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Estado de Minas RESGATE DA HIST�RIA

�rea do Largo do Ros�rio vira patrim�nio imaterial de BH

Largo ficava em trecho do hoje Bairro Lourdes e abrigava igreja e cemit�rio constru�do pela Irmandade do Ros�rio dos Homens Pretos na antiga Curral del-Rei


01/04/2022 04:00 - atualizado 01/04/2022 06:10

Trecho onde se situava o Largo do Rosário (no alto), no atual Bairro Lourdes, que reunia uma igreja e seu cemitério, na antiga Curral Del-Rei (reprodução acima), demolidos durante a construção de BH
Trecho onde se situava o Largo do Ros�rio (no alto), no atual Bairro Lourdes, que reunia uma igreja e seu cemit�rio, na antiga Curral Del-Rei (reprodu��o acima), demolidos durante a constru��o de BH (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)

Valoriza��o das tradi��es religiosas, reconhecimento do patrim�nio cultural e destaque importante para a hist�ria da capital. O Conselho Deliberativo do Patrim�nio Cultural do Munic�pio de Belo Horizonte (CDPCM-BH) aprovou o registro provis�rio do Territ�rio do Largo do Ros�rio como patrim�nio cultural imaterial da cidade. O Largo do Ros�rio � o nome usado para designar a Igreja do Ros�rio e seu adro, com um cemit�rio com 60 sepulturas.

Constru�do pela Irmandade do Ros�rio dos Homens Pretos, o cemit�rio entrou em funcionamento em 1811, enquanto a igreja foi inaugurada em 1819, no antigo arraial de Curral del-Rei – o Largo do Ros�rio foi destru�do durante a constru��o da nova capital, inaugurada em 12 de dezembro de 1897. De acordo com os estudos que subsidiaram o dossi�, o largo ficava no trecho situado onde atualmente est�o as ruas da Bahia, Aimor�s, Esp�rito Santo e Avenida �lvares Cabral, no Bairro Lourdes, na Regi�o Centro-Sul. A aprova��o ocorreu na quarta-feira (30/3), durante a 319ª Sess�o Ordin�ria do conselho.

Em nota divulgada pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), a secret�ria municipal de Cultura e presidente interina da Funda��o Municipal de Cultura, Fab�ola Moulin, diz que o reconhecimento faz uma repara��o hist�rica � mem�ria da popula��o negra da cidade. “O registro do Largo do Ros�rio como patrim�nio cultural imaterial atende a uma reivindica��o hist�rica dos movimentos afro-brasileiros na busca pelo resgate de sua mem�ria. Esse resgate simb�lico fortalece uma refer�ncia identit�ria da popula��o negra da cidade, criando refer�ncias materiais para anunciar a exist�ncia do Largo do Ros�rio como um espa�o de acolhimento de celebra��es, eventos e a��es educativas, entre outras, relacionadas � comunidade afro-brasileira belo-horizontina”.

Para substituir a Igreja do Rosário, um templo foi erguido na esquina da Avenida Amazonas com as ruas São Paulo e Tamoios
Para substituir a Igreja do Ros�rio, um templo foi erguido na esquina da Avenida Amazonas com as ruas S�o Paulo e Tamoios (foto: Ramon Lisboa/em/D.A Press)

O registro representa “uma conquista”, ressalta Makota Kidoial�, uma das lideran�as do Quilombo Manzo, no Bairro Para�so, na Regi�o Leste da capital. “Mesmo ocupada hoje por pr�dios, essa �rea de BH guarda uma hist�ria que n�o foi contada e, que agora, pode ser revelada aos mineiros. S�o mem�rias, constru��o de identidades, algo invis�vel a ser respeitado.” O Quilombo Manzo, que tem � frente Efig�nia Maria da Concei��o, a M�e Efig�nia, de 76 anos, foi reconhecido pela Funda��o Palmares em 2017 e merecedor do t�tulo de patrim�nio Cultural de Minas em 2018.

TOMBAMENTO 


Em agosto de 2021, o CDPCM-BH analisou e aprovou o pedido de abertura do processo de Registro do Territ�rio do Largo do Ros�rio como Patrim�nio Cultural Imaterial, durante sua 312ª Sess�o Ordin�ria. Dessa forma, a Diretoria de Patrim�nio Cultural e Arquivo P�blico da Funda��o Municipal de Cultura iniciou os estudos para avaliar a viabilidade t�cnica de se conferir o t�tulo a esse bem. A partir deles, foi feito um dossi� com uma s�ntese dos estudos e levantamentos necess�rios, concluindo-se pela viabilidade t�cnica desta titula��o.

Conforme nota da PBH, os conselheiros, a partir da avalia��o do dossi�, fizeram a vota��o com o parecer favor�vel ao reconhecimento. Assim, o largo recebeu o registro provis�rio, e decorrido o prazo regimental de 15 dias ap�s a publica��o da decis�o dos conselheiros no Di�rio Oficial do Munic�pio (DOM), e n�o havendo recursos contr�rios � decis�o, o bem receber� o t�tulo permanente.

HIST�RIA 

Segundo as pesquisas divulgadas pela Funda��o Municipal de Cultura/PBH, o Largo do Ros�rio � o nome dado ao espa�o em que se situavam a Igreja do Ros�rio (inaugurada em 1819) e seu cemit�rio (inaugurado em 1811), constru�dos pela Irmandade do Ros�rio dos Homens Pretos, em Curral del-Rei. As irmandades eram associa��es religiosas de leigos marcadas pelo la�o de solidariedade entre os integrantes para atender �s necessidades no campo terreno e espiritual. Especificamente, as irmandades de homens pretos eram alternativas encontradas pelos negros, exclu�dos das irmandades de brancos, que constru�am suas pr�prias associa��es dedicadas aos santos de sua devo��o (S�o Benedito, Santa Efig�nia, Nossa Senhora do Ros�rio) com a edifica��o de igrejas, cemit�rios, festas e celebra��es.

Durante a constru��o de BH, todos os im�veis que ficavam dentro dos limites da Avenida 17 de Dezembro (atual Avenida do Contorno) foram demolidos para dar espa�o a novas edifica��es. � �poca, a elite dirigente do estado pretendia construir uma capital moderna, semelhante a Paris e Washington, e apagar a mem�ria dos per�odos colonial e imperial brasileiro. A planta da cidade, assinada pelo engenheiro Aar�o Reis (1853-1936), representava esse ideal e n�o previa local para assentamento da massa de trabalhadores, composta em sua maioria por negros e imigrantes europeus.

Diz um trecho da pesquisa: “Excluindo a popula��o negra, principalmente, a �rea urbana da nova capital foi planejada com o objetivo de receber o aparato burocr�tico-administrativo do governo e os funcion�rios p�blicos, vindos de Ouro Preto (ex-capital). Com a proibi��o dos sepultamentos no entorno das igrejas, acrescida da demoli��o da capela e do Cemit�rio do Ros�rio, os corpos no cemit�rio da Irmandade do Ros�rio dos Homens Pretos n�o foram exumados e trasladados para o novo cemit�rio municipal (atual Cemit�rio do Bonfim)”.

Para substituir a Igreja do Ros�rio, um templo foi erguido na esquina da Avenida Amazonas com as ruas S�o Paulo e Tamoios, no Centro da cidade. Inaugurado em 1897, passou ao controle e propriedade da Arquidiocese de Belo Horizonte.

“A demoli��o do templo e a destrui��o do cemit�rio s�o fatos hist�ricos denunciados por lideran�as afro-brasileiras, que buscam, h� anos, reconstituir e resgatar as mem�rias da popula��o negra belo-horizontina.  Assim, a titula��o do bem representa uma importante contribui��o para o direito � mem�ria da comunidade afro-brasileira de Belo Horizonte e dos mun�cipes em geral, uma vez que todos t�m o direito de conhecer a hist�ria da cidade com toda a sua diversidade”, afirma a nota da PBH.

Enquanto isso...

Uberaba busca t�tulo para o espiritismo


A Funda��o Cultural de Uberaba (FCU), por meio do Departamento de Patrim�nio Hist�rico, iniciou nesta semana o Invent�rio de Prote��o do Acervo Cultural (Ipac) das institui��es religiosas do espiritismo kardecista, na modalidade "celebra��o e ritos", que existem na cidade. Segundo informa��es da FCU, em seguida, ser� preparado um dossi� (cole��o de documentos) para que assim seja poss�vel o registro do espiritismo como patrim�nio cultural imaterial do munic�pio. "Os centros de Uberaba que tiverem interesse em participar do Ipac podem entrar em contato pelo
 telefone 3331-9216, das 9h �s 17h, ou pelo e-mail [email protected]", ressaltou nota da FCU.  O coordenador do projeto, o historiador Gustavo Vaz, explica que a FCU come�ou a fazer as fichas de invent�rio com todos os dados hist�ricos dos centros, os quais ser�o remetidos ao Instituto Estadual de Patrim�nio Hist�rico e Art�stico (Iepha). Nascido em Pedro Leopoldo, o m�dium Francisco C�ndido Xavier, mais conhecido como Chico Xavier, que divulgou o espiritismo no Brasil, viveu em Uberaba de 5 de janeiro de 1959 at� 30 de junho de 2002, quando morreu.





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