Fake News comprometem ritmo da vacina��o infantil em Minas Gerais
Desconhecimento das informa��es de organiza��es cient�ficas, propaga��o de not�cias falsas e a inseguran�a atrasam vacina��o para o p�blico de 5 a 11 anos
Em Minas, apenas 23,2% das crian�as entre 5 a 11 anos foram vacinadas at� agora (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
A prote��o das crian�as com 5 a 11 anos contra o coronav�rus enfrenta atraso e desconfian�a de pais ou respons�veis diante de fatores como a contamina��o acelerada pela variante �micron, desconhecimento sobre as descobertas e avan�os da ci�ncia, divulga��o de not�cias falsas e o medo predominante de que a vacina contra a COVID-19 provoque efeitos colaterais. Em Minas Gerais, 432 mil crian�as receberam o imunizante, representando apenas 23,2% do p�blico-alvo, segundo levantamento feito pela Secretaria de Estado de Sa�de (SES-MG). A Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) aprovou, em dezembro passado, a utiliza��o do imunizante produzido pelo laborat�rio Pfizer em crian�as de 5 a 11 anos. Posteriormente, a ag�ncia tamb�m autorizou o uso da CoronaVac.
Ontem, ao participar de um ato de vacina��o infantil contra a COVID-19 em Macei� (AL), o ministro da Sa�de, Marcelo Queiroga, pediu aos pais e respons�veis que levem suas crian�as de 5 a 11 anos para tomarem o imunizante.
“Vamos disponibilizar as vacinas para os pais e eu exorto cada pai e cada m�e que levem seus filhos para a sala de vacina��o”, disse o ministro, que vacinou duas crian�as no evento.
No ranking nacional, com dados do Minist�rio da Sa�de, a cobertura pedi�trica em Minas perde para cinco estados – S�o Paulo, Cear�, Rio Grande do Norte, Piau� e Esp�rito Santo – e o Distrito Federal. Na outra ponta, est�o em maior desvantagem ao menos 13 unidades da Federa��o. De acordo com a SES-MG, a expectativa � de que a primeira dose chegue � parcela de 1,8 milh�o de crian�as nessa faixa et�ria somente at� o fim de mar�o. Na sexta-feira, das 14 macrorregi�es do estado definidas pelas autoridades de sa�de, o Sudeste, com 37,3%; Sul, 35%; e o Tri�ngulo Sul, 30,4%, eram as �reas com melhor resultado proporcional da imuniza��o do p�blico infantil.
A baixa cobertura vacinal traz problemas individuais e coletivos, como alerta a infectologista e pediatra Gabriela Araujo Costa, diretora de comunica��o da Sociedade Mineira de Pediatria. De um lado, a vacina protege as crian�as das formas graves da COVID-19, que levam � interna��o e podem deixar sequelas, e, de outro, a falta de prote��o compromete a imuniza��o coletiva. “Quanto mais pessoas a gente conseguir vacinar, menor vai ser a taxa de transmiss�o do v�rus, e com isso a gente reduz a circula��o e a chance de aparecerem novas variantes. Vacinando, a gente consegue sair da pandemia mais r�pido”, destaca.
�rica Silva, de 41 anos, m�e de Gabriella, de 7, que s� n�o foi vacinada ainda por causa de surgimento de casos de COVID na fam�lia (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
A dona de casa �rica Silva, de 41 anos, n�o tem d�vidas sobre as orienta��es da infectologista, mas teve de adiar a vacina��o da filha Gabriella, de 7, depois do surgimento de casos de COVID-19 na fam�lia. Quando a infec��o ocorre, � necess�rio aguardar quatro semanas ap�s o fim dos sintomas para receber o imunizante, conforme determina��o do Minist�rio da Sa�de. “Estamos esperando o prazo para imuniz�-la. Mas acho que a vacina��o � algo muito importante, sem ser obrigat�rio. Nada que � obrigat�rio d� certo. Todos, no entanto, deveriam se conscientizar e tomar a vacina. Sempre tomamos vacina desde que nascemos e por que vamos deixar de tomar agora?”, diz �rica.
Shirley Gomes de Almeida, de 42 anos, motorista, m�e de Emanuelle, de 6: "N�o quero vacinar minha filha porque a vacina n�o � totalmente eficaz"
(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Discorda dela a motorista Shirley Gomes de Almeida, de 42, m�e de Emanuelle, de 6. “N�o quero vacinar minha filha porque a vacina n�o � totalmente eficaz. At� ent�o, n�o. Estamos num processo em que eles est�o estudando e procurando entender se essa vacina vai combater a COVID-19”, argumenta Shirley. Al�m da autoriza��o dada em dezembro pela Anvisa para a imuniza��o de crian�as de 5 a 11 anos, baseada em comprova��o cient�fica, a vacina � eficaz e segura para as crian�as, segundo pesquisadores, ag�ncias reguladoras de diversos pa�ses e a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS).
O temor de Shirley Gomes est� associado � morte da m�e dela, aos 69 anos. “Ela tomou as duas doses e faleceu. Ela n�o morreu pela COVID, e sim de infarto fulminante, mas nunca teve problema de cora��o. At� quando eles v�o provar que a vacina � eficaz e sermos cobaias, colocando em risco a vida dos nossos filhos?”, insiste. Sem mencionar n�meros, ela desconhece casos de crian�as que morreram com a doen�a. “E se de repente minha filha se vacina e depois morre? Portanto, n�o quero vacin�-la”, diz.
Os cart�rios de registro civil no Brasil anotaram 324 mortes no p�blico de 5 a 11 anos desde mar�o de 2020, quando surgiram os primeiros casos de contamina��o pelo coronav�rus, at� o m�s passado. Os dados constam do Portal da Transpar�ncia do Registro Civil.
Luciene Cristina L�rio, de 46 anos, policial militar, m�e de Samuel, de 7: "At� a vacina deixar de ser um experimento, n�o vou exp�-lo a este perigo" (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press)
Temor e fake news
A policial militar Luciene Cristina L�rio, de 46, tamb�m tem receio de imunizar o filho Samuel, de 7. “Por enquanto, n�o vou lev�-lo. At� a vacina deixar de ser um experimento, n�o vou exp�-lo a este perigo”, sustenta, citando informa��es �s quais teve acesso de m�dicos que condenam a vacina��o infantil. “Primeiramente, a necessidade de vacina��o de crian�as � praticamente zero. A gente tem dados do Dr. Paulo Porto, um dos grandes neurocirurgi�es, formado em Harvard. Ele falou nas palestras dele que a chance de morte de uma crian�a com COVID-19 � menor que 1%”, completa.
Estudo in�dito divulgado pela Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz) indicou que quase metade das crian�as e adolescentes brasileiros mortos por COVID-19 em 2020 tinham at� 2 anos; um ter�o dos �bitos at� 18 anos ocorreram entre os menores de 1 ano; e 9% entre beb�s com menos de 28 dias de vida. Luciene teme ainda efeitos como miocardite, trombose e infertilidade, estes dois �ltimos desmentidos por especialistas, que alertaram sobre as fake news envolvendo o imunizante.
A policial conta ainda que, na sua resid�ncia, junto de seus filhos, tem adotado o tratamento precoce. “Tomamos ivermectina com frequ�ncia, vitamina D”, aponta. Ela, por exemplo, tomou a vacina de dose �nica, a Janssen, mas n�o voltou para tomar outra de refor�o. “Eu tomei e me arrependi, porque eles mesmos est�o tirando a vacina do mercado. V�o lan�ar um experimento que vai ser mais lucrativo para eles do que o da COVID, ent�o a gente v� que estamos sendo usados como massa de manobra para enriquecer os laborat�rios. Minha filha, que tem 19, se vacinou com a Pfizer e foi tomar a segunda dose contra a minha vontade”, acrescenta.
“Alguns m�dicos dizem que a carga viral de uma crian�a � t�o pequena que n�o justifica a vacina��o. Se os pr�prios profissionais da sa�de n�o tomaram uma decis�o un�nime da vacina��o infantil, como a gente vai confiar?”, finaliza.
Poss�veis rea��es adversas da vacina s�o rar�ssimas, como divulgou Centro de Controle de Doen�as dos Estados Unidos (CDC), �rg�o ao qual cabe a libera��o dos imunizantes nos EUA, em revis�o de dados levantados depois da aplica��o de 8,7 milh�es de doses nessa faixa et�ria no pa�s.
A infectologista e pediatra Gabriela Araujo Costa explica que dos riscos citados por Luciene L�rio, o �nico evento adverso poss�vel da vacina da Pfizer j� relatado, mas em propor��o muito menor do que, por exemplo, contrair a infec��o por COVID, � a miocardite. Mas esclarece que o coronav�rus tem muito mais chance de causar esse tipo de doen�a. Quanto � trombose e � infertilidade, n�o existe evid�ncia cient�fica desses relatos.
Na frente
Algumas das cidades com maior cobertura vacinal infantil contra a COVID-19 em Minas Gerais s�o Juiz de Fora, na Zona da Mata, com 55,27%; Belo Horizonte (49,7%) e Contagem, na �rea metropolitana da capital, 43,7%. Por meio de nota, a Prefeitura de BH informou que at� a �ltima quarta-feira foram imunizadas cerca de 88 mil crian�as de 5 a 11 anos. At� aquela data, a Secretaria Municipal de Sa�de convocou cerca de 177 mil crian�as com e sem comorbidade nessa faixa et�ria, nascidas de fevereiro a julho de 2016, e que ainda tenham 5 anos na data da vacina��o. O Minist�rio da Sa�de afirma ter distribu�do mais de 15 milh�es de doses de vacinas pedi�tricas e que mais de 3,2 milh�es de crian�as entre 5 a 11 anos tomaram a primeira dose, totalizando 15,7% do p�blico-alvo at� a �ltima quinta-feira.
Vale ressaltar que, assim como BH, muitas cidades n�o t�m cadastrado os dados no SES-MG. Portanto, o levantamento n�o foi poss�vel. Muitas delas constam 0%, mas s� n�o houve o lan�amento do quantitativo de crian�as imunizadas no sistema estadual.
(Colaborou Roger Dias)
* Estagi�rio sob supervis�o da subeditora Marta Vieira
Entenda porque as vacinas s�o seguras
Respostas de Gabriela Araujo Costa, pediatra e infectologista
A vacina contra a COVID ainda � um experimento? Nossos filhos s�o cobaias?
“A tecnologia de utilizar RNA mensageiro nas vacinas vem sendo estudada desde 2012. Ela passou por um processo experimental com milhares de pacientes em todo mundo, com uma taxa de eventos adversos baix�ssima. Ainda que seja ‘uma vacina recente’, porque a tecnologia na verdade vem sendo estudada h� 10 anos, ela passou por todos os procedimentos de seguran�a, que atestam com rigor cient�fico importante que essa vacina, ent�o, quando foi aprovada, se tornou um produto seguro. Em rela��o � CoronaVac, que � outra vacina dispon�vel para crian�as, a tecnologia � de v�rias vacinas que j� s�o aplicadas nas crian�as no primeiro ano de vida h� pelo menos 30 anos. N�o existe motivo para argumentar que essas vacinas foram produzidas muito r�pido ou foram muito recentes, porque n�s j� temos trabalhado com a tecnologia de ambas h� v�rios anos. A �nica coisa que fizemos foi: est�vamos trabalhando com outros v�rus, e agora durante a pandemia passamos a trabalhar com o coronav�rus. Esse argumento n�o � verdadeiro.”
A vacina pode causar doen�as no meu filho, como miocardite, trombose e infertilidade?
“A chance de ter miocardite pelo v�rus � pelo menos 100 vezes maior do que a chance de vir a ter miocardite por causa da vacina. Quanto � trombose e � infertilidade, s�o relatos levianos, de fake news. N�o existe nenhuma associa��o da vacina com essas doen�as.”
A chance de uma crian�a morrer por COVID � pequena. Por que ent�o vacin�-las?
“A gente vacina mesmo que a doen�a n�o seja muito frequente porque a gente quer evitar a evolu��o desfavor�vel. Para o coronav�rus � a mesma coisa. Realmente, a propor��o de crian�as que v�o ter uma doen�a mais grave � pequena. Mas n�o justifica expor a crian�a a esse risco, uma vez que n�s j� temos a prote��o. Ent�o, quando os pais fazem essa afirma��o, eles est�o fazendo um tipo de loteria com os filhos – a chance � baixa, mas existe. Quando se aplica a vacina, essa chance se aproxima muito de zero, ent�o � melhor vacinar do que correr esse risco.”
Ouvi um m�dico dizer que a vacina n�o � segura.
“Um grupo pequeno de pseudocientistas vem discordando da vacina baseados em argumentos n�o cient�ficos e opini�es pessoais. A ci�ncia nunca foi feita com opini�o pessoal, sempre foi feita com argumenta��o e evid�ncia cient�fica de boa qualidade. Sugiro que essas pessoas que estejam, porventura, escutando esses m�dicos e cientistas que s�o contra a vacina, que se abram para escutar quem � favor�vel e contar a qualidade das evid�ncias. Ao fazerem isso, n�o h� d�vidas de que a argumenta��o das pessoas que s�o contra a vacina � falha e rasa, n�o se sustenta mediante uma discuss�o cient�fica rigorosa”.
Recebi v�rias mensagens em redes sociais que orientam a n�o vacinar meu filho.
“Gostaria que fosse ressaltado que as pessoas evitassem disseminar not�cias falsas para aquilo que elas n�o t�m certeza, especialmente se vier em mensagens de aplicativos ou em m�dias sociais. Que elas tivessem o cuidado de procurar uma fonte cient�fica fidedigna ou conversar com algum profissional de sa�de em quem elas tenham confian�a para que a gente evite a dissemina��o de fake news desnecess�ria. Isso tem custado a vida de muitas pessoas, que deixam de se vacinar por causa dessa dissemina��o das not�cias.”
(foto: Soraia Piva/EM/D.A Press)
Governo faz apelo para reduzir resist�ncia
O ritmo da vacina��o de crian�as de 5 a 11 anos contra a COVID-19, iniciada h� pouco mais de um m�s, melhorou nos �ltimos dias, mas ainda continua lento em Minas Gerais. Por meio das redes sociais, o governo do estado fez um apelo na tentativa de convencer os pais a vacinarem seus filhos. “� importante que papais e mam�es n�o deixem de vacinar as crian�as para que a cobertura vacinal desta popula��o possa aumentar cada vez mais. Participe deste ato de amor”, pediu.
Mas, apesar da mobiliza��o, a vacina��o das crian�as de 5 a 11 anos em muitos munic�pios est� ainda mais baixa do que a m�dia da cobertura vacinal no estado, que � de 23,2%. A situa��o � verificada em cidades-polo como Montes Claros (414,38 mil habitantes), no Norte de Minas. At� a �ltima quinta-feira, a cobertura vacinal infantil na cidade norte-mineira chegou a 17%, com a primeira dose da vacina contra a COVID-19 sendo aplicada em 7.321 crian�as, de um p�blico de 43.136, de acordo com os dados da Secretaria de Sa�de de Montes Claros.
"Existem muitas fake news e uma influ�ncia pol�tica muito grande para que os pais n�o levem os filhos para vacinar"
Dulce Pimenta, secret�ria de Sa�de de Montes Claros
“Em todos os munic�pios, como no estado, a gente est� vendo um �ndice muito baixo da vacina��o de crian�as contra a COVID-19. H� uma resist�ncia muito grande dos pais”, afirma a secret�ria municipal de Sa�de de Montes Claros, Dulce Pimenta. Ela salienta que v�m aumentando as contamina��es do coronav�rus em crian�as, elevando-se os casos que necessitam de interna��es.
Ela lembra que, com o in�cio das aulas presenciais nas escolas dos ensinos fundamental e m�dio, aumentam os riscos de contamina��o do coronav�rus, o que refor�a mais ainda a import�ncia da imuniza��o do p�blico infantil. Apesar disso, a resist�ncia dos pais continua sendo um desafio para ampliar a cobertura vacinal.
“Existem muitas fake news e uma influ�ncia pol�tica muito grande para que os pais n�o levem os filhos para vacinar”, avalia Dulce Pimenta.
Na quinta-feira, o secret�rio estadual de Sa�de de Minas, F�bio Baccheretti, afirmou em entrevista coletiva que as fake news levam receio � popula��o quanto � vacina��o das crian�as, e pede que as fam�lias se orientem. “Os pais que tiverem d�vidas devem procurar informa��es nos sites oficiais do governo, na imprensa. A vacina � segura e deve ser dada”, destacou. Segundo ele, o estado est� trabalhando na busca ativa para que as crian�as sejam imunizadas. “N�o tenho d�vida de que o maior fator (para evitar a vacina��o) � o medo dos pais.”
O que dizem os pais que s�o contr�rios � vacina
Para o t�cnico em qu�mica e advogado Murilo Maia de Veloso, de Montes Claros, sua decis�o de n�o vacinar o filho �talo Maia Santos Veloso, de 11 anos, “n�o tem a nada a ver com posi��o pol�tica”.
“ A minha motiva��o para n�o vacinar o meu filho � essencialmente t�cnica”, diz Murilo, que sustenta que n�o pode ser chamado de “negacionista da pandemia” por causa sua posi��o. Ele disse que, como em 2018 estava fora do Brasil (morava em Portugal), n�o participou de elei��o, n�o votou no atual presidente da Rep�blica, Jair Bolsonaro (PL). “Portanto, n�o posso ser considerado como um bolsonarista”, salienta.
"Entendo que a narrativa de que as vacinas possam trazer efeitos nocivos �s crian�as � absolutamente verdadeira", disse Murilo Maia de Veloso, de Montes Claros, pai de �talo, de 11 anos (foto: Luiz Ribeiro/EM/D.A Press)
“J� trabalhei em laborat�rio de controle de qualidade de vacinas veterin�rias e j� fiz an�lise de v�rus e outros pat�genos, conhecendo algumas quest�es relativas ao que � uma vacina, que, no caso, s�o medicamentos nos quais se utilizavam pat�genos (v�rus) mortos ou atenuados para se produzir um soro, que depois de introduzido no corpo da pessoa estimulava a produ��o natural de anticorpos, ou seja, o seu pr�prio corpo dava conta de se defender”, diz Murilo.
“Mas as chamadas vacinas contra COVID-19 n�o preenchem esse requisito, pois s�o, na verdade, terapias gen�ticas que introduzem um fragmento de DNA na c�lula da pessoa para que ent�o a c�lula passe a produzir anticorpos. O problema � que n�o se sabe o efeito a m�dio e longo prazos e se isso ir� corromper o mecanismo de defesa para a prote��o contra outros pat�genos (v�rus e bact�rias)”, declarou Murilo, informando que ele tamb�m resolveu n�o tomar a vacina contra o coronav�rus.
Questionado se n�o tem receio de que o filho, sem se vacinar, possa contrair o v�rus e o caso se agravar, o advogado respondeu que n�o tem: “J� estamos h� praticamente dois anos vivendo sob o estado de pandemia e meu filho n�o pegou sequer um resfriado ou diarreia, sua alimenta��o � equilibrada, tem atividades ao ar livre e n�o tem comorbidades, ele � saud�vel por natureza”.
O morador de Montes Claros alega que n�o se pode falar em fake news quando se discute a possibilidade de efeitos colaterais da vacina contra o coronav�rus em crian�as. “Entendo que a narrativa de que as vacinas possam trazer efeitos nocivos �s crian�as � absolutamente verdadeira, pois, primeiramente, nenhum medicamento at� hoje concebido pela ind�stria farmac�utica deixou de ter in�meros efeitos colaterais. Mas a comprova��o da possibilidade dos efeitos colaterais est� na pr�pria bula das vacinas contra a COVID-19”, afirma.
Por outro lado, Murilo Maia revela que seu filho tomou “toda a grade de vacinas obrigat�rias at� ent�o, determinadas pelo governo federal. Todavia, tratava-se de vacinas tradicionais, testadas h� d�cada com sucesso”, justifica.
‘Material gen�tico’
Outra moradora de Montes Claros, a advogada Aline Leal Bastos Morais de Barros declara que recusou vacinar o filho Lucas Leal Bastos Morais, de 7 anos, tomando a mesma decis�o em rela��o � filha Al�cia Leal Bastos Morais, de 17. Aline disse que reconhece que vacinas salvam vidas e que a sua recusa ser refere especificamente ao imunizante contra o coronav�rus.
“Vacinas salvam vidas. Eu n�o discuto isso. Mas devemos lembrar tamb�m que as t�cnicas vacinais diferem em muito das j� existentes at� o momento. Pois � a primeira vez que s�o utilizados materiais gen�ticos, que programam as suas c�lulas para produzir a prote�na inflamat�ria (Spike) do v�rus, para a partir de ent�o obter a produ��o dos anticorpos. Por isso, � aumentada a chance de efeitos adversos e doen�as autoimunes. Esse, sim, � o meu maior medo”, diz Aline.
Quando questionada se n�o tem receio de que seus filhos, por deixarem de sevvacinar, possam ser contaminados pelo coronav�rus e o caso se agravar, a advogada relata que eles j� testaram positivo para a doen�a (variante �micron) e que tiveram sintomas leves. Dessa forma, considera que os filhos “j� est�o imunizados naturalmente”. “Se n�s, pais, pud�ssemos olhar para o futuro para evitar mortes e sofrimento, certamente far�amos o poss�vel para tal, principalmente as crian�as, que n�o s�o o grupo de risco dessa doen�a”, afirma.
Aline disse que n�o considera que a possibilidade de efeitos colaterais da vacina nas crian�as seja falsa. “De jeito nenhum, basta estudarmos e veremos que existem v�rios artigos e inclusive pa�ses como a Su�cia que n�o indicam vacinas em fases experimentais de COVID-19 para crian�as. Ela declarou ainda que os seus filhos tomaram as demais vacinas previstas no Plano Nacional de Imuniza��o (PNI) e “todas (as vacinas) sugeridas s�o devidamente testadas, sem colocar a vida dos meus filhos em risco”.
A advogada disse que sua decis�o de n�o vacinar os filhos contra o coronav�rus n�o tem motiva��o pol�tica. Por�m, “s� n�o aceito que o estado interfira no meu direito de escolha”, afirma.
Medo da vacina H� pais que ainda n�o levaram os filhos para receber a primeira dose do imunizante contra o coronav�rus e que alegam que est�o “com medo da vacina”. � o caso do servidor p�blico A., de Montes Claros, pai de dois filhos (de 12 e 9 anos) , que prefere o anomimato. "N�o tenho certeza quanto � vacina��o dos meus filhos. Estou com mais tend�ncia de n�o vacin�-los, principalmente o ca�ula. A incerteza quanto � vacina��o se baseia no medo, sim. Medo dos riscos da vacina, que n�o foi suficientemente testada”, diz o pai.
Valadares usa brindes como est�mulo
Para atrair pais e filhos �s unidades de sa�de equipadas para aplicar a vacina contra a COVID-19 em crian�as de 5 a 11 anos, a Prefeitura de Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, tem redobrado esfor�os. O Executivo municipal adotou hor�rios alternativos, incluiu fins de semana e feriados no calend�rio de imuniza��o e intensificou a comunica��o com a popula��o nas redes sociais.
No feriado do anivers�rio da cidade, comemorado em 30 de janeiro, a prefeitura de Valadares fez parcerias com empresa para presentear a garotada que foi se vacinar. Cada crian�a que tomou a vacina contra a COVID-19, em a��o na Pra�a dos Pioneiros, ganhou peixes de aqu�rio.
“Usamos todos os nossos canais oficiais para mostrar os benef�cios da vacina para as crian�as, informamos sobre hor�rios e locais onde as doses est�o dispon�veis e chamamos os pais e respons�veis para que procurarem as unidades e vacinem as crian�as. Nas unidades de sa�de, inclusive, s�o feitas abordagens l�dicas com as crian�as, com plaquinhas, cartazes e recadinhos falando sobre a import�ncia das vacinas”, disse a secret�ria municipal de Sa�de, Caroline Sangali.
A despeito desse conjunto de a��es, a pasta municipal admite que a procura dos pais pela imuniza��o dos filhos tem sido baixa, mesmo diante de todos os benef�cios oferecidos. A prefeitura informou que do in�cio da vacina��o para o p�blico infantil, em 19 de janeiro, at� a �ltima ter�a-feira, apenas 4.880 crian�as foram vacinadas, o que corresponde a 18,76% do p�blico na faixa et�ria de 5 a 11 anos.
A prefeitura identifica resist�ncia de alguns pais. Daniela Pinheiro, de 45 anos, admite rejeitar a vacina��o de crian�as contra a COVID-19, embora reconhe�a a import�ncia e a credibilidade de imunizantes contra v�rias outras doen�as aplicadas em beb�s.
“Minha posi��o � contr�ria porque crian�as n�o s�o cobaias de laborat�rio. A quest�o que levanto em rela��o a essa vacina � somente o tempo de pesquisa e fabrica��o. Todas as outras vacinas tiveram um tempo grande de estudo pra serem desenvolvidas”, defende. Daniela tem um neto que ainda n�o est� na idade de ser vacinado contra a COVID-19, mas se estivesse na faixa et�ria com imuniza��o aprovada no Brasil, n�o tomaria a vacina, afirmou.
Outra m�e que tem posi��o contr�ria � vacina acabou cedendo �s press�es e vai levar os filhos ao m�dico pediatra e ouvir uma opini�o cient�fica, como ela diz. Essa m�e, que prefere n�o se identificar, por ser servidora da Prefeitura de Valadares, argumenta que a vacina��o de crian�as � assunto pol�mico. “Prefiro ter a orienta��o do pediatra, que conhece os meus filhos”, disse.
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