(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas MEIO AMBIENTE

Recupera��o da Pampulha entre esperan�a e d�vidas

Prefeitos e Copasa assinam acordo para despoluir lagoa, com aporte de R$ 146,5 mi. Popula��o aprova e ambientalistas criticam falta de debate no projeto


08/07/2022 04:00 - atualizado 08/07/2022 06:41

Luciana Carvalho
Moradora de Contagem, pr�ximo ao C�rrego Sarandi, Luciana Carvalho diz esperar que obras saiam do papel: "Todos estamos cansados de promessas" (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press)

 

 O projeto de recupera��o da Lagoa da Pampulha apresentado pelas prefeituras de Belo Horizonte e Contagem e pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) foi comemorado pela popula��o da capital, mas visto com certa desconfian�a por ambientalistas. A principal cr�tica � de que o plano de despolui��o de um dos principais cart�es-postais da cidade deveria ter sido alvo de debate em toda a sociedade. O acordo para realiza��o das obras foi assinado ontem pelo prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), a prefeita de Contagem, Mar�lia Campos (PT), e o presidente da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), Guilherme Duarte. Ao todo, ser�o investidos R$ 146,5 milh�es na manuten��o e melhorias de natureza continuada, obras de expans�o de rede e liga��es previstas, al�m da quarta etapa do programa de despolui��o da lagoa.

 

Segundo o subprocurador-geral do contencioso, Caio Perona, em cinco anos o plano de a��o deve ser conclu�do e n�o existir� mais despejo de esgoto na lagoa. “Atualmente, o esgoto de 30 mil pessoas vai parar na Lagoa da Pampulha. Isso impede a gera��o atual de usufruir da lagoa como as gera��es passadas usufru�ram. Com o plano, pretendemos voltar a ter a lagoa como um ponto de lazer e qualidade de vida para a popula��o da Grande BH.” O presidente da Copasa, Guilherme Duarte, frisou a parceria da companhia com as prefeituras e garantiu todos os recursos para que a obra seja feita. “A Copasa garante toda a engenharia, toda a parte t�cnica para que as obras sejam feitas. Coloco aqui o compromisso da Copasa com as prefeituras de Belo Horizonte e Contagem. Esse plano � a obra priorit�ria para a companhia”, afirmou.

 

“A natureza estava pedindo socorro. Estamos cumprindo nossa miss�o nesta manh� ao assinar este plano de a��o. J� existiram muitas propostas para limpar a Lagoa da Pampulha, mas, pela primeira vez, vamos atacar a origem do problema, onde se joga esgoto”, disse Fuad Noman. “Pela primeira vez, estamos tratando a causa do problema, a bacia hidrogr�fica da lagoa. Com isso, a popula��o que vive pr�xima a esses lugares, que joga esgoto nos c�rregos que abastecem a lagoa, ser� diretamente impactada, com saneamento b�sico e qualidade de vida”, completou Mar�lia Campos".

 

Reconhecida pela Unesco como patrim�nio mundial da humanidade em 2016, a Lagoa da Pampulha est� localizada na sub-bacia do Ribeir�o do On�a, afluente da margem esquerda do Rio das Velhas. Nela des�guam diversos afluentes, como os ribeir�es Sarandi e Ressaca, os quais recebem dejetos dom�sticos e industriais de v�rios bairros da regi�o metropolitana.

 

Autorização para obras foi assinada pelos prefeitos de Contagem, Marília Campos, e de BH, Fuad Noman, e pelo presidente da Copasa, Guilheme Duarte
(foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press)

 

Expectativa

 

A popula��o v� os investimentos na Pampulha com esperan�a, a fim de dar nova vida � paisagem local e resolver os problemas de enchentes nos locais mais afetados. Moradora de Contagem, pr�ximo ao C�rrego Sarandi, a megarista Luciana Carvalho, de 36 anos, diz que as obras anunciadas podem colocar fim a uma dor de cabe�a de longa data, j� que parte das ruas s�o alagadas. “Temos de ver se isso vai sair do papel. Todos n�s estamos cansados de promessas. Quando chove, inunda toda essa parte. Temos que atravessar ponte e � um caos e �s vezes esperar a �gua baixar.”

 

O motorista de aplicativo Paulo Henrique Gilberti, de 30, considera que as interven��es ser�o fundamentais para preservar o aspecto natural da lagoa. “Belo Horizonte ganhar� muito. Essa despolui��o vai movimentar a economia, pois as pessoas poder�o praticar esportes aqu�ticos e andar de lancha. O espa�o ser� muito mais utilizado de forma sadia, al�m de ser importante para a fauna e flora. Sem contar que certamente as casas em volta ser�o mais valorizadas se a lagoa estiver despolu�da.”

 

Natural de Fortaleza, a bi�loga Wanderleia Almeida, de 54, se encantou com a lagoa, mas se decepcionou ao ver uma grande quantidade de lixo e esgoto nas margens. “J� vinha acompanhando de longe essa quest�o dos problemas que envolvem a Pampulha. Ser� importante meio de despoluir o local. Temos poucos lugares limpos. A �gua que n�o tem oxig�nio fica sem vida. N�o adianta ter beleza se ela n�o foi bem cuidada.”

 

O m�dico sanitarista e ambientalista Apolo Heringer, tamb�m criador do Projeto Manuelz�o, v� o plano apresentado pelo poder p�blico com ressalvas: “Precisamos de um projeto que fosse discutido atrav�s dos comit�s e das ONGs. O projeto n�o poderia ser lan�ado entre prefeituras e Copasa. J� foram gastos milh�es e n�o teve um resultado impactante at� hoje. V�rios tratamentos s�o feitos e algas s�o retiradas, mas diariamente chegam esgoto e terra na lagoa. O assoreamento aparece a todo momento”.

 

O ambientalista se mostra c�tico quando ao desenvolvimento do projeto, no qual ser�o investidos R$ 146,5 milh�es na manuten��o e melhorias de natureza continuada, obras de expans�o de rede e liga��es previstas, al�m da quarta etapa do programa de despolui��o da lagoa. “Desconfio de todo o projeto anunciado sobre a Pampulha. Eles est�o fazendo os an�ncios h� d�cadas, sempre em �poca de elei��es. � necess�rio trabalhar por metas. Se a meta for resolver a quest�o da Pampulha de verdade, t�nhamos que questionar a Copasa se as pessoas v�o realmente poder nadar e praticar esportes. Cobraremos que o tratamento de esgoto seja uma coisa s�ria”, disse. “Hoje, a maior parte da bacia da Pampulha pertence a Contagem, mas Belo Horizonte tem maior densidade demogr�fica. Temos de ver qual cidade ter� maior responsabilidade no projeto”, acrescenta Apolo.

 

O presidente da Associa��o dos Bairros Cabral, C�ndida Ferreira e Adjac�ncias, Paulo Gomes, tamb�m ironizou o projeto pela falta de consulta � popula��o.  Pertencentes a Contagem, os bairros est�o localizados na bacia do C�rrego do Tapera, que � contribuinte para a Bacia do Sarandi e cujos descartes de esgoto v�o parar na Pampulha: “N�o somos participantes de nenhuma conversa��o ou entendimento desse processo. Ficamos sabendo pela imprensa, mas n�o temos conhecimento. Temos hoje o C�rrego do Tapera com �ndices muito altos de res�duos residenciais dos bairros Kennedy, Morada Nova e Jardim do Lago e Cabral e todos s�o levados para a Pampulha, que � uma coisa cont�nua”.

 

Ele chama a aten��o pela valoriza��o de um dos espa�os mais procurados pelos turistas em Minas Gerais: “J� fizemos v�rias a��es junto ao Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MPMG) e notifica��es � Copasa. Foram gastos milh�es em dinheiro e n�o vemos a��es pr�ticas. O benef�cio vem n�o s� pela quest�o ambiental da pr�pria lagoa, mas � patrim�nio da humanidade e o nosso cart�o-postal. � uma quest�o de civilidade respeitarmos as �guas, mas isso n�o � respeitado sistematicamente. V�m planos, projetos e conv�nios e n�o h� efetividade das poucas a��es a serem feitas”. Gomes defende que a Copasa fa�a interven��es que levem o esgoto at� o Riberi�o do On�a. “Defendemos que os cursos d'agua tenham em seu leito o que � de natureza. Os res�duos t�m que ser recolhidos e se cobra muito caro por isso. Eles t�m de se levados para a Esta��o de Tratamento de Esgoto (ETE) do On�a”, prop�e.

 

 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)