
O relato de Ester viralizou no Twitter na �ltima sexta-feira (24/6). A estudante contou sobre o crime do qual foi v�tima e movimentou a rede social com uma campanha para conseguir comprar um novo aparelho auditivo. Em entrevista ao Estado de Minas, ela relata como foi roubada e como � poss�vel ajud�-la a ouvir novamente.
A estudante mora na Regi�o do Barreiro e estava em um �nibus da linha 3050 quando teve o aparelho furtado em 13 de junho. Ela conta que usa uma corda para prender o implante na roupa para evitar roubos e que foi orientada a faz�-lo pela fonoaudi�loga que a atendeu durante o tratamento para instala��o do implante. A estrat�gia, no entanto, n�o foi suficiente para evitar o crime.
“Eu estava cochilando, quando eu acordei eu passei a m�o na cabe�a e percebi que n�o estava ouvindo mais e estava sem o implante e a presilha que � super forte e fica presa na camisa, estava presa, mas com a corda com aspecto de cortada, n�o um aspecto de que foi arrebentada”, relata.

Ester conta que come�ou a perder a audi��o aos 11 anos de forma gradativa at� ficar surda, aos 15. A causa � desconhecida, mas ela acredita que seja heredit�ria, j� que o irm�o tamb�m n�o escuta bem e o pai, j� falecido, era surdo.
Ela entrou na fila para o implante j� aos 16 anos e ficou sem respostas por um longo tempo. Foi s� quando come�ou a atuar na �rea do Direito, seu curso universit�rio, que conseguiu uma orienta��o sobre um problema no seu registro no Sistema �nico de Sa�de (SUS)
“Aos 21 anos, entrei em um escrit�rio de advocacia como estagi�ria. Por coincid�ncia, um dos advogados do escrit�rio � filho do cirurgi�o que faz os implantes no Hospital das Cl�nicas. Eu estava "perdida" na rede de sa�de auditiva, estava registrada, mas n�o corretamente. O pai dele corrigiu isso, descobriu o erro e demos in�cio, tinha muitos exames pra fazer, o escrit�rio pagou os exames para o procedimento sair mais r�pido, e a cirurgia foi pelo SUS”, conta.
O aparelho auditivo � uma extens�o do implante. Utilizado na parte externa da orelha, ele se comunica com o implante interno e permite que Ester escute. Sem o equipamento ela n�o consegue ouvir nada.
Ap�s ter o aparelho furtado, a estudante procurou saber o pre�o de um equipamento novo, mas o pre�o a assustou. O valor gira em torno de R$30 mil reais e est� fora das condi��es or�ament�rias. Para ajudar a conseguir voltar a ouvir, ela lan�ou uma vaquinha online para que as pessoas possam contribuir com a causa. Para participar, basta acessar este link.
No Twitter, Ester tamb�m divulgou a op��o de ajudar via PIX.
O aparelho � de um valor que me fez ficar sem ch�o.... pic.twitter.com/Zdj1S0xiIs
%u2014 Uma surda que ouve (@TransbordePoeta) June 25, 2022
Crime comum
O roubo do aparelho auditivo fez Ester conhecer muitas pessoas com hist�rias parecidas com a dela. A estudante conta que n�o est� nem tendo tempo de responder aos relatos de quem tamb�m teve o equipamento que permite a audi��o roubado. At� casos de crime a m�o armada lhe foram relatados.
Ela diz que pessoas surdas ou com defici�ncia auditiva s�o visadas por criminosos. Algumas, inclusive, t�m medo de usar identifica��es importantes, como a indica��o usada em carros, para n�o chamar a aten��o de ladr�es.
“Um exemplo que eu vou te dar � que as pessoas que t�m defici�ncia auditiva ou s�o surdas, quando tiram a habilita��o, podem colocar na traseira do carro um adesivo que mostra que aquele condutor tem defici�ncia auditiva ou � surdo. Tem gente que prefere n�o colocar esse adesivo porque eles t�m medo de algu�m pensar: ‘olha, o motorista � surdo, � mais f�cil de roubar, ele deve ter um aparelho, deve ter um implante’”, afirma.