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Estado de Minas VIDAS EM TRANSI��O

De Em�lia a David: a cirurgia que, h� um s�culo, desafiou a sociedade de BH

S�rie de reportagens resgata opera��o pioneira em Minas que redefiniu g�nero de jovem de 19 anos e abriu caminho para outras, mas tamb�m para muito preconceito


07/08/2022 07:25 - atualizado 14/09/2022 16:01

Foto da turma de colégio feminino em que estudou Emília Soares
Foto da turma de col�gio feminino em que estudou Em�lia Soares, que se tornou David Soares ap�s cirurgia de desambigua��o de sexo em 1917. Em�lia � a primeira da fila, � direita (foto: CEMEMOR/Faculdade de Medicina/UFMG)

O ano � 1917. A cidade, Belo Horizonte. Nesse tempo e espa�o, vidas se encontram e mudam seus destinos. Pelas m�os de um m�dico mineiro, em cirurgia pioneira, a jovem Em�lia, de 19 anos, torna-se David – rapaz que, com o nome alterado na carteira de identidade, se casaria mais tarde com uma antiga colega do col�gio feminino em que estudara antes da opera��o. O caso ficou conhecido popularmente como a primeira “mudan�a de sexo” realizada em Minas Gerais e, at� a d�cada de 1930, teve grande repercuss�o, pois outras interven��es do tipo seguiram sendo feitas na cidade. Hist�rias ligadas a temas atual�ssimos da medicina e dos costumes, que a partir de hoje o Estado de Minas reconta, resgatando epis�dios marcantes da capital inaugurada havia apenas duas d�cadas e que ainda dispunha de poucos avan�os na �rea m�dica.

 

Esta reportagem, caro leitor, � mais do que uma reuni�o de texto com fotos, entrevistas, pesquisa. Trata-se, na verdade, de um convite para uma viagem no tempo, mais exatamente � Belo Horizonte de 1917, cidade fundada duas d�cadas antes e ent�o com cerca de 18 mil habitantes na zona urbana (perto de 55 mil moradores, no total) – atualmente, a capital dos mineiros, a caminho dos 125 anos, abriga cerca de 2,5 milh�es de pessoas. A s�rie “Vidas em transi��o – De Em�lia a David ” traz � tona uma hist�ria mineira que, encoberta pelo tempo, ilumina-se com depoimentos, informa��es e descobertas.



Doutor David Corrêa Rabello
Ilustra��o mostra o m�dico mineiro David Corr�a Rabello (1885-1937), cirurgi�o pioneiro em cirurgias pl�sticas em Minas Gerais e conhecido por cirurgias de redesigna��o genital em pacientes como Em�lia, que virou David em 1917 (foto: Academia Mineira de Medicina/Reprodu��o)
Foi naquele ano – quando o mundo estava mergulhado na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a Revolu��o de Outubro de 1917 mudava os destinos da R�ssia e ocorriam as apari��es de Nossa Senhora, em F�tima, Portugal – que BH registrava um fato que marcaria sua hist�ria, com estardalha�o na imprensa. Em cirurgia considerada pioneira no estado, feita pelo m�dico mineiro David Corr�a Rabello (1885-1939), a jovem de 19 anos Em�lia Soares, apelidada Miloca, tornou-se David – nome escolhido em homenagem ao cirurgi�o. Com mudan�a na “carteira de idade”, como se chamava o documento de identidade, e atualiza��o do sexo.

“� poss�vel imaginar as agruras pelas quais David Soares tenha passado naquele fim de ano e ao longo de 1918”, diz o professor, escritor e pesquisador Luiz Morando, autor do trabalho “Miloca que virou David” – Intersexualidade em Belo Horizonte (1917-1939), no qual revela a ocorr�ncia de mais 20 casos semelhantes at� o fim da d�cada de 1930.

Embora considerada pela imprensa uma cirurgia de “mudan�a de sexo”, e assim tenha ca�do na boca do povo, “n�o era isso”, corrige Morando, informando se tratar de um diagn�stico de “hiposp�dia” – uma malforma��o genital que acomete pessoas do sexo masculino.

Se a percep��o popular estava errada, o certo mesmo � que o bisturi do doutor Rabello mudou vidas, comportamentos, destinos. E David, que mais tarde se casou com uma mulher, enfrentou o Golias da mal�cia, do deboche e do preconceito, gigante que costuma se levantar para assombrar brasileiros e brasileiras mais de um s�culo depois.

Resgatar a hist�ria de Em�lia (1898-1951), que virou David Soares, � uma tarefa �rdua, pois o protagonista n�o teve filhos. Foi miss�o tamb�m cheia de surpresas. No cart�rio do Primeiro Subdistrito do Registro Civil, o mais antigo da capital, foi feita, especialmente para o Estado de Minas, uma pesquisa da documenta��o existente entre 1897 e 1935, n�o sendo encontrado o nome de Em�lia.

Mas como o pai de Em�lia era funcion�rio p�blico, transferido para BH com a mudan�a da capital, surgiu a possibilidade de ela ter nascido em Ouro Preto, na Regi�o Central de Minas, o que acabou sendo confirmado. Em�lia veio ao mundo um ano ap�s a inaugura��o de BH.

J� no Cemit�rio do Bonfim, h� o registro do sepultamento em 29 de maio de 1951 de David Pereira Soares, funcion�rio p�blico, filho de Ant�nio Pereira Soares. A causa da morte foi tuberculose pulmonar e caquexia. A m�e, Castorina Soares, morreu dois anos antes da cirurgia da “filha”. 

Aos poucos, luzes v�o se acendendo sobre a hist�ria, que tem parte guardada no Centro de Mem�ria da Medicina (Cememor) da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em BH, onde h� um rico acervo contando a trajet�ria da institui��o de ensino por meio de obras raras, mobili�rio, equipamentos m�dico-cient�ficos, pain�is fotogr�ficos de turmas e outros registros.

Um espa�o do Cememor reserva aten��o especial ao rumoroso caso, que gerou a apresenta��o de uma monografia na ent�o denominada Faculdade de Medicina de Bello Horizonte, pelo professor David Corr�a Rabello.

Entre fotos, documentos e desenhos, salta aos olhos o retrato em preto e branco da turma de alunas da Escola Normal (atual Instituto de Educa��o de Minas Gerais). Na foto, Em�lia � a primeira da fila.

N�o se destaca apenas pela posi��o no grupo de 15 jovens, mas especialmente pela altura.
Diante do acervo, a historiadora Ethel Mizrahy Cuperschmid, do Cememor, apresenta documentos importantes, como a tese de concurso para professor substituto de Rabello, de 1918, com base na cirurgia realizada no ano anterior. H� tamb�m fotos, desenhos e publica��es a respeito do caso.

Laerte Antônio Jacó Ferreira
Toninho se comove ao lembrar do sofrimento do padrasto: "Homem de coragem" (foto: Fotos: Gladyston Rodrigues/EM/DA. Press)

Maria se tornou Marino, servidor da Aeron�utica

Entre os casos semelhantes ao de Em�lia registrados at� a d�cada de 1930 est� o de Maria Marques da Silva, natural de Lagoa Santa, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), que, ap�s a cirurgia, em setembro de 1938, tornou-se Marino Marques da Silva.

“� uma hist�ria rara, n�o �? Tenho muito orgulho dele, respeito, gratid�o!”, diz, emocionado, o aposentado Laerte Ant�nio Jac� Ferreira, de 70 anos, sobre o padrasto Marino, que era servidor da Aeron�utica na mesma cidade, se casou com a vi�va Maria dos Prazeres Marques, j� m�e de quatro crian�as, e faleceu em 1978.

Conversar com o simp�tico Laerte Ant�nio, apelidado Toninho, � como mergulhar na hist�ria sorvendo avidamente cada palavra, e buscando no sil�ncio a compreens�o para a for�a das l�grimas que �s vezes brotam.

“Meu padrasto era reservado, n�o falava sobre esse assunto, a cirurgia... Mas n�s, os filhos, sab�amos. Era honesto, trabalhador, cat�lico praticante, desses de n�o perder missa, e gostava demais de plantar, cuidar de horta, manter o quintal sempre limpo”, lembra Toninho, que tem quatro filhos.

Na sua casa no Bairro V�rzea, em Lagoa Santa, Toninho conta que o padrasto e a m�e, que chegara de Jaboticatubas (na Grande BH) vi�va, com os filhos, conheceram-se no trabalho. “Um agradou do outro.

Comigo, ent�o, tinha um carinho especial, me tratava bem, mas tamb�m sabia ser severo, se preciso.” Segurando a c�pia de documentos funcionais de Marino e da m�e, ele diz n�o ter objetos e retratos pertencentes ao padrasto.

Muitas vezes, o passado assombrou a vida de Marino, antes “mo�a muito bonita, de cabelo na cintura”, que quase se casou com um conterr�neo.

Mas o “problema” que levaria � cirurgia de desambigua��o de sexo foi revelado publicamente e a uni�o n�o aconteceu. Ao longo do tempo, n�o foram poucas as vezes em que antigos conhecidos, ao enxergarem Marino com roupas masculinas, recorriam ao deboche para atingi-lo com as flechas do preconceito.

“Como era ousado para a �poca, ele n�o se calava e atirava pedras. O mundo mudou, mas meu padrasto sofreu muito no tempo em que viveu. Foi um homem de coragem para enfrentar tudo”, afirma.

Mergulho no passado de BH

Foram necess�rios cinco meses de trabalho por parte da equipe do EM para buscar informa��es, apurar os fatos, iluminar caminhos desconhecidos da maioria dos brasileiros e dar forma � s�rie “De Em�lia a David – Vidas em transi��o”.

�rg�os p�blicos, cart�rios, registros de cemit�rio, centros de pesquisa, e, claro, mineiros de boa mem�ria que nasceram na primeira metade do s�culo passado foram fundamentais para o resultado aqui apresentado. Infelizmente, muito se perdeu de um per�odo t�o marcante da hist�ria da medicina e dos estudos do comportamento humano.

Um ser humano em choque com corpo e o ambiente

Para conhecer melhor a hist�ria de Em�lia Soares, que aos 19 anos se tornou David pelas m�os do doutor Rabello na Belo Horizonte de 1917, o leitor deve fazer uma necess�ria volta no tempo, tirando da bagagem qualquer preconceito e procurando entender a �poca, as limita��es da ci�ncia e a sociedade local no in�cio do s�culo 20.

Em resumo, estava em cena uma vida humana em choque com seu corpo e com o ambiente. “Em�lia Soares era considerada uma pessoa estranha para os padr�es da �poca: criada como mulher, n�o correspondia � imagem f�sica que se fazia de pessoas femininas – n�o possu�a seios, tinha ombros avantajados, rosto com tra�os masculinos, era desajeitada”, diz Luiz Morando, professor e escritor que se debru�ou sobre o caso.

A trajet�ria de Em�lia est� descrita no Centro de Mem�ria da Medicina (Cememor), da UFMG: “Em 1917, o professor David Rabello recebeu em seu gabinete m�dico a paciente E.S.. Em trajes femininos, E.S. d� logo a ideia de estar em travesti, a toilette muito pouco cuidada. A blusa cai-lhe simplesmente sobre o peito inteiramente chato e as saias fogem-lhe sobre as ancas sem nenhum apoio; traz sapatos fortes”.

“E.S foi criado como mulher at� os 19 anos, educado em um dos melhores col�gios femininos de Belo Horizonte antigo, compartilhando dormit�rio, banhos e segredos com mo�oilas de sua idade. Logo ao primeiro exame, o m�dico verificou se tratar de um caso de malforma��o genito-urin�ria. A mo�oila E.S. era um rapaz!”

Conforme a explica��o m�dica, “vistos em conjunto, os �rg�os genitais apresentam uma semelhan�a grosseira com os �rg�os genitais femininos, dado o pequeno desenvolvimento do p�nis, que lembra vagamente um clit�ris hipertrofiado. A circunst�ncia de apresentar a uretra aberta, em sua parte inferior, desde o meato at� a uretra membranosa, faz com que tamb�m a mucosa exposta lembre um pouco a vulva entreaberta. Entretanto, um exame, mesmo superficial, n�o deixa nenhuma d�vida sobre o caso”.

Documentos existentes contam que “E.S. foi operada pelo m�dico que, finalmente, conseguiu revelar o rapag�o David, escondido pela ignor�ncia e pudores da tradicional fam�lia mineira. De acordo com Pedro Nava (escritor mineiro, 1903-1984), o doutor David Rabello corrigia os erros gramaticais da natureza, quando p�e no feminino o que o masculino deveria ser. David se casou com uma colega de escola por quem j� tinha sentimentos que considerava pervertidos, enquanto ainda o cobria a roupagem feminina”.

“O esc�ndalo gerado pelo fato de um homem ter compartilhado as intimidades de jovens donzelas casadouras foi abafado pelas fam�lias aristocr�ticas das Alterosas, o que n�o impediu a circula��o do caso � boca pequena e at� mesmo a encena��o de uma pe�a de teatro chamada ‘O patinho torto’, obra escrita por Coelho Netto (1864-1934).”

O Cememor da Faculdade de Medicina da UFMG conserva um exemplar com o texto da pe�a, explica a historiadora Ethel Mizrahy Cuperschmid, assim como outras publica��es a respeito do caso e documentos, entre eles teses escritas pelo doutor Rabello, inclusive com base na cirurgia de Em�lia/David. “Na �poca, o caso foi um esc�ndalo, mas evidenciava um desconhecimento das pessoas com o pr�prio corpo”, resume Ethel.

Entrevista/Luiz Morando - Professor e escritor

Luiz Morando, escritor e pesquisador
Luiz Morando, escritor e pesquisador, autor do trabalho Miloca que virou David - Intersexualidade em Belo Horizonte (1917-1939) (foto: T�lio Santos/EM/D.A Press - 20/1/21)

 

Podemos dizer que, naqueles tempos, a “hist�ria de Miloca que virou David” era uma vit�ria da ci�ncia contra a ignor�ncia e a favor da felicidade humana?

N�o necessariamente. Em�lia Soares era considerada uma pessoa estranha para os padr�es da �poca: criada como mulher, n�o correspondia � imagem f�sica que se fazia de pessoas femininas – n�o possu�a seios, tinha ombros avantajados, rosto com tra�os masculinos, era desajeitada. H� uma imagem de corpo inteiro dela no livro “O desatino da rapaziada”, de Humberto Werneck.

Para a mentalidade e os padr�es da �poca, era uma pessoa que a medicina considerava um “erro da natureza” pass�vel de ser corrigido. Nesse sentido, n�o � uma “vit�ria da ci�ncia contra a ignor�ncia”, mas imposi��o de um padr�o e uma perspectiva de que a medicina deve regular os corpos e os h�bitos, independentemente do que uma pessoa deseja para si.

Talvez, no caso espec�fico de Em�lia Soares, ela tenha desejado passar a expressar quem ela realmente desejava ser, mas diversos outros casos nas d�cadas subsequentes demonstram que m�dicos impunham sua vontade ao paciente, executando procedimentos sem consult�-los ou passando por cima da vontade deles.

"Era uma pessoa que a medicina considerava um 'erro da natureza'"

Luiz Morando - Professor e escritor



O caso m�dico ocorrido em 1917, em BH, foi pioneiro no pa�s? Qual era a especialidade do doutor David Rabello?

N�o daria para dizer que foi o pioneiro, mas foi o primeiro a ganhar notoriedade e grande repercuss�o na �poca. David Rabello era cirurgi�o. Relata-se que ele fez uma cirurgia de ap�ndice em si mesmo para um grupo de alunos...

A imprensa da �poca tratou o caso como “mudan�a de sexo”, o que n�o corresponde � realidade. O que foi, ent�o, a cirurgia em Em�lia Soares?

Em�lia Soares era portadora de hiposp�dia, uma malforma��o da genit�lia que acomete pessoas do sexo masculino. A hiposp�dia (na �poca, referida tamb�m como pseudo-hermafroditismo) � uma condi��o cong�nita relativamente rara (de origem gen�tica ou hormonal), na qual o indiv�duo do sexo masculino apresenta a abertura da uretra n�o na extremidade da glande, mas em algum ponto da face ventral do p�nis.

H� formas mais leves de manifesta��o, em que a uretra est� mais pr�xima da extremidade da glande, e formas mais graves, em que a por��o final da uretra se encontra na bolsa escrotal ou no per�neo. O fato � que, quanto mais extremo o grau de hiposp�dia, mais amb�gua se torna a defini��o do sexo do rec�m-nascido por um m�dico ou parteira (como era bastante comum no in�cio do s�culo 20).

O caso de Em�lia Soares n�o foi de “mudan�a de sexo”, como divulgado � �poca, mas uma altera��o cir�rgica para desambigua��o do sexo. No entanto, � fato que ao deixar de ser Em�lia para passar a ser David (em homenagem ao m�dico que a operou), ocorreu um processo de transi��o de g�nero em que uma pessoa de 19 anos deixou de se vestir e de ter h�bitos considerados femininos para adotar vestimenta e h�bitos considerados masculinos.

Podemos dizer que doutor Rabello fez uma “corre��o”?

Aos olhos de hoje, David Rabello fez uma cirurgia para desambiguizar a genit�lia de Em�lia. N�o h� propriamente uma corre��o (que remete � ideia de erro, de desvio), mas uma adequa��o da genit�lia.

A ideia de corre��o sempre esteve presente nesses casos. O caso de 1938, de Maria Marques, foi gritante: ela/ele falou que n�o queria ser operado/a, segundo a cobertura jornal�stica da �poca, e ainda assim foi submetido � cirurgia. E sempre com a ideia de que s�o desviantes, que precisam ser restaurados � ordem, � norma.

De Miloca para David, houve uma transi��o de sexo?

Houve uma transi��o de g�nero, uma vez que o sexo de Em�lia era masculino – ter um p�nis, que se desenvolveu malformado. No entanto, ela precisou transicionar de g�nero: desconstruir o g�nero/padr�o/norma feminino e construir um g�nero masculino. Nesse sentido, a teoria de que o g�nero � uma constru��o sociocultural � correta.

Com a cirurgia, houve altera��o de nome e atualiza��o de sexo no documento de identidade de Em�lia. Sem d�vida, um grande avan�o para a �poca...

Sim, houve essas altera��es baseadas em laudo emitido pelo m�dico David Rabello. � uma situa��o bem diferente do que ocorre com pessoas transg�nero, que n�o s�o portadoras de hiposp�dia, mas que n�o se reconhecem com o sexo que lhes foi atribu�do no nascimento.

Promoveu-se um verdadeiro esc�ndalo na �poca. David Soares foi alvo de chacota e piada nos jornais belo-horizontinos e de outras capitais, quando apareceu na capital mineira vestido como se atribui ao modo masculino. Isso j� deixa transparecer um per�odo de humilha��o pelo qual passou em Belo Horizonte ap�s a cirurgia. Mas ele viveu at� 28 de maio de 1951.

Ap�s a cirurgia, David recebeu algum acompanhamento psicol�gico? Como a fam�lia reagiu, j� que, naqueles tempos, casos assim eram considerados “aberra��o”?

N�o tenho not�cia de que David Pereira Soares tenha recebido algum tipo de acompanhamento psicol�gico. Tamb�m n�o foi mencionado nos jornais como a fam�lia reagiu. Mas seu caso inspirou o romancista e dramaturgo Coelho Netto a escrever a pe�a “O patinho torto”, em 1918.

Passados 105 anos, qual � a “moral da hist�ria”? No sentido de li��o para as gera��es seguintes...

Acho que a mensagem que fica � que todos t�m direito a viver da maneira mais prazerosa, saud�vel e confort�vel como acham que deve ser para si.


Clique na imagem para ampliar e veja a hist�ria de Em�lia/David em quadrinhos

HQ sobre o caso de Emília/David
(foto: Lelis/EM/D.A Press)


Leia amanh�:

Quem era David Rabello, cirurgi�o que fez hist�ria e se tornou patrono de cadeira 62 da Academia Mineira de Medicina


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