
Conforme a v�tima, dois homens estavam dentro do estabelecimento ocupando uma mesa e, quando a viram, um deles proferiu as inj�rias. “N�o identifiquei qual deles falou, mas voltei l� com a inten��o de incomodar”, inicia.
“Um dos homens, ent�o, levantou da cadeira pra falar comigo e disse que n�o tinha preconceito e at� j� tinha feito programa com travesti. Ent�o respondi que isso n�o servia como justificativa. A�, ele retrucou dizendo que eu teria que brigar com o mundo todo ent�o, dando a entender que eu n�o deveria ligar para isso”, conta a v�tima ao Estado de Minas.
Em desabafo, a mulher acrescenta que as situa��es de transfobia s�o di�rias. “Isso virou rotina na minha vida e, por isso, sempre saio de fone de ouvido de casa para n�o escutar as ofensas. S� que ontem, quando fui ofendida, meu celular estava descarregado, e eu n�o estava ouvindo m�sica como de costume. Da�, acabei escutando o que falaram quando passei na cal�ada em frente ao bar”.
V�tima relata mau atendimento da PM
Durante a entrevista ao Estado de Minas, a v�tima conta tamb�m que sentiu uma m� vontade do policial no decorrer de toda a liga��o para o 190. “Tive a impress�o de que ele estava tentando me desestimular a denunciar o caso. Inicialmente, ele me perguntou se eu tinha testemunha. Falei que, talvez, o dono do bar pudesse falar. Ent�o, o policial disse que, caso o homem desse uma vers�o diferente, eu poderia ser responsabilizada por uma den�ncia caluniosa e at� presa”, conta.
“O policial tamb�m disse que n�o era uma situa��o de flagrante e questionou se eu sabia o significado dessa palavra, orientando-me a procurar no Google caso n�o soubesse. O tom de voz era r�spido a todo momento”, afirma a mulher, acrescentando que, em um primeiro momento, ela desistiu de prosseguir com o registro da ocorr�ncia por telefone. Por�m, no mesmo dia, ela compareceu � Base de Seguran�a Comunit�ria do Bairro Ipiranga, na Zona Sul da cidade, onde formalizou a den�ncia de inj�ria.
Procurada pelo Estado de Minas, a Pol�cia Militar n�o se pronunciou sobre o caso at� o fechamento da reportagem. Caso a autoridade policial deseje se manifestar, o espa�o segue aberto.
Transfobia e inj�ria transf�bica: entenda a diferen�a
Conforme explica o advogado volunt�rio do Centro de Refer�ncia LGBTQIA+ da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), J�lio Mota de Oliveira, a transfobia ocorre quando h� ofensa � coletividade ou a um grupo de pessoas transexuais em decorr�ncia de sua identidade de g�nero.
“J� a inj�ria transf�bica � classificada como uma ofensa � dignidade de um indiv�duo com o objetivo de depreci�-lo por conta da identidade de g�nero”, explica J�lio, lembrando as altera��es recentes na legisla��o para a tipifica��o dos crimes.
“A partir de um habeas corpus julgado pelo STF, em outubro de 2021, a inj�ria racial passou a ser – assim como o racismo e a transfobia – imprescrit�vel e inafian��vel. E, de acordo com a ministra C�rmen L�cia, nos casos de inj�ria racial, a v�tima n�o � apenas a pessoa ofendida, mas toda a humanidade”, finaliza.