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Estado de Minas PROJETO POL�MICO

Licen�a para minera��o p�e em jogo celeiro de riquezas na Serra do Curral

Cavernas relevantes, nascentes e esp�cies raras comp�em trecho do cart�o-postal percorrido pelo EM. �rea dever� abrigar minera��o j� com aval do Copam


03/05/2022 04:00 - atualizado 03/05/2022 08:34

cacto Arthrocereus glaziovii
Rar�ssimo, o cacto Arthrocereus glaziovii � visto na �rea destinada ao complexo miner�rio: a esp�cie s� ocorre nas montanhas de canga do Quadril�tero Ferr�fero (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

Cavernas de m�xima relev�ncia dotadas de fauna rec�m-descoberta e pouco estudada. Nascentes que correm para o Rio das Velhas ajudam a diluir a sua polui��o. Muros de pedras que serviam de pouso para o gado que alimentava as Minas do s�culo 18 e um rar�ssimo cacto denominado Arthrocereus glaziovii, esp�cie amea�ada de extin��o que s� ocorre nas montanhas de canga de min�rio de ferro do Quadril�tero Ferr�fero. Todo esse patrim�nio se encontra amea�ado, de acordo com ambientalistas, ap�s a implanta��o de novo projeto de minera��o ter sido permitida na Serra do Curral pelo Conselho Estadual de Pol�tica Ambiental (Copam), na madrugada do dia 30 de abril. Por 8 a 4, os conselheiros votaram a favor do projeto da Taquaril Minera��o S.A. (Tamisa), que prev� a instala��o do Complexo Miner�rio Serra do Taquaril (CMST) em uma �rea equivalente a 1.200 campos de futebol, na regi�o da Fazenda Ana Cruz, entre BH e Nova Lima.

- Isabella Ricci: Serra do Curral, quando o valor importa menos que o pre�o

Ontem, primeiro dia �til depois de os conselheiros do Copam concederem a permiss�o, a reportagem do Estado de Minas foi at� os locais onde a Tamisa instalar� a explora��o de min�rio de ferro. Os acessos por estradas e trilhas para chegar pr�ximo ao empreendimento estavam fechados pela mineradora, que controla esses caminhos. Para mostrar a riqueza natural amea�ada, a reportagem teve de trilhar por 7,5 quil�metros de vias alternativas, muitas delas abertas naturalmente por enxurradas, tendo de retornar por Nova Lima.

Flores silvestres da Serra do Curral
Flores silvestres de v�rias cores comp�em a paisagem da serra, cujo tombamento est� em an�lise (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)


A mina ter� tr�s pontos de extra��o de min�rio de ferro, que s�o as cavas. No interior da vegeta��o de campos rupestres, no caminho para o espa�o reservado para a instala��o da Cava Norte do projeto foi encontrada uma caverna j� muito impactada. Acima de uma das trilhas, o t�nel se aprofunda a mais de dois metros do ch�o em um dos pared�es da serra. V�ndalos deixaram picha��es, mas uma grande rachadura parece se ampliar com o tempo e pode sofrer e at� desabar caso ocorra movimenta��o pesada da atividade miner�ria na Cava Norte, a 600 metros dali.

E essa n�o � a �nica cavidade rochosa dentro ou pr�xima � �rea destinada ao empreendimento miner�rio. Ao todo, h� 49 cavernas nessa situa��o de alerta, sendo 12 delas de alta relev�ncia, ou seja, s�o necess�rias compensa��es para atividades que as amea�arem. Uma das cavernas, que fica a apenas 200 metros da futura cava, � considerada de m�xima relev�ncia e n�o pode ser impactada. E um dos motivos para essa import�ncia est� em um inseto que vive ali e que ainda nem sequer recebeu um nome.

"� impens�vel se permitir um empreendimento t�o pr�ximo de cavernas como essas. Na caverna de m�xima relev�ncia est� sendo estudado um opili�o (um aracn�deo, como as aranhas) que apresenta caracter�sticas troglom�rficas (pode ter se adaptado ao ambiente de cavernas) e ainda n�o foi descrito. O animal � min�sculo, tem apenas dois mil�metros de comprimento. Mesmo pequenas modifica��es no ambiente da caverna, como a poeira gerada pela minera��o, j� poderiam comprometer totalmente a vida desse animal na gruta que fica a 200 metros da cava", observa o professor de qu�mica pesquisador em espeleologia e ambientalista, Luciano Faria.
 caverna na Serra do curral
Na �rea destinada ao empreendimento, h� 49 cavernas em situa��o de alerta, 12 delas consideradas de alta relev�ncia: uma � habitada por opili�o rec�m-descoberto e que ainda nem foi batizado (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

Do alto da serra, corre tamb�m muita �gua. E impactos sobre esses recursos h�dricos tamb�m s�o uma preocupa��o dos ambientalistas que defendem a n�o instala��o do projeto da Tamisa. S� no mapeamento de drenagem de c�rregos h� 24 nascentes descendo das rochas de canga da serra para o Rio das Velhas, em Nova Lima e Raposos, onde a polui��o j� � grande e, por isso mesmo, quanto mais �gua de boa qualidade melhor para a flora e a fauna do rio.

Em toda a Serra do Curral sobrevive o cacto Arthrocereus glaziovii, amea�ado de extin��o, em boa parte devido � minera��o nas montanhas do Quadril�tero Ferr�fero, �nico local no planeta onde existe essa esp�cie. A exist�ncia do cacto motivou inclusive o fechamento a turistas da travessia pela serra entre os parques das Mangabeiras e Serra do Curral. Impacto certamente muito menor do que a remo��o de cactos para escavar minas, erguer pilhas de rejeitos e abrir estradas.
T�o raro quanto o cacto end�mico do Quadril�tero Ferr�fero � o testemunho de sua flora��o, que ocorre apenas � noite e nos meses de dezembro e janeiro. � nesses meses que as cores das p�talas do cacto se unem �s das demais flores selvagens em v�rias cores: amarelas, azuis, roxas e brancas, entre outras.


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