
O laudo de necr�psia feito pelo Hospital Veterin�rio da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) apontou que o estado cl�nico que levou � morte dos animais � “altamente sugestivo” de intoxica��o por etilenoglicol, subst�ncia proibida em alimentos.
Os casos est�o sendo investigados pela Pol�cia Civil de Minas Gerais (PCMG). Dois dos cachorros que morreram e os outros tr�s que seguem em acompanhamento s�o das mesmas tutoras. S�o um pinscher e quatro spitz alem�es, que comeram o mesmo petisco em 2 de agosto. Todos passaram mal, com problemas agudos nos rins, e, oito dias depois, dois spitz faleceram.
O laudo do Hospital Veterin�rio � inicial; n�o conclui a causa da morte dos animais, em investiga��o pela Pol�cia Civil. Outros exames al�m da necr�psia est�o em andamento.
O relat�rio aponta que foi encontrada grande quantidade de cristais de oxalato de c�lcio nos rins dos dois cachorros. Essa � uma subst�ncia que sugere contamina��o por compostos como o etilenoglicol (que � t�xico, e � usado como anticongelante em diversas ind�strias e produtos) ou o propilenoglicol (que � seguro, mas pode ser t�xico em grandes quantidades e consta nos ingredientes do petisco que eles consumiram).

Sede e v�mito, antes da trag�dia
As tutoras tinham levado seus cinco cachorros para se vacinarem em uma loja de produtos para animais dom�sticos em 2 de agosto. “Pouco tempo depois, estranharam que eles ficaram com muita sede. Depois, eles vomitaram e ficaram prostrados. Elas medicaram os animais em casa, mas eles foram s� piorando”, conta sua advogada, Silvia Valamiel.
Os animais foram levados para o Hospital S�o Geraldo na madrugada de 3 para 4 de agosto, pouco mais de 24h ap�s a ingest�o do petisco. L�, os exames apontaram que eles tinham inj�ria (les�o) renal aguda, o que n�o � comum.
Os veterin�rios descartaram rea��es � vacina, inclusive porque um dos cachorros tinha recebido um imunizante do mesmo lote 15 dias antes, sem rea��o.
Esses sintomas s�o associados � contamina��o por subst�ncias espec�ficas, como etilenoglicol, propilenoglicol, dietilenoglicol e melanina, como informou a m�dica veterin�ria nefrologista do hospital. A �nica coisa que fugia da rotina dos animais era ter comido o petisco, segundo Valamiel.
As tutoras voltaram � loja a caminho do hospital, com suspeitas do alimento. Como a embalagem j� havia sido descartada, n�o conseguiram confirmar o lote. Elas n�o encontraram outro pacote do mesmo sabor, e a fabricante informa que cada sabor do mesmo produto tem um lote, mesmo que a data de fabrica��o seja a mesma. A loja e o fabricante n�o informam o mesmo lote.

O servi�o de atendimento ao consumidor (SAC) da loja informou �s tutoras que o petisco � impr�prio para c�es filhotes.
Os outros tr�s cachorros, dois spitz alem�es e um pinscher, seguem em tratamento em casa. O �ltimo a receber alta do hospital saiu em 17 de agosto.
Import�ncia do alerta
“O dano n�o pode ser reparado”, afirma Valamiel. “Mas elas querem que sejam tomadas medidas preventivas. � muito importante evitar que outras fam�lias passem pela mesma situa��o”, completou.
Em 2020, mais de 40 pessoas foram intoxicadas pelo dietilenoglicol, composto similar ao etilenoglicol – que, suspeita-se, estava presente no petisco –, ap�s o consumo de lotes contaminados da cerveja Belorizontina, da Backer. Dez morreram, com quadros graves de problemas nos rins, e algumas delas chegaram a ficar meses internadas.
A causa da contamina��o foi um vazamento nos tanques de armazenamento da cerveja, em que o dietilenoglicol era usado como anticongelante e n�o poderia entrar em contato com o produto.
No petisco para animais, o propilenoglicol � usado para mant�-lo �mido e crocante, segundo a advogada.
A reportagem ainda n�o conseguiu contato com a Pol�cia Civil para mais atualiza��es.