
O que era para ser a finaliza��o de um ciclo feliz ap�s dois anos e uma gravidez, tornou-se uma frustra��o para a bi�loga Ambar Soldevila Cordoba. A estudante de p�s-gradua��o em Ecologia da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) teve o t�tulo de mestre negado, mesmo ap�s apresentar a sua disserta��o sobre a flora de sempre-vivas na Serra do Cara�a. O motivo foi n�o ter conseguido entregar as corre��es no texto dentro do prazo estabelecido, j� que deu � luz ao filho Caetano, 19 dias ap�s a apresenta��o do trabalho final.
A bi�loga conta que engravidou no �ltimo ano do mestrado e que apresentou sua disserta��o com 36 semanas de gesta��o, j� que a ela foi negado o pedido de licen�a maternidade, em decorr�ncia de que o filho nasceria fora do per�odo de reg�ncia da bolsa da Coordena��o de Aperfei�oamento de Pessoal de N�vel Superior (Capes). Isso porque o �rg�o determina que as bolsistas de mestrado gr�vidas t�m direito a quatro meses de licen�a-maternidade, contados ap�s o nascimento da crian�a.
Sendo assim, ela solicitou ao Programa de P�s-gradua��o (PPG) em Ecologia de Biomas a prorroga��o do prazo de entrega da disserta��o, tendo em vista o extremo estresse e as dificuldades do puerp�rio, que tamb�m eram financeiras, uma vez que ela perdeu a bolsa de R$1.500,00 que recebia do mestrado. "A resposta foi muito clara: eu n�o tinha direito � licen�a maternidade, e deveria trabalhar com o tempo que tinha", relembra.
Como consta no manual do aluno dispon�vel na p�gina do PPG, o prazo � improrrog�vel para a entrega da vers�o definitiva da disserta��o e submiss�o do artigo. Ou seja, caso essa determina��o n�o seja cumprida, o estudante n�o tem direito ao t�tulo de mestre, por mais que ele tenha feito todo o curso. Ambar tamb�m � propriet�ria, junto com o marido, de uma pizzaria em Lavras Novas, que sofreu com o impacto da pandemia. Ent�o, em decorr�ncia das dificuldades da maternidade e financeiras, n�o conseguiu terceirizar os cuidados com o filho e com a rotina dom�stica.
Assim, foi impossibilitada de entregar as corre��es a tempo, tendo o seu caso encaminhado ao Colegiado do PPG. Contudo, como o caso n�o se enquadra nas resolu��es da universidade, ele foi encaminhado ao setor jur�dico, que determinou que a resolu��o seria do pr�prio Colegiado.
Enquanto as decis�es estavam em curso, a bi�loga conseguiu entregar a vers�o definitiva da disserta��o e submeter o artigo, tudo antes da reuni�o na qual o Colegiado julgaria sobre o seu t�tulo. Ainda assim, ela teve o direito ao t�tulo de mestre negado.
No in�cio da semana, Ambar fez uma publica��o em seu perfil no Instagram, relatando toda a sua hist�ria, no intuito de sensibilizar pessoas para pressionarem a UFOP para a obten��o do t�tulo. Rapidamente, o relato ganhou repercuss�o, inclusive sendo apoiado por personalidades como a deputada federal �urea Carolina (Psol/MG), a m�dica e cantora J�lia Rocha, a escritora Tha�s Vilarinho, a doutora Ligia Moreiras, a doula Polly do Amaral e a comunicadora Giovanna Nader.

Com essa repercuss�o, ela espera conseguir, de volta, o seu t�tulo, t�o importante para o seu curr�culo profissional. Para a bi�loga, "as oportunidades de emprego s�o ainda maiores quando se tem t�tulos de mestrado e de doutorado, ainda mais sendo m�e".
"Eu vou lutar, recorrer da decis�o e fazer tudo o que for poss�vel por esse t�tulo de mestre. Pois ele � meu, por direito!", destaca.
Leia o relato da bi�loga na �ntegra, publicado em sua p�gina no Instagram
Posicionamento da UFOP
Em nota publicada no site institucional, a UFOP alega que "o caso est� sendo acompanhado pela coordena��o do programa de p�s-gradua��o envolvido e pelas inst�ncias superiores j� h� dois meses, quando a quest�o foi julgada", acrescentando que o conselho superior relacionado ao tema est� a cargo de avaliar a situa��o.
No mesmo texto, ainda ressaltou que tanto a determina��o dos prazos de apresenta��o de trabalhos finais de mestrado, de doutorado, quanto a concess�o de bolsas estudantis seguem determina��es nacionais. Dessa forma, n�o � facultada �s institui��es "a possibilidade de definir prazos ou de oferecer condi��es diferenciadas para estudantes devido a fatores ou circunst�ncias que possam interferir em seus processos de forma��o".
A nota foi assinada pela Reitora da universidade, Profª. Cl�udia Aparecida Marli�re de Lima, e pela Pr�-Reitora de Pesquisa, P�s-Gradua��o e Inova��o, Profª. Renata Guerra de S� Cota, que inclu�ram pol�ticas internas de apoio �s m�es universit�rias.
"Solidarizamo-nos nas discuss�es sobre a necessidade de que o campo da pesquisa tenha maior sensibilidade com as mulheres que se disp�em a fazer pesquisa no Brasil, oferecendo contribui��es excepcionais em todas as �reas. Este debate � urgente e n�o afeta somente a n�s mesmas! � primordial para toda a sociedade!", finalizaram.
Pol�ticas de apoio �s m�es universit�rias na UFOP
Em 25 de abril deste ano, a UFOP passou a disponibilizar o acesso aos Restaurantes Universit�rios (RUs) de todos os campi aos filhos e filhas de m�es e pais estudantes. Como medida de combate � dissemina��o de COVID-19, para crian�as com mais de 5 anos, � exigida a apresenta��o do passaporte vacinal.
A medida surgiu a partir do debate com o projeto Maternidade e Universidade (ManU), que apresentou a solicita��o � Pr�-Reitoria de Assuntos Comunit�rios e Estudantis em novembro de 2021.
Cam�lia Penna, orientadora do projeto, ressaltou que o direito de acessar o RU pelos filhos e filhas de estudantes da UFOP � uma conquisa capaz de potencializar "a perman�ncia de m�es estudantes na UFOP".
Al�m dessa conquista recente, outras foram as solicita��es no "Dossi�: ser m�e universit�ria", dentre elas: bolsas moradia e aux�lio-cuidador, brinquedoteca, palestras e eventos sobre a tem�tica, cadeiras para gestantes nas salas de aula e para alimenta��o no RU, al�m de trabalhos alternativos para suprir as faltas em decorr�ncia dos cuidados necess�rios com as crian�as.