Reconstitui��o foi apresentada na manh� desta ter�a-feira (5/10) (foto: UFTM/Divulga��o)
Conhecida como a “Terra dos Dinossauros” no Brasil e com destaque internacional em achados e pesquisas paleontol�gicas, Uberaba, na Regi�o do Tri�ngulo, em Minas, n�o para de surpreender tanto pelas descobertas como pelo avan�o cient�fico. Na manh� desta ter�a-feira (5), equipe da Universidade Federal do Tri�ngulo Mineiro (UFTM) apresenta detalhes do f�ssil de um grande dinossauro carn�voro de 80 milh�es de anos, que teria vivido onde hoje est� a cidade. O grupo � formado por paleont�logos e ge�logos do Centro Paleontol�gico Price e Museu dos Dinossauros do Complexo Cultural e Cient�fico de Peir�polis (CCCP/UFTM).
A apresenta��o do f�ssil, recriado em tamanho natural pelo paleaoartista Rodolfo Nogueira e sua equipe, faz parte da 20ª Semana dos Dinossauros, realizada num shopping de Uberaba e coordena��o pela diretora do CCCP, Stela Mariana de Morais. Desta vez, devido � pandemia, o evento n�o ser� realizado, como de costume, no Museu dos Dinossauros, em Peir�polis.
Segundo informa��es do ge�logo Luiz Carlos Ribeiro, do Centro Price, de Peir�polis, e do paleont�logo da UFTM Thiago Marinho, pesquisador associado do Centro Price, o “gigante carn�voro” – do grupo Megaraptor, que significa “ladr�o gigante”, poderia atingir 9 metros de comprimento por 3 metros de altura, tendo como caracter�stica uma garra com 35 cent�metros em forma de foice em um dos dedos da m�o. O f�ssil foi encontrado casualmente, em 2011, por trabalhadores durante obras (funda��es) para a constru��o do Hospital Regional de Uberaba. O material encontrado foi entregue ao ge�logo Luiz Carlos Ribeiro, do Centro Price, em Peir�polis.
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Ver galeria . 6 FotosA equipe da Universidade Federal do Tri�ngulo Mineiro (UFTM) apresentou, nesta ter�a-feira (5/10), a reconstitui��o de um dinossauro carn�voro que viveu a 80 milh�es de anos onde hoje � Uberaba. O f�ssil foi encontrado em 2001 durante as obras para a constru��o do hospital regional. O modelo vai ficar exposto em um shopping da cidade onde acontece a 20� Semana dos Dinossauros
(foto: UFTM/Divulga��o )
Vale destacar que Uberaba disp�e de uma legisla��o municipal que protege o patrim�nio paleontol�gico e n�o � raro, segundo os pesquisadores, que escava��es para a constru��o civil e aberturas de po�os se deparem com f�sseis, como foi o caso dessa descoberta.
O primeiro registro deste grupo � atribu�do � Patag�nia Argentina, em 1996, tendo sido publicado em 1998 pelo paleont�logo Fernando Novas, do Museu Argentino de Ci�ncias Naturais. Mas conforme os especialistas, at� este momento n�o havia uma reconstru��o de como o animal seria em vida, seu tamanho real, somente em esqueleto. O trabalho sobre o “novo” dinossauro de Uberaba foi publicado em 2013 em uma revista italiana de paleontologia e estratigrafia.
A apresenta��o ao p�blico demorou oito anos por falta de recursos financeiros para a reconstru��o do animal. A reconstru��o tem cerca de 6 metros de comprimento por 2,4 metros de altura.
V�deo: o professor e ge�logo Luiz Carlos Ribeiro fala sobre o trabalho com o f�ssil
Megarraptores
Formando um grupo de dinossauros carn�voros, os megarraptores s�o muito peculiares e raros. At� o momento tudo, segundo o ge�logo Luiz Carlos Ribeiro e o paleont�logo Thiago Marinho, tudo o que se conhece desses animais s�o ossos isolados, esqueletos e cr�nios parciais, o que os torna um dos grandes enigmas sobre os dinossauros carn�voros.
F�sseis de megarraptores j� foram encontrados na Tail�ndia, Jap�o e s�o mais comuns na Austr�lia e na Am�rica do Sul. No Brasil, j� foi identificada a presen�a de megarraptores nos estados do Cear�, S�o Paulo e Minas Gerais em Uberaba.
Com a palavra, o professor Luiz Carlos Ribeiro: “Esses dinossauros tinham bra�os grandes e garras alongadas nas m�os. Apesar de poderem atingir tamanhos de possivelmente at� mais de 10m de comprimento, seus ossos eram extremamente pneum�ticos, o que os tornava leves e �geis predadores. Ao que tudo indica, os megarraptores eram animais de rosto alongado e portando v�rios pequenos dentes.”
O parentesco dos megaraptores ainda � tema de discuss�es entre paleont�logos. Segundo as principais hip�teses, eles podem estar relacionados aos Allosauria, Tyrannosauroidea ou Coelusorsauria. Em qualquer uma desses casos, h� uma grande possibilidade de que esses dinossauros tivessem o corpo ao menos parcialmente coberto por penas.
Os dentes apresentam muita varia��o entre suas esp�cies, mas, de maneira geral, s�o pequenos e recurvados. Em muitas esp�cies, os dentes dos megarraptores n�o apresentam bordas serrilhadas como em outros dinossauros carn�voros.
Uma das caracter�sticas mais chamativas est� nas garras das m�os, que s�o “grandes e robustas”. No caso do g�nero Megaraptor, a garra do dedo � mais longa do que a extens�o do antebra�o, destaca Ribeiro.
Primeira reconstru��o do Megaraptor
De acordo com informa��es da UFTM, o paleoartista Rodolfo Nogueira teve como desafio produzir a primeira reconstru��o em vida do Megaraptor. Foram cerca de tr�s meses de trabalho e a aplica��o de diferentes t�cnicas de computa��o gr�fica e estudo de refer�ncias para que o processo fosse finalizado para ser apresentado para a comunidade.
“Era um carn�voro muito misterioso e peculiar, um animal que, ao contr�rio dos dinossauros que n�s estamos acostumados a ver no cinema, tinha um bra�o enorme e garras com at� 35 cm. Eu fiquei muito empolgado, pois era bem maior do que todas as esculturas que eu j� havia feito. Eu topei o desafio e comecei uma verdadeira batalha. Primeiro, reconstruir o animal no computador em 3D usando softwares que Hollywood usa para fazer os efeitos especiais dos filmes. O processo come�a com an�lise do esqueleto, que nesse caso s� tinha uma v�rtebra fragmentada. Ent�o busquei nos seus parentes as refer�ncias para fazer a r�plica do esqueleto e, assim, eu consegui tamb�m, observando os animais vivos, reconstituir a musculatura dele. Ent�o, com ajuda de um engenheiro calculista e um artista serralheiro, foi feito um esqueleto de ferro. Ent�o imprimimos em isopor em 3D todo o corpo do animal. Por �ltimo, eu e minha equipe acrescentamos cimento e fibra de vidro para esculpir todas as dobras de pele, escamas e penas”, explicou o paleoartista.
A escultura em tamanho real mede seis metros de comprimento por 2,20 de altura e ficar� em exposi��o no Pra�a Uberaba Shopping por tempo indeterminado e posteriormente ser� transferida para local de visita��o na Univerdecidade, em Uberaba.