
Depois de crimes cibern�ticos envolvendo falso sequestro, novos tipos de golpes est�o se tornando cada vez mais frequentes em Minas Gerais. Trata-se de estelionatos aplicados a partir da cria��o de perfis falsos ou contas ‘hackeadas’ nas redes sociais. Embora o modelo de golpe n�o seja novo, vem fazendo cada vez mais v�timas, conforme dados da Secretaria de Estado de Justi�a e Seguran�a P�blica (Sejusp). Somente neste ano, foram registradas mais de 12 mil ocorr�ncias desse tipo no estado.
Desse total, 37% ocorreram em Belo Horizonte. Os dados apontam um crescimento alarmante desse perfil de crime. Somente no ano passado, Minas contabilizou mais de 28 mil ocorr�ncias de estelionato digital, volume 51% superior ao registrado em 2020 (18 mil). Esse n�mero � quase tr�s vezes maior do que a m�dia registrada tr�s anos atr�s, que foi de 8.546.
Na quarta-feira, K.S. foi alvo de uma tentativa de golpe. O criminoso entrou em contato pelo WhatsApp, por volta das 16h30, fingindo ser filho dela. A conversa come�a com o golpista enviando uma mensagem em que diz que trocou de n�mero. O filho em quest�o, por�m, � uma crian�a. “Na hora, eu estava em casa com meu marido e meu filho, que tem s� 11 anos. Eu fiquei com muito medo. Passei o telefone para o meu marido e ele seguiu dando corda na conversa”, conta K.S.
O golpista, ent�o, solicita um dep�sito de R$ 1.500 alegando estar com dificuldades para realizar uma transfer�ncia por problemas em seu aplicativo banc�rio. “Ele disse que precisava pagar uma conta. Meu marido foi conversando com ele, at� perguntou como estava a noiva”, comenta. Zombando do criminoso, o marido de K.S. chega a dizer que fez um dep�sito maior, no valor de R$ 4.500, e que enviou o comprovante por e-mail.
No caso de K.S., o criminoso n�o obteve �xito, mas, segundo a advogada especialista em direito digital Elaine Keller, os golpistas muitas vezes investigam as redes sociais das pessoas em busca de informa��es sobre a rotina de suas v�timas, dados valiosos para o sucesso do crime. “Eles costumam se passar por pessoas que s�o ativas nas redes sociais e t�m perfis abertos. Pegam um pouco de como a pessoa se comunica para ter mais credibilidade na hora de se passar por ela no contato com amigos e familiares”, explica.
No caso de K.S., o criminoso n�o obteve �xito, mas, segundo a advogada especialista em direito digital Elaine Keller, os golpistas muitas vezes investigam as redes sociais das pessoas em busca de informa��es sobre a rotina de suas v�timas, dados valiosos para o sucesso do crime. “Eles costumam se passar por pessoas que s�o ativas nas redes sociais e t�m perfis abertos. Pegam um pouco de como a pessoa se comunica para ter mais credibilidade na hora de se passar por ela no contato com amigos e familiares”, explica.

Com habilidade para ludibriar, os criminosos se passam at� mesmo por �rg�os oficiais. “Recentemente, tivemos casos de golpistas se passando por funcion�rios do Minist�rio da Sa�de para tentar clonar o WhatsApp da v�tima. Por telefone ou mensagens via WhatsApp, eles diziam estar realizando uma pesquisa sobre a COVID-19”, conta. Ela alerta, ainda, para as pessoas terem cuidado com abordagens sazonais. “Eles aproveitam datas especiais. Como estamos em ano eleitoral, pode ser que o pr�ximo golpe envolver� uma pesquisa para avaliar inten��o de voto”, avisa a advogada.
Vulnerabilidade
A t�cnica utilizada nesses casos, segundo o especialista em seguran�a digital Alan Morais, � chamada engenharia social, quando as pessoas s�o induzidas a revelar dados pessoais que d�o pistas para encontrar outras informa��es na rede. “Quando se fala em crimes cibern�ticos, as pessoas imaginam uma supertecnologia, mas muitas vezes � mais simples do que parece. N�o estamos falando do emprego de uma alta tecnologia; os criminosos utilizam um m�todo de ‘engenharia social’, investigando a vida das v�timas”, conta.
Aplica��o de perfil falso alimenta rede porn�
Ana Raquel Lelles
Contas falsas que tentam aplicar golpes com uso de pornografia tamb�m v�m se proliferando em redes sociais como o Instagram. Os criminosos seguem um padr�o: pegam fotos de mulheres postadas com biqu�nis e decotes, mudam uma ou duas letras do user, mant�m o nome da pessoa e escrevem uma bio em espanhol com link direcionado a um site adulto.
Uma das v�timas foi T. R, de 24 anos, que acordou na quinta-feira com liga��es e mensagens de amigos avisando sobre o perfil falso com sua imagem e nomes quase id�nticos. O golpista bloqueou o perfil verdadeiro de T., estrat�gia usada para dificultar que as v�timas denunciem a conta falsa. “Pediram para seguir meu Instagram privado, que compartilho s� com pessoas mais pr�ximas. Eles (os golpistas) pegaram as fotos que julgaram ser mais ‘sensuais’”, comentou a mineira.
O padr�o de golpe se repetiu com L.J., de 24. Ela tamb�m acordou com liga��es de amigos avisando sobre o golpe. “Me assustei muito”, desabafou. Como em outras a��es de invas�o, foi bloqueada pelo golpista e precisou de ajuda dos amigos para derrubar a conta, que j� est� desabilitada. “Minha prioridade era tirar a conta do ar, j� que estavam usando meu nome e minha imagem para divulgar conte�dos impr�prios”, contou ao EM.
Com ajuda de amigos, os perfis falsos de T. e L.J acabaram desativados. “At� pessoas que n�o conversam muito comigo me mandaram mensagem e ajudaram a denunciar. Tamb�m coloquei no meu stories o perfil original explicando o que aconteceu”, relatou T. “A �nica coisa que estava ao meu alcance foi pedir que denunciassem a conta, j� que estava bloqueada e n�o conseguia ter mais informa��es”, disse L.J.