�poca de chuvas traz a preocupa��o com o mosquito que transmite, ao menos, tr�s doen�as. Veja o que prefeituras est�o fazendo para evitar transmiss�o
O per�odo de chuvas � prop�cio para a propaga��o do Aedes aegypti (foto: Luis Robayo/AFP)
A chegada do per�odo de chuvas traz um outro alerta quando se fala sobre sa�de p�blica: as doen�as transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. Um animal min�sculo, capaz de causar graves problemas e at� a morte.
Dengue, zika v�rus e chikungunya s�o nomes que tamb�m entraram no vocabul�rio popular nos �ltimos anos. Al�m da COVID-19 e da pr�pria preocupa��o com o per�odo das �guas, as cidades de Minas Gerais come�aram a se armar para mais uma batalha, que ganha novos contornos em meio � pandemia, por�m, com igual aten��o para evitar novas epidemias.
Os dados mais atualizados do governo de Minas foram tabulados em 10 de novembro (o levantamento tem sido feito mensalmente).
No boletim, o estado tem registrados como dengue:
Casos prov�veis: 23.636
Casos confirmados: 14.811
Mortes confirmadas: 6
Mortes em investiga��o: 14
Os n�meros s�o menores que os registrados no ano passado, por exemplo, quando foram 84.636 casos prov�veis e 15 mortes, longe dos cen�rios de epidemia registrados em 2010, 2013, 2016 e 2019.
Sobre o zika v�rus, Minas tem:
Casos prov�veis: 95
Casos confirmados: 25
Mortes confirmadas: 0
Finalmente, chikungunya:
Casos prov�veis: 6.341
Casos confirmados: 5.324
Mortes confirmadas: 1
Mesmo com registros inferiores aos de outros anos, as secretarias de Sa�de de todos os munic�pios, e a Secretaria Estadual (SES-MG) est�o em alerta por causa do per�odo de chuvas.
� a partir de agora at� o come�o de 2021 que o mosquito aproveita a �gua parada (suja ou limpa, � bom refor�ar) para se reproduzir.
Em Una�, no Noroeste, a queda no n�mero de casos � de 78%. Ainda que n�o se possa comparar o ano de 2021 fechado, a avalia��o da Secretaria de Sa�de � que dificilmente o n�mero ser� batido. Em 2020 todo, foram 1.434 registros de dengue na cidade. At� 23 de novembro deste ano, 312.
"Estamos com uma for�a tarefa passando por casas e limpando o entulho, pois nossa taxa de infesta��o est� em 4,7% (leia mais sobre o que o n�mero significa abaixo). Tamb�m contamos com o apoio da popula��o para que fa�a sua parte e deixe as equipes de combate �s endemias entrar nas resid�ncias. Sabemos que o per�odo � complicado, por causa do coronav�rus, mas esse � um trabalho tamb�m fundamental", explica o supervisor Geral do CCZ (Centro de Controle de Zoonoses), Daniel Caetano.
A prefeitura, quando notificada de um caso positivo de dengue ou outras doen�as trazidas pelo Aedes aegypti, monta uma equipe para borrifar o veneno pr�prio na rua da casa do morador, no quarteir�o imediato e nas casas que ficam em frente a essas resid�ncias.
Mutir�es tamb�m s�o estrat�gia
Em Dom Bosco, no Noroeste, o dia 3 de dezembro ser� considerado Dia D contra o Aedes. A prefeitura vai colocar todas as equipes na rua para conscientizar a popula��o sobre os riscos da �gua parada.
Nas �ltimas semanas, agentes de controle de endemias visitaram casas para identificar pontos chamados 'estrat�gicos' para a a��o de dezembro.
Durante fiscaliza��o em S�o Francisco de Sales, no Tri�ngulo, equipes encontraram larvas do mosquito. Amostras foram enviadas para an�lise (foto: Prefeitura de S�o Francisco de Sales/Divulga��o)
"Maior incid�ncia de casos de dengue, zika ou chikungunya com risco de surto � de agora at� o final de fevereiro", afirma Luc�ola Vidal, secret�ria de Sa�de de S�o Francisco de Sales, no Tri�ngulo Mineiro.
Durante uma das fiscaliza��es, realizadas na �ltima semana, a equipe encontrou larvas do mosquito em uma casa. Amostras foram colhidas e enviadas para an�lise, para confirmar se os mosquitos est�o contaminados ou n�o.
Tamb�m no Tri�ngulo, a cidade de Arapor� vai fazer uma blitz nesta sexta-feira (26/11) na Pra�a Waldomira Neves Ferreira, no Bairro Alvorada, entre 8h e 11h.
Na a��o, a popula��o ser� orientada a combater a dengue eliminando os criadouros do mosquito. Equipes da Vigil�ncia Epidemiol�gica est�o percorrendo os bairros para verificar se h� pontos de ac�mulo de �gua.
Divis�polis, no Vale do Jequitinhonha, faz at� sexta-feira um mutir�o de limpeza pela cidade, j� que focos do mosquito contaminado foram encontradas. O trabalho segue por todo o dia, e a orienta��o � que a popula��o ajude evitando armazenar objetos que acumulem �gua parada.
Em Itinga, tamb�m no Jequitinhonha, caminh�es tamb�m v�o passar pelas ruas dos bairros para retirar materiais que os moradores n�o jogaram fora.
Amanh�, a equipe passar� pelo Centro e Alto Santa Cruz, e assim segue at� o dia 10 de dezembro. O Bairro Porto Alegre ter� tr�s dias seguidos de mobiliza��o, na primeira semana do m�s.
"A orienta��o � que os moradores coloquem tudo que n�o est�o utilizando mais na rua, para que possamos recolher", informou a administra��o.
Risco elevado em v�rias regi�es
Em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, a prefeitura fez um levantamento que apontou que o �ndice de infesta��o pelo mosquito transmissor da dengue est� em 6,3%.
O n�mero foi conseguido por meio do Levantamento de �ndice R�pido para o Aedes aegypti (LIRAa), uma atividade que foi desenvolvida pelo Minist�rio da Sa�de em 2002, que permite a identifica��o de �reas com maior propor��o/ocorr�ncia de focos, bem como dos criadouros predominantes.
O �ndice � considerado de alto risco. Os bairros Vila Imp�rio, Palmeiras, Jardim P�rola, Kennedy, Bela Vista, Fraternidade, Vila Ozanan, S�o Jos�, Nossa Senhora de F�tima, Parque Ol�mpico tiveram n�meros ainda piores: 10,1% de infesta��o do mosquito.
Em Sete Lagoas, na regi�o Central, o �ndice est� em 2%. Apesar de menor que Valadares, � o dobro do preconizado pelo Minist�rio da Sa�de para considerar que uma cidade n�o tem risco para doen�as transmitidas pelo Aedes aegypti.
Uberaba, no Tri�ngulo, tamb�m considera que houve uma queda significativa no �ndice de risco de contamina��o, mas ainda muito elevado para os padr�es determinados pelos �rg�os de sa�de. De mar�o a outubro, a redu��o foi de 8,25% para 5,05%.
Varginha, no Sul, tem risco m�dio (mas o valor n�o foi informado). Os bairros com maiores n�meros de criadouros foram o Parque Rinald, Parque Boa Vista e Sion.
A prefeitura faz, desde a semana passada, mutir�es de limpeza nessas regi�es. Em 2021, foram notificados 11 casos prov�veis de dengue. J� no ano passado, foram 85 registros confirmados.
De acordo com o encarregado do setor de Vigil�ncia Ambiental, Jos� Donizeti Souza, nos im�veis visitados pelo Agente de Combate �s Endemias, al�m do tratamento e elimina��o dos focos, s�o recolhidos exemplares das larvas encontradas.
"Em parceria com outros �rg�os municipais, estamos colocando tampas em caixas d'�gua de resid�ncias abandonadas ou de pessoas carentes, intensificando vistorias e combatendo o mosquito", contou.
COVID-19 preocupa, mas n�o deve ser empecilho
O superintendente de Vigil�ncia em Sa�de de Contagem, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, Jos� Renato Costa, considera que 2021 � um ano "interepid�mico".
Ou seja, o risco de haver recordes de casos, como nos anos anteriores, � praticamente inexistente. Mas ele alerta que as aten��es precisam continuar.
Assim como em Una�, o apelo � para que os moradores deixem os agentes de combate ao mosquito entrarem nas casas, tomando todos os cuidados para evitar a transmiss�o do coronav�rus.
"� importante que as pessoas, mesmo com os cuidados necess�rios para evitar a COVID-19, possam no m�nimo autorizar para que os agentes possam entrar pelo menos na parte externa da casa para fazer essa vigil�ncia", aconselha.
Em Ipia�u, no Tri�ngulo, mutir�es reduziram os casos de dengue para menos de 1% da popula��o (foto: Prefeitura de Ipia�u/Divulga��o)
"Em tempos de pandemia de COVID-19, os munic�pios t�m se desdobrado para impedir que a jun��o de duas viroses perigosas aconte�am. Tanto a dengue quanto o coronav�rus oferecem muitos riscos e deixam sequelas significativas", complementa a secret�ria de Sa�de de Ipia�u, no Tri�ngulo, Elaine Mussi, que acredita que haver� "mais vit�rias do que derrotas" nas duas a��es de combate (veja quais s�o os sintomas mais comuns de dengue abaixo).
A cidade, ali�s, tem 15 registros confirmados de dengue este ano. "Isso significa menos de 1% da popula��o. E a meta � erradicar esse dado, que a cada ano que passa diminuiu, mostrando assim uma �tima progress�o do Setor de Endemias para a popula��o ipia�uense. Por isso, sempre alertamos, fazemos campanhas, para que cada um fa�a sua parte. E que continuemos a tomar os cuidados necess�rios", comemora Rita de C�ssia, encarregada do Setor de Endemias.
Em Contagem, o n�mero de casos confirmados de dengue caiu 76% at� agora. No ano passado, foram 1.599. At� novembro de 2021, 379. Por�m, quatro casos de chikungunya foram registrados (contra 3 no ano passado todo), e dois de zika v�rus (contra 1 em 2020). H� tamb�m o registro de um paciente com febre amarela este ano.
A prefeitura tem realizado mutir�es de limpeza nas regionais, e avalia a possibilidade de contratar um drone para que as casas fechadas possam ser fiscalizadas de forma mais efetiva.
Agora, em novembro, a administra��o faz as chamadas oficinas de territorializa��o, para maior integra��o das equipes dos agentes comunit�rios de sa�de e de endemias com toda equipe da vigil�ncia em sa�de e aten��o b�sica.
As oficinas, inclusive, v�o terminar na cria��o de um Plano Municipal de Arboviroses, para combater n�o s� o Aedes aegypti, mas tamb�m outras doen�as que podem ser evitadas.
10 minutos contra o Aedes
A dengue, mais conhecida, � uma doen�a que tem aumento de casos entre dezembro e maio. A doen�a circula desde 1980 em Minas Gerais. Existem quatro tipos de v�rus de dengue (sorotipos 1, 2, 3 e 4).
Normalmente, a primeira manifesta��o da dengue � a febre alta (de 39° a 40°C), que geralmente dura de 2 a 7 dias, acompanhada de dor de cabe�a, dores no corpo e articula��es, al�m de fraqueza, dor atr�s dos olhos, erup��o e coceira na pele.
Perda de peso, n�useas e v�mitos s�o comuns. Em alguns casos tamb�m apresenta manchas vermelhas na pele.
A dengue, na maioria dos casos, tem cura espont�nea depois de 10 dias. A principal complica��o � o choque hemorr�gico, que � quando se perde cerca de 1 litro de sangue, o que faz com que o cora��o perca capacidade de bombear o sangue necess�rio para todo o corpo, levando a problemas graves em v�rios �rg�os e colocando a vida da pessoa em risco.
N�o existe tratamento espec�fico para a dengue. Em caso de suspeita, � fundamental procurar um profissional de sa�de para o correto diagn�stico, e a assist�ncia em sa�de � feita para aliviar os sintomas – e especialmente a hidrata��o.
O Minist�rio da Sa�de tem um programa de orienta��o que consiste em uma an�lise que dura aproximadamente 10 minutos em sua pr�pria casa. Entre as principais orienta��es, est�o:
Mantenha os tambores sempre tampados. Esses s�o um dos criadouros que mais encontra foco do mosquito no munic�pio;
Retire os pratinhos dos vasos de plantas ou coloque areia neles e n�o deixe que a �gua se acumule nas folhas;
Lave as vasilhas de �gua dos animais dom�sticos semanalmente com �gua, bucha e sab�o;
Verifique se h� algum ralo entupido ou caixa de passagem na casa, e mantenha todos fechados quando estiverem fora de uso;
Retire folhas e outros tipos de sujeira que impe�am o fluxo da �gua nas calhas;
Mantenha a caixa d’�gua sempre limpa e tampada;
Guarde as garrafas e baldes vazios de cabe�a para baixo. Gal�es, ton�is e latas devem ser mantidos vedados;
Pneus devem ser guardados em locais cobertos, onde n�o fiquem expostos a chuva;
Limpe sempre as bandejas de geladeira, umidificador e do ar-condicionado, retirando a �gua acumulada;
Se voc� tem piscina em casa, limpe-a semanalmente e aplique cloro;
Evite acumular lixo e entulho no quintal. Na hora do descarte feche bem os sacos e mantenha a lixeira tampada;
Puxe com rodo qualquer po�a d’�gua acumulada sobre lajes sem telhado.