
Dois anos depois do assassinato, em 1996, Saade foi condenado pela justi�a por homic�dio e estupro. A pena seria de 27 anos, em regime fechado. No entanto, o jovem desapareceu sem, aparentemente, deixar rastros. A Interpol, imediatamente, emitiu um mandado internacional contra o condenado, sem sucesso.
Quase tr�s d�cadas depois, Mart�n Mestre, com 79 anos, finalmente encontrou o assassino de sua filha. Com sorte, pois o tempo estava se esgotando: em julho de 2023 o tempo da senten�a de Saade se completaria e, caso n�o fosse localizado, ficaria livre das acusa��es.
“Desde aquele dia vivo em fun��o de ele ser preso. N�o � uma obsess�o, � um dever como pai”, disse Mestre em entrevista ao jornal "El Pa�s".
Uma busca incans�vel
O pai da jovem, oficial aposentado da Marinha, relatou que chegou a fazer um curso de investiga��o e criou quatro perfis falsos nas redes sociais para tentar rastrear o assassino. Ele acompanhava, na internet, pessoas que suspeitava terem rela��o com Saade.
Em 2019, ele encontrou uma pista que o levava para Belo Horizonte. Mestre descobriu que Saade vivia na capital mineira junto a fam�lia. Com documentos falsos, se casou, teve filhos e construiu uma nova vida.
Com o nome falso de Henrique dos Santos Abdala, Saade foi reconhecido pela Interpol e preso. Para ser condenado, no entanto, o homem precisa ser extraditado para a Col�mbia.
Justi�a para Nancy
O caso ainda est� em um verdadeiro jogo de “pingue-pongue” na Justi�a. No primeiro julgamento, realizado no Brasil, houve um empate no Supremo Tribunal Federal (STF) e o acusado foi mantido no Brasil.
Os advogados de defesa da fam�lia de Nancy trabalham, no momento, para a repeti��o do julgamento. Por�m, enfrentam uma dificuldade: no Brasil, as a��es prescrevem em 20 anos. Nos olhos da justi�a brasileira, como se passaram 26 anos, Saade n�o pode mais cumprir pena.
“A sensa��o que tive � que julgaram o destino do assassino da minha filha como se fosse um jogo de futebol. Chorei muito, chorei muito por esse caso, mas n�o me canso, nunca vou desistir. Vamos traz�-lo para a Col�mbia e ele vai come�ar a pagar”, lamentou o pai.
Sem previs�o de conclus�o do caso, os advogados acreditam na possibilidade que o assassino seja penalizado, no Brasil, somente por ingresso ilegal e falsifica��o de documento.
Ao jornal "El Pa�s", os advogados de Saade afirmaram que o cliente “est� bem”, vivendo em Belo Horizonte, onde � advogado e est� “seguindo a vida”.
Ele permanece aguardando o julgamento pela entrada ilegal no Brasil, mas n�o espera uma pena dura. “No m�ximo o pagamento de uma multa”, afirmou o advogado Fernando Gomes Oliveira.
Em uma carta escrita na pris�o, no ano passado, Saade refor�ou uma vers�o diferente dos fatos: "Fui ao banheiro e depois de alguns minutos ouvi um tiro. Sa� imediatamente e a vi no ch�o, com muito sangue e um rev�lver ao lado". O texto remete a um poss�vel suic�dio cometido pela jovem.
A senten�a da justi�a colombiana, por outro lado, � contr�ria a sua vers�o. � �poca, foi conclu�do que Nancy n�o se suicidou e que, ainda, havia recebido golpes nos bra�os, nas coxas e na zona vaginal. Al�m da per�cia concluir que a jovem foi estuprada e que tentou se defender do agressor, infelizmente, sem sucesso.