
Portanto, o Estado de Minas ouviu tr�s especialistas para entender quais s�o os principais cuidados que as pessoas devem ter neste per�odo: Silvio Musman, m�dico pneumologista da cl�nica Pulmonar e do Hospital Julia Kubitschek; Rodrigo Farnetano, m�dico infectologista e coordenador da cl�nica de infectologia Rede Mater Dei; e Guilherme Rache Gaspar, professor do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG.
Ontem, BH teve 13% de umidade relativa do ar. A previs�o � que chegue a 9% nos pr�ximos dias. Quais s�o os principais problemas causados pelo tempo seco?
Silvio Musman:
Nariz e garganta constituem nossa primeira linha de defesa contra a entrada de part�culas estranhas, poluentes, v�rus e bact�rias. Nossas vias a�reas possuem uma fina camada de muco que serve como um bloqueio retendo esses invasores. Quando a umidade relativa do ar est� muito baixa, compromete a fun��o de defesa das vias a�reas. Al�m disso pode haver uma desidrata��o das vias a�reas.
Quais s�o os principais cuidados que devem ser tomados nestes dias?
Silvio Musman:
Nos dias muito secos devemos evitar atividades f�sicas que aumentam muito a frequ�ncia respirat�ria, agravando essa situa��o. Devemos tentar aumentar a inala��o de ar �mido com umidificadores, nebulizadores ou at� mesmo bacias com �gua.
Rodrigo Farnetano:
O principal cuidado � hidratar as nossas vias respirat�rias. A gente pode fazer por tr�s frentes: 1) tomando bastante l�quido e se mantendo muito bem hidratado; 2) fazer nebuliza��es com soro fisiol�gico – principalmente para aqueles que t�m algum problema respirat�rio; 3) tentar aumentar a umidade dentro do nosso domic�lio, do local de trabalho, onde passamos mais horas do dia. Podemos fazer isso colocando uma bacia com �gua.
Guilherme Rache Gaspar: Tornar o ambiente mais �mido � interessante. Deixar o ambiente arejado, janelas abertas. A bacia de �gua pode ser um problema grande considerando as crian�as por causa do risco de acidentes. Talvez, melhor um pano umedecido. O soro fisiol�gico nas narinas faz muito bem. Vai ajudar hidratar e melhorar a sensa��o de ardor com o tempo. Outra coisa � evitar atividades muito estimulantes, como a pr�tica esportiva, entre 10h e 16h. Al�m disso, hidrata��o frequente, tomar l�quido sempre, mais que o habitual.
A situa��o � ainda pior para recuperados da COVID?
Silvio Musman:
Para as pessoas que tiveram COVID recente, e que tiveram uma s�ndrome respirat�ria aguda de moderada a grave, essa situa��o pode ser mais preocupante, porque os pulm�es e as vias a�reas ainda est�o em processo de recupera��o e regenera��o.
Rodrigo Farnetano:
N�o apenas para COVID, mas para qualquer infec��o respirat�ria. Se o tempo est� seco, as vias respirat�rias est�o mais irritadas. Por isso, precisamos tomar as medidas: tomar bastante l�quido, vamos fazer hidrata��o com nebuliza��o e tentar aumentar a umidade dos recintos que permanecemos mais tempo.
Guilherme Rache Gaspar: Cuidar bem das vias a�reas � muito interessante nesse momento. O v�rus ataca as mucosas. O cansa�o � causado por isso. Essa mucosa, que est� sofrida, fica ainda mais sofrida se ficar desidratada e com essas part�culas poluentes. Esses cuidados (hidrata��o, janelas abertas, uso de bacia d’�gua etc.) s�o oportunos para quem est� rec�m-diagnosticado ou se recupera doen�a.
Quais sintomas precisam de aten��o e quando procurar um m�dico?
Silvio Musman:
A umidade relativa do ar muito baixa pode desencadear quadros de bronquite, sinusite e at� mesmo crises agudas de asma. Tosse persistente, seja seca ou produtiva, chiado no peito, canseira e falta de ar devem ser vistos como sinais de alerta, em especial nas crian�as e idosos.
Guilherme Rache Gaspar: O cansa�o sentido de maneira diferente deve ser raz�o para procura do atendimento m�dico. At� porque o sintoma pode estar somado a alguma outra doen�a. N�s nos conhecemos, sabemos como respondemos a essa situa��o. Se o cansa�o est� diferente, ou mais algo aparecer, como febre e tosse, s�o sintomas que demandam o atendimento m�dico de urg�ncia.
Qual o papel das autoridades nessa quest�o?
Guilherme Rache Gaspar: � muito sabido o quanto uma boa pol�tica ambiental impacta em popula��es inteiras. � uma coisa importante de se pensar num contexto amplo, como o uso de autom�veis de maneira exacerbada e incentivar mais a caminhada. S�o a��es importantes para o bem-estar coletivo. Cidades com pol�ticas ambientais melhores t�m crian�as com menos problemas respirat�rios. � uma demanda que a popula��o civil deve fazer nesse momento.