de abrang�ncia para duas �reas encostadas em parques nacionais do territ�rio mineiro. 

A maior representa as chamas que destroem Delfin�polis e S�o Roque, no Sul de Minas, pr�ximo ao Parque Nacional da Serra da Canastra. No �ltimo ano, Delfin�polis foi a que mais perdeu espa�os verdes para o fogo, com a destrui��o de 17.355ha, destrui��o s� vista em 2010 (21.891ha). 

A vizinha S�o Roque de Minas n�o ficou muito atr�s, tendo 17.242ha de �reas dizimadas, algo que tamb�m s� tinha sido superado em 2010 (29.262ha).

A duas horas de Belo Horizonte, a segunda mancha que mais queima a vegeta��o e destr�i o interior e os arredores de um dos destinos preferidos dos turistas da Grande BH � o Parque Nacional da Serra do Cip�. No ano passado, o munic�pio dessa regi�o que mais sofreu com os inc�ndios e queimadas foi Jaboticatubas. Foram perdidos 5.981ha. Destrui��o dessas propor��es n�o ocorria desde os inc�ndios de 1999, que chegaram a 6.001ha. 

Em seguida, a devasta��o foi maior em Santana do Riacho, onde se perderam 4.687ha, o pior cen�rio desde 2011 (4.767ha). 

Por fim, o terceiro munic�pio do Cip� com mais estragos foi Morro do Pilar, com 1.192ha incinerados. A �ltima vez que se queimou mais vegeta��o foi em 2007 (2.005ha).

Para a pesquisadora Vera Arruda, do MapBiomas, algo que chama muito a aten��o no estudo � o fato de que o cerrado � um bioma que tem ocorr�ncia natural de fogo em seu ciclo ecol�gico, mas os munic�pios com maior extens�o queimada em n�vel nacional s�o da Amaz�nia e do Pantanal, onde o fogo n�o � um componente comum.

REPETI��O

Ainda que o cerrado tenha se adaptado para conviver com o fogo e que a vegeta��o ocupe vastas extens�es em Minas, os danos no estado podem ser irrevers�veis em alguns casos. 

“A vegeta��o est� adaptada, mas com a �rea aumentando, isso afeta as florestas da regi�o. Nesta �poca mais seca, entre julho e outubro, as chuvas ficam mais escassas. Os inc�ndios prejudicam rios e nascentes. Apesar de o fogo ser natural no cerrado, ocorre a cada 30 ou 50 anos em uma mesma �rea. Mas o que temos visto � essa ocorr�ncia na mesma �rea a cada tr�s anos ou cinco. Isso deixa a vegeta��o mais degradada. As �rvores morrem e isso afeta o ecossistema, os rios”, alerta a especialista.

Vera Arruda lembra, ainda, que o fogo n�o controlado � um inimigo n�o apenas para o meio ambiente. “A economia e o mundo s�o afetados, pois emitimos gases de efeito estufa, afetando tamb�m o clima mundial, contribuindo para o aquecimento global”, salienta.

Chamas consomem parques e entorno 

A �rea queimada nas zonas de influ�ncia das unidades de conserva��o estaduais mineiras foi de 2.921,28 hectares (ha) em 2021, at� 24 de agosto, um �ndice 23,4% menor que os 3.802,21ha da m�dia hist�rica anual, de 2013 a 2020. Contudo, o estado ainda precisa computar o fogo no restante de agosto e atravessar setembro e outubro, com possibilidades de queimadas.

J� as �reas de entorno das unidades j� sofrem 22% mais que a m�dia do mesmo per�odo de compara��o, saltando de 3.546,76ha para 4.328,33ha. Os dados s�o da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustent�vel (Semad).

O n�mero de ocorr�ncias de fogo tamb�m se ampliou, de 193 para 258 (33,7%) nos terrenos internos, e de 122 para 159 (30,3%) nos espa�os lim�trofes das unidades de conserva��o mantidas pelo estado de Minas Gerais. O m�s em que mais �reas de parques, matas e outras unidades de preserva��o foram consumidas foi julho, com 1.323,46ha se tornando cinzas, e outros 1.819,86ha nos limites, segundo a Semad.

A secretaria considera que ter equipes treinadas, capacitadas e equipadas, brigadistas e combatentes, com apoio de helic�pteros e avi�es, seja fundamental para o combate aos inc�ndios florestais. Entre os investimentos em 2021 destacados pelo governo de Minas para combate e preven��o aos inc�ndios est� o empenho de cerca de R$ 40 milh�es para essas a��es.

“Entre as medidas adotadas este ano est� a implanta��o de 10 unidades operacionais em unidades de conserva��o com bases do Previnc�ndio distribu�das por Minas Gerais”, informa a pasta. Essas bases s�o pontos estrat�gicos para permitir o atendimento r�pido �s ocorr�ncias registradas em �reas de preserva��o estaduais.

Elemento humano � maior “combust�vel”

O Corpo de Bombeiros de Minas sustenta que a maior parte dos inc�ndios enfrentados no estado vem de a��o humana, muitas vezes criminosa. “Os inc�ndios advindos de causas naturais s�o em suma relacionados a descargas atmosf�ricas. Durante os meses de maior aumento das queimadas (justamente na estiagem), n�o � poss�vel observar esses fen�menos”, destaca a corpora��o.

E o enfrentamento �s chamas n�o se d� de forma homog�nea pelo estado, ocorrendo diferen�as entre os dois biomas predominantes. “As vegeta��es de cerrado possuem material lenhoso, cascas espessas e galhos ressecados, que facilmente se desprendem das �rvores. Todo esse material acumulado junto ao solo pode propiciar um inc�ndio com maior intensidade de calor das chamas. J� no bioma mata atl�ntica percebe-se uma umidade maior no interior da vegeta��o, mesmo durante o per�odo de estiagem e, portanto, a capacidade do inc�ndio de produzir calor � menor”, destaca o Corpo de Bombeiros.

A corpora��o, no entanto, salienta que essas observa��es servem de par�metro, mas n�o s�o verdades absolutas. “O que torna o combate mais efetivo em rela��o ao bioma � o estudo pormenorizado da �rea atingida e o conhecimento pr�vio das esp�cies que est�o no local. O Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais tem adotado como princ�pio a diretriz de trabalhar com os inc�ndios durante todo o ano. Entre maio e novembro, temos um aumento expressivo nos acionamentos. Por�m, o nosso planejamento de atividades engloba tamb�m as pr�ticas de preven��o, mitiga��o e prepara��o nos demais meses do ciclo anual e essas a��es t�m conduzido a bons resultados no per�odo cr�tico”, avalia a corpora��o.


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