
Dados da Pol�cia Rodovi�ria Federal (PRF) indicam que 230 condutores foram presos no ano passado. Dirigir sob influ�ncia de �lcool � considerado pela corpora��o uma das maiores causas de acidentes de tr�nsito com v�timas gravemente feridas. A infra��o � grav�ssima, com multa de R$ 2.934,70, al�m da suspens�o do direito de dirigir por 12 meses.
“Uma vida perdida para a viol�ncia no tr�nsito impacta diretamente in�meras outras pessoas, al�m dos familiares, criando uma cadeia silenciosa de dor e sofrimento”, avalia o diretor cient�fico da Associa��o Mineira de Medicina do Tr�fego (Ammetra), Alysson Coimbra.
A observa��o do especialista � sentida na pele pela auxiliar de limpeza Amanda Franciele Barroso, de 28 anos. Em 2014, ela e a filha, na �poca com 4 anos, foram v�timas de acidente de tr�nsito. Um motorista embriagado atingiu as duas na cal�ada de uma rua do Bairro Alto Vera Cruz, na Regi�o Leste de Belo Horizonte. A crian�a morreu na hora.
“16 de novembro de 2014. Era por volta das 15h quando um homem, na �poca com 51 anos, veio b�bado, drogado e inabilitado, e pegou a gente no passeio. Eu quase perdi a perna. Fui socorrida para o Jo�o XXII e passei por cirurgia”, contou ao Estado de Minas.
H� oito anos, ela ainda vive com o sentimento de impunidade. O condutor ficou apenas 21 dias preso, sendo liberado ap�s pagamento de fian�a no valor de R$ 3.500.
“Depois disso ele n�o compareceu a duas audi�ncias. Ent�o minha vida mudou, at� mesmo a minha rotina. Fiz acompanhamento, tomei antidepressivo e demorei a voltar para o mercado de trabalho”, comentou, dizendo, ainda, que apenas se sente confort�vel para falar do caso porque hoje tem um beb� de seis meses.
“S� renasci mesmo depois que Deus me deu essa crian�a. Eu n�o tinha mais vontade de nada desde o ocorrido. Acho que a Justi�a deveria fazer uma lei mais severa sobre as pessoas que cometem essas infra��es. � um crime b�rbaro e o sentimento de revolta s� aumenta”, afirmou.
Fiscaliza��o
Em 2022, ainda nas estradas federais que cortam o Estado, 49.110 testes com etil�metro foram realizados pela PRF em Minas. No ano passado, foram apenas 11.690. Os dados, segundo Coimbra, indicam n�o s� o aumento da fiscaliza��o ap�s medidas de restri��es mais intensas causadas pela pandemia, mas tamb�m o crescimento de um comportamento criminoso: dirigir sob o efeito de �lcool e drogas.
"O tr�nsito foi o espa�o coletivo mais afetado pelos inevit�veis danos mentais e psicol�gicos da pandemia. Motoristas ansiosos, imprudentes, agressivos e violentos se envolvem mais em ocorr�ncias de tr�nsito e infringem as normas de circula��o mais frequentemente, seja pela desaten��o ou pela dire��o insegura. Isso tamb�m leva ao abuso de drogas e �lcool”, avaliou o especialista, considerando, ainda, que � preciso puni��es mais duras para os envolvidos neste tipo de crime.
“A lei � muito suficiente em rela��o �s medidas impostas. O que pesa muito � a interpreta��o. Em uma audi�ncia s�o considerados in�meros outros fatores e desconsiderado que as pessoas j� t�m informa��o de que n�o deve beber e dirigir. Ent�o precisamos de uma padroniza��o”, concluiu.
Motivos do aumento
Ainda segundo Coimbra, uma redu��o na fiscaliza��o em 2021 teria passado para a popula��o um "relaxamento" no rigor da lei. A situa��o, no entanto, foi circunstancial devido � pandemia.
“Paralelamente, tivemos a suspens�o das medidas de restri��o em 2022, favorecendo novos eventos e aglomera��es, onde algumas pessoas, pensando que o lazer � maior que a seguran�a dela e das demais, bebem e depois dirigem”, finalizou.