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Estado de Minas TRANSPORTE P�BLICO

Superlota��o atropela at� promessa de tr�gua

Passageiros enfrentaram �nibus cheios e atrasos dentro e fora de hor�rios de pico ontem, em BH. � tarde, empresas fecharam acordo para normalizar circula��o


30/04/2022 04:00

 estações ficaram lotadas pela manhã
Com a redu��o das viagens, esta��es ficaram lotadas pela manh�, com centenas de passageiros se espremendo � espera de transporte (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press )

Usu�rios do transporte p�blico em Belo Horizonte viveram mais um cap�tulo de uma hist�ria ca�tica que parece ainda longe do fim. Com as empresas de �nibus em p� de guerra com o poder p�blico e o metr� em greve h� mais de um m�s, as concession�rias anunciaram a redu��o da circula��o de coletivos fora do hor�rio de pico a partir de ontem. Mas os relatos de passageiros e at� de profissionais que atuam no setor s�o de que a circula��o foi diminu�da tamb�m nos per�odos mais procurados pelos passageiros. Os problemas, que j� eram sentidos na qualidade do transporte e na rotina dos passageiros, se aprofundaram. E nem um acordo fechado durante a tarde com a prefeitura parece ter surtido efeito.

Na quinta-feira,  o cons�rcio Transf�cil, composto pelas empresas de transporte p�blico da capital, anunciou que as viagens seriam reduzidas fora do hor�rio de pico, alegando falta de condi��es financeiras das concession�rias para manter os hor�rios. O que os usu�rios relataram, no entanto, foi um cen�rio de atrasos e coletivos superlotados desde as 6h. Na Esta��o S�o Gabriel, Regi�o Nordeste de BH, os passageiros se aglomeravam e formavam longas filas para conseguir se espremer em �nibus abarrotados.

Um motorista do Move, que n�o quis se identificar, confirmou � reportagem do Estado de Minas que a frota de �nibus foi reduzida tamb�m nos hor�rios de pico. “Reduziu sim. � uma situa��o ruim para n�s tamb�m, que ficamos com medo pelo nosso emprego”, contou. O relato dos passageiros seguiu na mesma linha. “Sempre pego �nibus no mesmo hor�rio, estou esperando j� faz tempo”, contou o lojista Mateus Silva, de 70 anos, que aguardava o Move no terminal desde as 7h. Segundo ele, a redu��o na oferta dos �nibus come�ou na noite anterior ao an�ncio do Cons�rcio Transf�cil. “Na volta n�o tinha �nibus. Cheguei aqui no hor�rio de sempre e fiquei mais de uma hora esperando”, relatou.

Os passageiros afirmam que, mesmo ap�s a retomada das atividades que haviam sido suspensas na pandemia, os �nibus continuam com os hor�rios reduzidos. � o caso da contadora Vanessa Mendes, de 43. Ela costumava pegar o �nibus por volta das 7h, por�m, desde o in�cio da pandemia, precisa sair uma hora mais cedo para chegar ao trabalho a tempo. “N�o sei como eles v�o reduzir mais do que isso. J� fico mais de uma hora esperando no ponto, principalmente na volta para casa, e mal consigo entrar de t�o cheio que fica”, conta. Para driblar esse cen�rio, a servidora p�blica diz ter conseguido flexibilizar o hor�rio de trabalho. “Saio um pouco mais cedo para n�o chegar t�o tarde em casa, mas n�o � em todo lugar que tem essa flexibilidade”, lembra.

As dificuldades para embarcar
As dificuldades para embarcar continuaram a torturar os usu�rios no fim da tarde e in�cio da noite, depois de um dia de trabalho (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press )


LOG�STICA 

Para o estudante Leonardo Aguiar, de 23, h� um problema de log�stica na opera��o dos  coletivos. “Eles criaram o Move para facilitar a ida ao Centro, mas as linhas alimentadoras dos bairros est�o circulando de uma em uma hora. Isso no papel, na pr�tica a gente passa mais tempo esperando o �nibus do que dentro dele. Se voc� perde um �nibus, � mais de uma hora esperando”, disse. “Todos os servi�os voltaram, mas os �nibus n�o retomaram o hor�rio normal. Antes de diminu�rem a frota, n�s j� est�vamos sofrendo com redu��o e superlota��o de �nibus. Dentro dos �nibus est� um verdadeiro caos”, complementa.

Um levantamento da BHTrans publicado pelo Estado de Minas no m�s passado mostrou que a queixa dos passageiros tem embasamento num�rico: em mar�o, com a situa��o da COVID-19 j� controlada na capital, a demanda de usu�rios ultrapassava a marca de 70% da procura m�dia pr�-coronav�rus. Enquanto isso, a oferta de coletivos nunca passou desse percentual.

ACORDO 

Entre os picos de procura pelos coletivos da manh� e do fim da tarde, os usu�rios de �nibus tiveram uma not�cia alvissareira: ap�s reuni�o com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), as empresas de transporte aceitaram recuar da decis�o e retomar a capacidade m�xima do servi�o. Antes mesmo do encontro com representantes das concession�rias, o prefeito Fuad Noman (PSD) havia classificado a medida como maldade: “Nesse momento, tirar os �nibus do hor�rio de pico, que eles prometeram que n�o fariam, eu acho que � uma maldade. E a prefeitura n�o vai ficar alheia a isso. A prefeitura vai penaliz�-las (as empresas) na forma do contrato, sem d�vida nenhuma”.

Essa n�o foi a primeira vez que as empresas de �nibus aceitaram recuar de uma medida de redu��o do servi�o. Ainda em mar�o, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH) anunciou um “plano de guerra” ap�s o aumento do pre�o do diesel, mas recuou alguns dias depois, tamb�m ap�s uma reuni�o com a prefeitura, ent�o comandada por Alexandre Kalil (PSD).

Na pr�tica, no entanto, a sexta-feira continuou complicada para os passageiros. No fim da tarde, usu�rios do transporte p�blico ouvidos pela reportagem seguiram relatando atraso nas viagens. Em um ponto no Barro Preto, Centro-Sul da capital, a contadora Ana Carolina, de 26, reclamou do servi�o enquanto esperava pelo primeiro dos dois �nibus que a levam at� onde mora, no Bairro Camargos, Regi�o Noroeste. “L� no Camargos est� muito ruim. Sem o metr� ent�o fica p�ssimo, voc� j� chega para o segundo ponto completamente lotado e hoje, como diminu�ram os �nibus, ficou pior ainda. Agora � noite, estou voltando para casa e est� demorando mais do que o habitual”, relatou.

O aperto tamb�m foi relatado pelo auxiliar administrativo Os�ias Neri, de 42, que conversou com a reportagem a bordo de um Move com destino � Esta��o Pampulha. Segundo ele, as dificuldades da manh� se repetiram no in�cio da noite. “Fiquei uns 30 minutos esperando o 5250 – Esta��o Pampulha/Bet�nia. Est� muito dif�cil, os �nibus est�o superlotados, inclusive pela greve do metr�, mas hoje (ontem) foi um dos piores dias, tanto na ida como na volta”, conta. A PBH n�o informou se aplicou algum tipo de multa �s empresas. O Minist�rio P�blico anunciou que investigar� o an�ncio de redu��o de viagens fora do hor�rio de pico.

A contadora Vanessa Mendes
A contadora Vanessa Mendes teve que negociar flexibiliza��o de hor�rio para driblar a superlota��o dos �nibus (foto: Fotos: Jair Amaral/EM/D.A Press )
Leonardo Aguiar
Para Leonardo Aguiar, h� falha na log�stica entre o Move e as linhas alimentadoras, o que contribuiu para o aperto
O lojista Mateus Silva
O lojista Mateus Silva ficou mais de uma esperando transporte pela manh�, em pleno hor�rio de pico na capital


Impasse agravado por greve no metr�

As reclama��es dos usu�rios de transporte p�blico na capital s�o feitas em meio a um contexto de impasse que envolve, desde o fim de 2021, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), a C�mara Municipal e as empresas de �nibus. As empresas alegam que o contrato vigente com o Executivo municipal � ultrapassado e que as concession�rias n�o conseguem manter seu funcionamento sem um aumento da tarifa, fonte �nica de financiamento das companhias. Na Justi�a, as empresas conseguiram  uma liminar que determina que a passagem principal dos �nibus de BH chegue a R$ 5,85, com alta de 30% sobre o valor cobrado atualmente.

A alternativa encontrada pela prefeitura para evitar a aplica��o do reajuste � aprovar na C�mara Municipal um projeto de lei que estabelece subs�dio das gratuidades previstas em lei �s empresas e a redu��o da tarifa em R$ 0,20. A proposta, no entanto, j� foi piv� de uma s�rie de embates entre Legislativo e Executivo desde fevereiro deste ano.

A crise � agravada pela paralisa��o do metr� de Belo Horizonte desde 21 de mar�o. Durante o per�odo, os metrovi�rios operam apenas das 10h �s 17h. Fora dos hor�rios de pico, o servi�o deixa de atender 70 mil passageiros diariamente, segundo a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU). Naturalmente, isso aumenta a demanda pelos �nibus.

Os metrovi�rios em greve protestam contra o processo de privatiza��o do transporte gerenciado pelo Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), ligado ao Minist�rio da Economia, do governo federal. O Sindicato dos Empregados em Transportes Metrovi�rios e Conexos de Minas Gerais (Sindimetro-MG) reivindica a manuten��o do emprego dos 1,6 mil servidores concursados depois da privatiza��o do metr� ou a realoca��o dos funcion�rios para outras unidades da CBTU.

Segundo o Sindimetro, a categoria aguarda uma sinaliza��o de negocia��o por parte do governo federal para discutir o fim da paralisa��o, mas n�o teve qualquer resposta ao longo dos quase 40 dias de movimento. Procurado pela reportagem, o Minist�rio da Economia respondeu que n�o comenta o caso.


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