
Pelos c�lculos do movimento, a previs�o � de que entre 10 mil e 20 mil servidores participem da manifesta��o, vindos de diversas partes do estado. Somente do interior, s�o esperados 80 �nibus e mais de 40 vans, que chegam a partir deste s�bado (19/2), sem contar carros particulares e funcion�rios das cidades da Grande BH.
"O governador prometeu a recomposi��o inflacion�ria parcelada. Todos tivemos paci�ncia. Ficamos engolindo a seco as transmiss�es dele durante o expediente, dizendo que estava colocando as contas em dia, os buracos do estado, mas a �gua chegou no nariz. A toler�ncia acabou totalmente", disse um policial militar da ativa que conversou com a reportagem sob condi��o de anonimato.
Nas redes sociais, v�rios policiais militares, policiais civis, bombeiros militares e policiais penais t�m criticado o governo e cobrado abertamente a recomposi��o da infla��o nos �ltimos sete anos.
"Quando n�s, oficiais, entramos em um movimento desses, a gente acaba quebrando a cadeia hier�rquica. � ruim, porque n�s mesmos perdemos aquele controle estrito da tropa. Mas a coisa chegou a um ponto tal que a nossa n�o ades�o acabaria provocando esse mesmo efeito de perda de controle. � um caminho sem volta", afirma o oficial.
Um policial penal de um munic�pio da Zona da Mata que tamb�m conversou com a reportagem conta que foi feito um rateio dos funcion�rios p�blicos das corpora��es e institui��es para alugar um �nibus e rumar para a capital, �s 3h do dia 21.
"Policiais militares, civis e penais est�o indo juntos no mesmo �nibus com recursos pr�prios, sem ajuda de sindicatos ou de pol�ticos. No nosso caso, n�o v�o oficiais nem diretores do (setor) penal, mas ter�o sargentos, cabos, soldados, investigadores, escriv�os e policiais. Vemos o Zema como um bom governador para o estado, mas n�o para os servidores", afirma o policial penal.
No final de 2020, o governador enviou � Assembleia o Projeto de Lei nº 1.451/20, que previa recomposi��o de 41%, dividida em tr�s parcelas, sendo 13% em julho de 2020, 12% em setembro de 2021 e 12% em setembro de 2022.
Entre os apoiadores do movimento, o deputado estadual Sargento Rodrigues (PTB) afirma que a paci�ncia da tropa com o governador acabou e que os resultados que trouxeram a Minas Gerais o t�tulo de estado mais seguro v�o come�ar a cair com uma esp�cie de opera��o padr�o.

O parlamentar, que participou do movimento grevista de 1997, alerta que nem naquela �poca houve ades�o de oficiais e chefias da seguran�a p�blica, sem querer afirmar que h� possibilidade de viol�ncia, contudo.
"Um movimento desses a gente sabe como come�a, mas n�o pode garantir como vai terminar. Acabei de alertar o secret�rio de governo (Igor Eto) que o movimento ser� enorme e que conta com apoio dos oficiais da ativa, o que � in�dito. Temos alertado o governo que ele vetou as duas parcelas (do reajuste), e cobramos que honre seu compromisso. Ser� um movimento muito desgastante para o governo", avalia o parlamentar.
A reportagem enviou questionamentos sobre esquemas de seguran�a para o dia e negocia��es com as categorias manifestantes, mas ainda n�o recebeu retorno. Em nota, o governo do estado informou que herdou essa defasagem salarial e que conta com a aprova��o do regime de recupera��o para poder conceder a recomposi��o inflacion�ria.
Nota do Governo
"O Governo de Minas mant�m di�logo aberto com todas as categorias, levando em conta as necessidades dos servidores e o importante trabalho prestado por eles ao Estado. Mesmo diante a todas as dificuldades financeiras enfrentadas e aprofundadas pela crise sanit�ria da pandemia, em 2020, foi concedido reajuste de 13% para as for�as de seguran�a.
Com a ades�o ao RRF, projeto que aguarda an�lise da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o Estado ter� condi��es de aplicar a recomposi��o da infla��o nos sal�rios de todas as categorias do funcionalismo p�blico, e dar continuidade ao pagamento das d�vidas herdadas, como os repasses para os munic�pios e os dep�sitos judiciais.
Atualmente, as despesas obrigat�rias do Estado ultrapassam 100% da arrecada��o na maior parte dos anos e a perspectiva � que elas permane�am pr�ximas desse patamar. O Governo de Minas tem se dedicado para conseguir, mesmo nesse cen�rio, trazer melhorias para os servidores, pois reconhece o trabalho valoroso que eles prestam."
Greve da PMMG de 1997
A greve da Pol�cia Militar de Minas Gerais de 1997 � considerada o maior movimento grevista da hist�ria das pol�cias. Foi motivada por um aumento salarial de 11% concedido pelo ent�o governador Eduardo Azeredo (PSDB) aos oficiais (tenente, capit�o, major, tenente-coronel e coronel), em detrimento dos pra�as (soldado, cabo, sargento e subtenente).
A rea��o foi imediata. No dia seguinte, dois colch�es foram queimados num dos dormit�rios do Batalh�o de Choque. Em 13 de junho, 700 policiais marcharam at� a porta do Pal�cio da Liberdade, at� ent�o a sede do governo. De costas para o local, os militares cantaram o hino nacional e se ajoelharam para rezar o pai-nosso.
Na semana seguinte, foi oferecido um abono fixo de R$ 102 - at� 20% para os sal�rios mais baixos. A proposta foi rejeitada e no dia 24, mais uma vez os militares marcharam at� o pal�cio, numa passeata que terminou com a participa��o de 4 mil homens da PM e 700 investigadores da Pol�cia Civil. No local, eles encontraram barreiras formadas por militares do interior. O clima esquentou e os manifestantes se preparavam para invadir o local quando o cabo Val�rio dos Santos Oliveira, de 36 anos, levou um tiro na cabe�a.
O militar havia subido em uma mureta para pedir calma aos colegas, quando foi atingido. Ele morreu quatro dias depois. O disparo foi atribu�do ao soldado Wedson Campos Gomes, de 30 anos, condenado a oito anos de reclus�o. O militar nunca assumiu a autoria, dizendo que atirou para cima, n�o contra o colega. A greve foi encerrada dois dias depois, com a eleva��o do abono fixo para R$ 200.