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Estado de Minas PATRIM�NIO

�rg�o hist�rico e �nico no mundo � alvo de embate em igreja de Tiradentes

Den�ncias apontam que uso inadequado do instrumento musical do s�culo 18 estaria amea�ando o patrim�nio; Par�quia diz que acusa��es n�o procedem


01/09/2022 13:16 - atualizado 01/09/2022 14:50

órgão matriz Tiradentes
Interior da Igreja matriz de Santo Ant�nio, Tiradentes; � esquerda, m�sico toca o �rg�o hist�rico (foto: Luciano Ferroni/Diocese S�o Jo�o del-Rei)
A publica��o em redes sociais e na revista Concerto, especializada em m�sica cl�ssica, e no endere�o eletr�nico Change, sobre suposto uso e manuseio de �rg�o hist�rico na Par�quia de Santo Ant�nio, em Tiradentes, por pessoas inabilitadas,  provocou rea��es na igreja que pertence � Diocese S�o Jo�o del-Rei, na Regi�o do Campo das Vertentes.

Em carta aberta, o organista Robson Bessa, que a convite do C�mpus Tiradentes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), realizava concertos no �rg�o hist�rico abrigado pela igreja, entre 2019 e julho de 2022, aponta situa��o cr�tica que envolve o uso e preserva��o do instrumento.

O �rg�o foi constru�do na cidade do Porto, em Portugal, pelo organeiro portugu�s Sim�o Fernandes Coutinho e inaugurado em 1788. Em 2009, passou por uma ampla restaura��o supervisionada por Elisa Freixo, considerada uma das mais importantes organistas do Brasil.

Em 2019, Elisa deixou o trabalho que realizava por uma d�cada na cidade, em raz�o de discord�ncias com a dire��o da par�quia, conforme noticiado � �poca na revista Concerto.

Segundo a artista, o padre �lisson Andr� Sacramento afirmou que havia a "necessidade de dar apoio aos m�sicos da cidade de Tiradentes e da regi�o, que at� ent�o n�o tinham acesso ao �rg�o", e que "foram feitas reuni�es com as partes interessadas, onde se estabeleceu um crit�rio democr�tico no uso do �rg�o".

A discord�ncia desses crit�rios por parte da organista foi manifestada publicamente, e ela decidiu por se afastar. 

Elisa morou na regi�o por mais de tr�s d�cadas, pouco depois de retornar dos estudos na Europa, e se tornou a organista oficial da S�. Procurada, a organista disse que j� se passaram tr�s anos e que sua posi��o foi manifestada � �poca de seu afastamento.

Em documento p�blico, Robson Bessa reclama de "reiterados"aumentos na porcentagem da bilheteria que deve ser repassada � par�quia, dirigida pelo padre �lisson Andr� Sacramento. "N�o concordamos e por isso passamos a ser perseguidos, e ent�o descobrimos que a democratiza��o do �rg�o era uma farsa." 

Bessa alega que o �rg�o est� sendo destru�do: "Com a reabertura para casamentos, in�meras pessoas tiveram acesso ao coro e come�aram a mexer com o fole, que n�o tem uma prote��o adequada. Reiteradas vezes alertei os respons�veis, que nada fizeram.  Al�m disso, o �rg�o tem sido tocado por pessoas que nunca tiveram uma forma��o espec�fica, e por todos esses motivos, uma tecla est� com s�rios problemas de entoa��o. A administra��o atual e o uso ca�a niqueis do �rg�o est� destruindo rapidamente um instrumento hist�rico de mais de 240 anos."

O m�sico e organista disse que se reuniu virtualmente com Instituto de Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan), que ficou de fazer uma vistoria. E acionou o Minist�rio P�blico (MP), que ainda n�o se manifestou.

Robson Bessa organizou, em julho deste ano, um festival para forma��o de jovens e adultos a partir de 15 anos para tocar o instrumento, que � �nico. "N�o � um instrumento qualquer, criamos um movimento com apoio da comunidade e das autoridades de Tiradentes para forma��o de organistas e cravistas. Aquele �rg�o requer per�cia �nica, s�o afina��o e est�tica barroca totalmente �nicas."

O m�sico reclama que foi boicotado durante o festival. Ele atribui o boicote "� gan�ncia do padre, que decidiu aumentar a porcentagem recebida na bilheteria arrecadada nos concertos p�blicos de 45% para 70%, o que tornou os concertos invi�veis. A igreja nunca investiu nada nem anunciava os eventos. O mais grave � que o padre aceita pessoas despreparadas para tocar o �rg�o, s�o pianistas, n�o organistas, como ele fala em seu site. N�o existe um �nico �rg�o como esse em todo o mundo. A par�quia abriu para casamentos e os m�sicos ficam no coro, onde est� abrigado o fole, que n�o tem qualquer isolamento. Vi cadeiras embaixo dos bast�es do fole que o travavam, o que pode provocar explos�o e se isso acontecer n�o haver� outro igual."

Em nota oficial, a Par�quia de Santo Ant�nio, classificou como falsas as den�ncias quanto ao repasse e afirma que o organista "repassou dos concertos executados por ele 30% da bilheteria � par�quia, ficando o mesmo com os 70% restantes. Lembrando que os custos com funcion�rios, limpeza, energia el�trica, a manuten��o do �rg�o dentre outros, ficam a cargo da Par�quia." 

Segundo a nota, houve um "in�cio de di�logo entre o Conselho Administrativo Paroquial e os organistas autorizados que se apresentam nas noites de Concerto," sobre divis�o de recursos arrecadados com retirada de percentual com prop�sito de cria��o de um fundo pr�prio do instrumento para "arcar ou minimizar os custos com visitas t�cnicas, manuten��es preventivas e eventuais manuten��es corretivas do instrumento, uma vez que os custos destes servi�os s�o extremamente elevados, devido � singularidade do �rg�o que exige escassa m�o de obra qualificada." E que o acesso ao fole � restrito e conta com sistema de v�deo monitoramento como em toda a igreja. 

A nota diz ser "mentira" as acusa��es de interfer�ncias da Par�quia na busca de maiores percentuais de repasse. "Registramos que o organista motivador dessa nota n�o era o �nico m�sico autorizado a tocar o instrumento."

E reitera ser "inconceb�vel imaginar que deixar�amos um instrumento singular de 240 anos sem os devidos cuidados de preserva��o. Por isso iniciamos o di�logo sobre a cria��o do fundo financeiro ao �rg�o oriundo de um percentual da bilheteria dos concertos".

Leia a �ntegra da Nota Oficial Par�quia de Santo Ant�nio


"A Par�quia de Santo Ant�nio, na cidade de Tiradentes - MG, vem, por meio desta, manifestar-se sobre as falsas acusa��es publicadas no endere�o eletr�nico www.concerto.com.br, mat�ria com data de 11 de agosto do corrente ano, com o t�tulo "Uso inadequado amea�a �rg�o hist�rico de Tiradentes" bem como a carta aberta publicada na internet e ao abaixo assinado organizado pelo sr. Robson Bessa Costa, no endere�o eletr�nico www.change.org.

Primeiramente, sobre a supracitada mat�ria publicada no site www.concerto.com.br  causou-nos estranheza tal publica��o, uma vez que n�o ocorreu nenhum contato com a Par�quia dando-lhe o direito do contradit�rio ou mesmo para buscar veracidade nas v�s acusa��es, conforme prim�cias do bom jornalismo e do bom senso. Importante registar que a Revista Concerto, no conte�do da mat�ria registra que entrou em contato com a organista Sr.ª Elisa Freixo, por�m, como j� dito, a revista furtou-se de buscar contato com a Par�quia e ou com o p�roco, as verdadeiras partes interessadas, uma vez que s�o os alvos das falaciosas acusa��es. Logo, a referida mat�ria baseia-se t�o somente na carta divulgada pelo organista, tornando-se por tanto carente de apura��o dos fatos, tornando a mesma sem nenhuma credibilidade.

Com rela��o �s falsas acusa��es e alega��es feitas pelo citado organista em suas redes sociais e no site www.change.org afirmamos que:

Sobre a queixa de reiterados aumentos repassados na porcentagem da bilheteria � Par�quia a mesma n�o prospera pois o organista repassou dos concertos executados por ele 30% da bilheteria � Par�quia, ficando o mesmo com os 70% restantes. Lembrando que os custos com funcion�rios, limpeza, energia el�trica, a manuten��o do �rg�o dentre outros, ficam a cargo da Par�quia. A falsa alega��o induz o leitor ao erro, levando-o a crer que havia constantes interfer�ncias da Par�quia na busca de maiores percentuais de repasse o que � uma mentira. Registramos, que o organista motivador dessa nota, n�o era o �nico m�sico autorizado a tocar o instrumento. Uma simples confer�ncia com os demais organistas autorizados derruba tal narrativa.

O que ocorreu na verdade, foi o in�cio de um di�logo entre o Conselho Administrativo Paroquial e os organistas autorizados que se apresentam nas noites de Concerto, sobre uma nova proposta da divis�o da bilheteria, buscando equil�brio na divis�o, tornando-a exequ�vel para as partes, e principalmente, a retirada de um percentual em favor do pr�prio instrumento, com o intuito da cria��o de um fundo financeiro ao �rg�o oriundo da receita levantada nos concertos, visando arcar ou minimizar, os custos com visitas t�cnicas, manuten��es preventivas e eventuais manuten��es corretivas do instrumento, uma vez que os custos destes servi�os s�o extremamente elevados, devido � singularidade do �rg�o que exige escassa m�o de obra qualificada.

Com rela��o � acusa��o de que as pessoas com acesso ao coro mexem no fole a mesma � infundada e registramos, para os devidos fins, que o acesso ao coro � restrito e o mesmo conta com sistema de v�deo monitoramento bem como toda a igreja.

Com rela��o � tecla do �rg�o, que o mesmo registra estar com "s�rios problemas", temos documentos datados de 20 de setembro de 2019, onde est� registrado que havia o problema em 2 flautas que funcionam de forma irregular, mas n�o prejudicam o resultado final, o documento ainda sugere que n�o haveria a necessidade de chamar um organeiro para resolver apenas esta quest�o sugerindo que quando o organeiro estivesse no Brasil poder�amos cham�-lo para resolver, como descrito no documento, "essa pequena pend�ncia".

O documento em quest�o � assinado pela organista Sr.ª Elisa Freixo, citada na mat�ria, e que em 2009 supervisionou o restauro do mesmo. Logo n�o se pode atribuir o problema de entoa��o na tecla a qualquer tipo de neglig�ncia por parte desta Par�quia ou � dos atuais organistas, incluindo o autor do texto que aqui refutamos. Aproveitamos para registrar que em 2019, diferente do que consta no texto de autoria do Sr. Robson, a ent�o organista do �rg�o da Matriz n�o foi expulsa. Pelo contr�rio, temos por total respeito pela grande organista que � e temos ci�ncia de que a mesma muito corroborou para o restauro e preserva��o do �rg�o durante o per�odo que aqui esteve.

Ficamos perplexos com o tratamento dado pelo organista em sua carta ao p�roco bem como aos seus pares. Uma vez que o n�mero de organistas autorizados a tocar o �rg�o da Igreja Matriz � muito reduzido e sendo o mesmo feito por m�sicos devidamente qualificados, os mesmos que nos �ltimos anos dividem as apresenta��es dos concertos com o organista.

Sobre a foto utilizada nas redes sociais do organista e no site www.change.org.

A foto divulgada pelo autor das acusa��es mostra o fole do �rg�o da Matriz abaixado sobre uma estante, tal imagem atesta o erro do pr�prio organista que ligou o motor do instrumento fazendo com que os foles abaixem automaticamente, sem o cuidado de observar primeiramente se havia algum obst�culo no caminho. Procedimento padr�o antes de ligar o motor que envia ar para o �rg�o e os foles. Normalmente as manivelas ficam para cima quando o motor est� desligado. Ao inv�s de fotografar e utilizar da foto, buscando desmerecer a Par�quia e ou os demais organistas autorizados a utilizar o �rg�o, deveria o organista ter tido o cuidado de observar essas quest�es m�nimas do bom uso do instrumento. Contudo, como medida de seguran�a, j� estamos providenciando um melhor sistema de isolamento nas proximidades � �rea dos foles, evitando assim a coloca��o de qualquer objeto que venha a atrapalhar ou danificar as manivelas do fole.

As atuais a��es e realiza��es do p�roco e do Conselho Administrativo da Par�quia de Tiradentes demonstram um grande apre�o, zelo e preocupa��o com todo o patrim�nio tombado sob sua guarda. Haja vista as muitas restaura��es e a��es feitas em prol do acervo da Matriz de Santo Ant�nio, como por exemplo: restaura��o da Capela do Sant�ssimo Sacramento, conclu�da em abril de 2020, limpeza de todo forro art�stico das depend�ncias laterais, conclu�da em agosto de 2020, restaura��o do Consist�rio dos Passos, conclu�da em maio do corrente ano, quase toda imagin�ria da mesma Matriz, e agora est� em andamento a restaura��o do altar colateral de Nossa Senhora do Ter�o, tendo sido descoberta neste uma importante obra art�stica, at� ent�o desconhecida dos nossos contempor�neos.

Diante do acima exposto � inconceb�vel imaginar que deixar�amos um instrumento singular de 240 anos sem os devidos cuidados de preserva��o. Por isso iniciamos o di�logo sobre a cria��o do fundo financeiro ao �rg�o oriundo de um percentual da bilheteria dos concertos. Onde contraditoriamente �s suas acusa��es, o organista foi contra, alegando que "esse tipo de instrumento n�o estraga f�cil". Para fins de registro e conhecimento dos que realmente se preocupam com o nosso patrim�nio, a Par�quia agendou, no in�cio do corrente ano, visita t�cnica com o organeiro respons�vel pela restaura��o do �rg�o, aproveitando a sua vinda ao Brasil. Visita t�cnica que ser� realizada agora, no m�s de setembro, e custeada integralmente por esta Par�quia.

Por fim, repudiamos veemente as acusa��es infundadas e falaciosas, bem como as inj�rias e difama��es propagadas pelo organista � pessoa de nosso p�roco. Nenhum tipo de insatisfa��o pessoal, justifica tal postura. Afirmamos n�o existir nenhum tipo de persegui��o ao organista, autor da carta que baseia a citada mat�ria. Seu desligamento se deu por uma s�rie de situa��es, como a falta de transpar�ncia na presta��o de contas, mal comportamento no interior da igreja, por faltar com respeito a funcion�rios da Par�quia, bem como a outros organistas, permitiu o uso do �rg�o a terceiros no dia de sua apresenta��o, sem pr�via autoriza��o. Tudo isso foi tornando a sua permiss�o ao uso do �rg�o insustent�vel. Fato, � que, o organista se p�e no papel de perseguidor quando lan�a campanha difamat�ria, propaga "fake news" dizendo que n�o haver� mais concertos ao �rg�o na Matriz (A par�quia e os demais organistas est�o recebendo in�meras mensagens de pessoas preocupadas dizendo que o autor das acusa��es tem informado que n�o mais haver� os concertos) a postura adotada � t�o desconcertante que o mesmo termina o texto de seu abaixo assinado no site www.change.org da seguinte forma: "Convoco a todas e a todos a combaterem o fascismo e a avareza do Pe. Alisson do Sacramento!!".

Esperamos que o mesmo possa fazer um sincero exame de consci�ncia e repensar as atitudes tomadas. Manifestamos aqui que a Par�quia, por meio de seu Conselho Administrativo, se coloca pronta ao di�logo a todos que assim desejarem. Nossa real inten��o nesta nota � trazer os verdadeiros fatos, sob a luz da verdade, ao conhecimento de todos.

Contudo solicitamos o nosso direito de resposta junto ao site www.concerto.com.br e informamos que este Conselho Administrativo estuda a possibilidade de tomar as devidas provid�ncias jur�dicas cab�veis diante das graves acusa��es p�blicas feitas � "institui��o", bem como as cal�nias pessoais proferidas pelo organista.
Tiradentes, 19 de agosto de 2022."


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