Em 11 de agosto de 1901, a nova capital de Minas Gerais passava a se chamar oficialmente Belo Horizonte – na grafia antiga, Bello Horisonte . Depois de longo per�odo de pol�micas, disputas e sentimentos exacerbados que a mudan�a da sede do governo do estado, ent�o em Ouro Preto, e o novo nome de batismo geraram nos meios pol�ticos e no cora��o da popula��o.
A denomina��o se tornou realidade pela Lei nº 302, de 1º de julho, mas s� entrou em vigor 40 dias depois, como era norma naqueles tempos. Contar a hist�ria de BH, inaugurada em 12 de dezembro de 1897, � tamb�m apresentar os seus nomes desde os prim�rdios, quando o bandeirante paulista Jo�o Leite da Silva Ortiz (nascido em 1674) recebeu sesmarias, em 1701, e fundou a Fazenda do Cercado.
Dez anos mais tarde, a propriedade se tornava Arraial do Curral del-Rei e, posteriormente (1714), Freguesia de Nossa Senhora da Boa Viagem do Curral del-Rei. Mas, logo em seguida � Proclama��o da Rep�blica (1889), quando Jo�o Pinheiro (1860-1908) presidia o estado, foi que surgiu pela primeira vez o nome Belo Horizonte, mais especificamente Arraial de Belo Horizonte.
Na sede do Arquivo P�blico da Cidade de Belo Horizonte (APCBH), vinculado � Funda��o Municipal de Cultura (FMC) e com sede no Bairro Floresta, na Regi�o Leste, h� fotos, registros e plantas cadastrais que ampliam e jogam muita luz sobre as denomina��es da cidade.
Em 1890, j� havia aqui um clube republicano. E assim, movido pelo novos ares, o grupo liderado pelo dono de terras Jos� Carlos Vaz de Melo se reuniu com Jo�o Pinheiro e pediu a mudan�a do nome. Entre as sugest�es para o arraial, Belo Horizonte e Novo Horizonte – e a primeira entrou em vigor pelo Decreto Estadual nº 36, de 12 de abril de 1890.
A nova capital mineira
A ideia de mudan�a da capital existia desde meados do s�culo 19, sendo a regi�o mais indicada o Vale do Rio das Velhas, em especial o Arraial Belo Horizonte, ex-Curral del-Rei. Outros lugares estavam no p�reo, como Juiz de Fora, na Zona da Mata, Barbacena, na Regi�o Central, e V�rzea do Mar�al, em S�o Jo�o del-Rei, no Campo das Vertentes.Leia mais: solenidade relembra a visita do Rei da B�lgica a BH em 1920
A cada dia, aumentava a expectativa dos mineiros e a rixa entre “mudancistas” e “antimudancistas”. No Legislativo, chamado de congresso mineiro, ocorreu uma verdadeira briga de foice, pois a transfer�ncia representava uma nova geopol�tica do estado e nova rela��o de for�as entre os grupos olig�rquicos mineiros.
Toda a pol�mica envolvendo a transfer�ncia da capital est� presente no livro "Ciclones e Macar�us – O parlamento na hist�ria de Belo Horizonte", de Guilherme Nunes Avelar Neto. Com 928 p�ginas, a obra traz os debates inflamados envolvendo a quest�o, fotos e revela os bastidores da mudan�a da nova capital.
Em 1893, pela Lei nº 3, adicional � Constitui��o de 7 de setembro daquele ano, o Arraial de Belo Horizonte foi escolhido e, um ano depois, criou-se a Comiss�o Construtora da Nova Capital (CCNC), pelo Decreto nº 680, cuja chefia foi confiada ao engenheiro paraense Aar�o Reis.
De Bello Horisonte a BH
Iniciou-se, ent�o, a constru��o da nova capital de Minas. Curiosamente, a confus�o de nomes perdurou por algum tempo. No APCBH, � poss�vel ver a planta geral “da Cidade de Minas sobre a planta geod�sica, topographica e cadastral de Bello Horisonte”. O dois nomes est�o no mesmo papel.
O documento, conforme mostra o chefe do Departamento de Tratamento, Pesquisas e Acesso, Rafael Raj�o, � datado de 15 de abril de 1895. J� a Lei nº 302, de 1º de julho de 1901, que retornou com o nome de Belo Horizonte, e cujo original est� no Arquivo P�blico Mineiro, vinculado � Secretaria de Estado da Cultura, foi sancionada pelo ent�o presidente de Minas, Francisco Silviano de Almeida Brand�o (1848-1902), na Cidade de Minas.
Arquivo P�blico Mineiro
Quem quiser conhecer mais sobre a hist�ria da capital deve fazer uma visita ao Arquivo P�blico da Cidade de Belo Horizonte (APCBH). A partir de sua implanta��o, em 1991, a exposi��o de seu acervo passou por diversos temas ligados ao cotidiano da institui��o, como desafios enfrentados, rela��o com os cidad�os, preserva��o da mem�ria da administra��o p�blica e da pr�pria cidade.O arquivo desenvolveu trabalhos voltados para a preserva��o do patrim�nio documental da capital, moderniza��o da gest�o de documentos na administra��o p�blica municipal, programas de educa��o patrimonial de v�rios setores e gera��es da popula��o, al�m de desenvolvimento e difus�o do conhecimento cient�fico sobre o munic�pio.