Florada dos ip�s: an�ncio da primavera traz refresco em uma BH escaldante

A temporada dos ip�s chega ao fim com a espetacular flora��o da esp�cie de tonalidade rosa, “aberta � visita��o” em ruas, pra�as e outros espa�os p�blicos de Belo Horizonte. Cor e sombra que, em dias de recordes sucessivos de calor, proporcionam al�vio para quem sofre com os dias quentes e secos.

Um refresco muito bem-vindo para uma capital em que a temperatura n�o para de subir, batendo ontem mais um recorde: de acordo com a Defesa Civil, os term�metros registraram m�xima de 36,1 graus na esta��o meteorol�gica da Pampulha. Mais ainda do que no �ltimo domingo, quando o calor chegou a 34,4 graus, at� ent�o a maior m�xima do ano.

Com o setembro escaldante, cada um se ajeita como pode e desfruta das sombras e das cores da vegeta��o urbana ao seu modo. Perto da Feira dos Produtores, no Bairro Cidade Nova, na Regi�o Nordeste de BH, dois ip�s frondosos e bem floridos proporcionavam al�vio merecido a quem precisava. “Com esse calor�o, s� mesmo ficando aqui na hora do almo�o, tomando uma �gua mineral geladinha. E ainda tem essa belezura de �rvores para descansar os olhos”, comentou uma mulher com um colega de trabalho.

 

 

Nativo da regi�o amaz�nica e da Am�rica Central, o ip�-rosa, que perde menos folhas do que o roxo, o amarelo e os demais, foi introduzido na capital h� cerca de tr�s d�cadas “e se adaptou muito bem”, destaca o professor Jo�o Renato Stehmann, do Departamento de Bot�nica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

“O ip�-rosa floresce no final do inverno e anuncia a primavera (que come�a no dia 22, �s 22h02). � realmente o �ltimo, sucedendo ao amarelo”, explica Stehmann. Depois dele, o cen�rio mineiro ser� tingido pela copa amarela das sibipirunas, pelas flores azuis do jacarand� e do rosa do resed�-gigante.

“Poder�amos ter um roteiro tur�stico na temporada de flora��o, a exemplo do que ocorre no Jap�o com as cerejeiras”, sugere Stehmann. Grande admirador dos ip�s, ele lamenta o constante aparecimento, na �poca seca, do maior inimigo da natureza, os inc�ndios florestais, como o ocorrido no fim semana na Serra do Curral, s�mbolo de BH.

 

F� incondicional da arboriza��o de BH, Fl�vio Machado Vilela, propriet�rio de um restaurante no Bairro Funcion�rios, na Regi�o Centro-Sul da capital, diz que a cidade fica linda na �poca dos ip�s floridos. E costuma fotograf�-los, tendo como alvo preferencial um frondoso da Avenida Get�lio Vargas na esquina com a Avenida do Contorno.

Morador do Bairro S�o Lucas, Fl�vio lembra que h� esp�cimes em v�rias partes de BH. “Na Avenida Prudente de Morais, h� v�rios”, exemplifica o comerciante, que cuida de �rvores perto do seu restaurante e ainda espera a primeira flora��o de uma planta mais jovem para saber a cor. “Acho que � um ip�-branco, vamos aguardar.”

 

A temporada dos ip�s na Grande BH come�a em junho, com o “show” do ip�-roxo ou bola, que a popula��o chama tamb�m de rosa. “Essa � a esp�cie nativa do cerrado, que perde as folhas mais rapidamente. Com o tempo, os dois foram sendo chamados de rosa, embora o que floresce agora tenha um tom mais claro”, afirma o professor Jo�o Renato Stehmann.

Em Minas, mais de 20 esp�cies de ip�s florescem, gradativamente, de junho a setembro. Segundo dados da Associa��o Mineira de Defesa do Ambiente e da Prefeitura de Belo Horizonte, a capital conta com mais de 27 mil ip�s, o que corresponde a 9% do total de �rvores da cidade.

O ip�-rosa � o mais abundante, com cerca de 9,6 mil esp�cimes. Em seguida, vem o ip�-tabaco, com 6 mil plantas, e o amarelo (2,8 mil). Natural do cerrado, da floresta amaz�nica e da mata atl�ntica, a �rvore tem flora��o de acordo com cada esp�cie, ficando totalmente desprovida de folhas quando suas flores caem.