PRF: estrada mais mortal do pa�s fica em Minas e n�o � a BR-381
Trecho mineiro da BR-040 teve, em 2021, a maior propor��o de mortos em rela��o ao volume de acidentes de todo o pa�s, indica anu�rio da PRF
Rodovia BR-040 se torna uma das mais perigosas do pa�s, segundo dados da PRF (foto: Edesio Ferreira/EM/D.A Press)
A viol�ncia que se esconde por tr�s de curvas e em meio �s �reas industriais conurbadas que tornaram temida e famosa a BR-381, na sa�da para o Esp�rito Santo, em Minas Gerais, paira tamb�m sobre a BR-040, transferindo o macabro t�tulo de “Rodovia da Morte” para o trecho entre Sim�o Pereira, na Zona da Mata, quase divisa com o Rio de Janeiro, e Paracatu, Noroeste de Minas, pr�ximo � divisa com Goi�s.
O segmento de 850 quil�metros da estrada que liga a capital fluminense ao Distrito Federal, passando por Belo Horizonte, mata uma pessoa a cada 12 acidentes registrados em um trajeto de curvas fechadas, asfalto escorregadio, trechos sem acostamento e palco de muita imprud�ncia, como mostra a reportagem do Estado de Minas.
Com base nessa escala de letalidade nas ocorr�ncias, a BR-381, nos 990 quil�metros entre Extrema (Sul de Minas, divisa com S�o Paulo) e Mantena (Regi�o Leste, na divisa com o Esp�rito Santo), seria a quinta pior estrada do Brasil, com 14,7 batidas, capotamentos, atropelamentos e outros desastres a cada �bito registrado. Os dados fazem parte do Anu�rio Estat�stico 2021 da Pol�cia Rodovi�ria Federal (PRF).
Na escala de letalidade por trecho, o Paran� tem a segunda pior rodovia, a BR-376, com um caso fatal a cada 13,2 acidentes, e a terceira, a BR-277 (13,68 desastres por �bito). O Rio de Janeiro aparece em seguida nos levantamentos da PRF, com a BR-116, que registra uma vida perdida a cada 13,72 ocorr�ncias.
Com base nos n�meros, a equipe do EM percorreu trechos da BR-040 e constatou in�meros obst�culos e armadilhas nos dois sentidos da rodovia que partem da capital mineira, situa��es que ajudam a explicar o potencial de letalidade dos desastres na estrada.
Na sa�da para Bras�lia, o tr�fego pesado � marca em bairros populosos da Grande BH, especialmente em Contagem e Ribeir�o das Neves, que misturam fluxo urbano entre os transportes pesados de cargas, al�m dos de passageiros e de viagem.
Nesse percurso, com as fortes chuvas que marcaram o in�cio do ano, muitos trechos de acostamento que foram engolidos por eros�es continuam como armadilhas � espera de reparos. Mas a principal reclama��o dos motoristas at� Sete Lagoas, a 70 quil�metros de Belo Horizonte, � sobre a pista escorregadia por derramamentos constantes de cargas como carv�o e min�rio destinados �s sider�rgicas, o que termina com carros e carretas sofrendo derrapagens e se acidentando fora da pista ou na valeta central que separa as duas m�os de dire��o.
Rodovia BR-040 se torna uma das mais perigosas do pa�s, segundo dados da PRF (foto: Edesio Ferreira/EM/D.A Press)
A TODO VAPOR
J� na sa�da para o Rio de Janeiro, o principal desafio para condutores e pedestres em regi�o tamb�m densamente povoada � o tr�fego pesado e r�pido de carretas e caminhonetes de mineradoras entre BH, Nova Lima, Brumadinho e Itabirito. Ve�culos cujos motoristas muitas vezes protagonizam manobras arriscadas e desrespeito � velocidade m�xima regulamentada. O uso de um radar remoto � suficiente para deixar claro que os ve�culos que mais transgridem os limites s�o prestadores de servi�os em carretas das minas e frotistas em picapes terceirizadas para mineradoras.
Em trecho de seis quil�metros entre Nova Lima, Itabirito e Brumadinho, em 10 minutos foram registrados 46 ve�culos excedendo o limite de 80km/h e ultrapassando a toler�ncia de 88km/h, no fim da manh� de uma ter�a-feira. O mais veloz deles foi uma caminhonete com adesiva��o reflexiva e as bandeiras exigidas para ingressar na minera��o, que marcou 134km/h, excedendo em 67,5% o m�ximo permitido para a via.
No mesmo dia, um apito grave de buzina ao longe chamou a aten��o para duas carretas trafegando no sentido BH do trecho. Uma delas precisou entrar bruscamente na pista da direita, seguida de outra, coberta por p� de min�rio, que a ultrapassou sem esfor�o pela esquerda, marcando 120km/h, 50% a mais que o limite naquele trecho da estrada mais letal do Brasil em 2021.
Em baixa velocidade devido �s condi��es dos acessos e � falta de acostamentos, ve�culos que v�m de vias secund�rias tamb�m representam amea�a quando se arriscam em manobras perigosas. � comum tamb�m observar motociclistas fazendo retornos pelos canteiros centrais que separam os fluxos de dire��o da 040, aproveitando-se de estreitas janelas de oportunidade entre o tr�fego veloz.
MOTORISTA QUASE ENTRA NA ESTAT�STICA
Na BR-040, as p�ssimas condi��es dos terrenos usados como acostamento onde essas estruturas n�o existem tamb�m trazem momentos de tens�o, em que a diferen�a entre o sucesso da manobra e um desastre podem estar em detalhes muitas vezes n�o controlados pelos condutores. Em um desses espa�os, em Brumadinho, um velho Fiat Uno teve dificuldades para sair do acostamento deteriorado e entrar na pista de sentido Rio de Janeiro.
Depois de v�rios minutos – pelo menos 10 –, com pesco�o torcido, rosto virado e os olhos quase fechados pelo reflexo do sol, o condutor enfim viu uma chance de entrar na rodovia. Mas, ao acelerar, o carro foi retido quando as rodas da frente ca�ram em um buraco escavado pelas chuvas antes da pista de asfalto. Ele acelera, mas mais uma vez a roda recebe um impacto, desta vez do desn�vel alto entre o asfalto e a terra erodida, obrigando o homem a exigir mais do pedal do acelerador. Com os caminh�es e carros j� muito pr�ximos, ele consegue, enfim, ganhar velocidade e seguir viagem antes de se tornar mais um n�mero nas estat�sticas.
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