
O advogado da fam�lia do ex-vereador C�ssio Remis, morto em setembro de 2020, em Patroc�nio, por Jorge Marra, irm�o do prefeito do munic�pio, apresentou recurso pedindo a anula��o do julgamento que absolveu o autor dos disparos.
De acordo com o j�ri popular, em julgamento iniciado nessa quarta-feira (26/10) e que durou cerca de 15h, Jorge Marra agiu em leg�tima defesa. Ele deixar� a pris�o nesta quinta-feira (27/10).
O advogado da fam�lia de C�ssio Remis, M�rcio Grossi, afirmou que a decis�o dos jurados foi “contr�ria �s provas dos autos”. “Apresentamos um recurso com o objetivo de tentar anular o j�ri”, afirmou.
“Estava claro no processo que o C�ssio foi assassinado, correndo, com um tiro pelas costas, de forma cruel, b�rbara, desnecess�ria. Os jurados entenderam que ele (Jorge Marra) agiu em leg�tima defesa, quando o C�ssio estava fugindo do autor da execu��o”, completou.
M�rcio ainda lamentou a forma com que Patroc�nio ganha espa�o na m�dia. “Infelizmente, Patroc�nio primeiro foi reconhecida e noticiada por um homic�dio b�rbaro, filmado, � luz do dia, e agora t� sendo conhecida por uma decis�o esdr�xula, injusta e contr�ria a toda prova dos autos.”
O advogado disse ainda que o j�ri n�o considerou a quantidade de tiros disparados contra C�ssio, que foi baleado cinco vezes, sendo duas delas na cabe�a. “O Corpo de Senten�a n�o avaliou os dois disparos de arma de fogo na cabe�a, com exposi��o encef�lica. Eles simplesmente n�o avaliaram”, ressaltou.
Desaforamento
M�rcio Grossi afirmou que pedir o desaforamento do julgamento, que � a transfer�ncia de um processo de um foro para outro, n�o � mais poss�vel pois o processo, em tese, j� foi finalizado, mas que, em caso de anula��o, o processo volta para a comarca e essa passa a ser uma alternativa vi�vel.
“O C�ssio combatia a corrup��o”
Em entrevista ao Estado de Minas, o advogado de defesa de Jorge Marra, S�rgio Rodrigues Leonardo, afirmou que C�ssio Remis era uma “pessoa agressiva” que perseguia Marra politicamente.
Grossi rebateu as acusa��es. “Causam espanto as declara��es, uma vez que C�ssio Remis era um advogado combativo, que sempre prezou pela �tica, pela retid�o, uma pessoa proba e jamais perseguiu algu�m.”
Grossi rebateu as acusa��es. “Causam espanto as declara��es, uma vez que C�ssio Remis era um advogado combativo, que sempre prezou pela �tica, pela retid�o, uma pessoa proba e jamais perseguiu algu�m.”
“O que C�ssio n�o concordava era com os desmandos pol�ticos do Jorge Marra e de sua fam�lia. O C�ssio combatia a corrup��o em Patroc�nio. Por�m, ele combatia de forma legal, com o Judici�rio”, completou.
M�rio Grossi classificou a decis�o do j�ri como estarrecedora. “Eu acredito que n�o � essa a cidade que o povo de Patroc�nio queria. Onde se aprova um homic�dio, onde se absolve uma conduta grave, uma conduta desnecess�ria, uma conduta totalmente contr�ria a qualquer conviv�ncia normal com um cidad�o”, afirmou.
O julgamento
No come�o da madrugada desta quinta-feira (27/10), depois de cerca de 15 horas de julgamento, o ex-secret�rio municipal de Obras de Patroc�nio, Jorge Marra, acusado de homic�dio duplamente qualificado contra o ex-vereador da cidade C�ssio Remis foi absolvido. O j�ri considerou o fato como “leg�tima defesa”. O advogado da acusa��o informou que j� recorreu da decis�o.
Ao ler a senten�a, o juiz Serlon Silva Santos afirmou que Marra foi condenado a dois anos e 10 dias, por porte ilegal de arma de fogo. Como ele estava preso na Penitenci�ria de Patroc�nio desde o dia do crime, em setembro de 2020, a pena j� foi cumprida.
Acusa��o
O advogado de acusa��o e da fam�lia de Remis, M�rcio Grossi, afirmou que ficou completamente consternado. “A decis�o contrariou todas as provas dos autos. Isso demonstrou que, de fato, assim como sustentou a acusa��o a todo tempo, o alto poder pol�tico e econ�mico da fam�lia (de Marra) interferiu diretamente na decis�o do conselho de senten�a”, considerou.
Ainda segundo Grossi, a defesa j� recorreu da senten�a. “O recurso j� est� apresentado (� Justi�a)”, finalizou.
Relembre o caso
Jorge Marra � irm�o do prefeito de Patroc�nio, Deir� Marra (PSB) e, em setembro de 2020, matou com cinco disparos de rev�lver C�ssio Remis em frente a Secretaria de Obras do munic�pio, logo ap�s ele fazer uma live onde denunciava suposta irregularidade em obras da Prefeitura.
Na ocasi�o, Remis fazia uma live na Avenida Jo�o Alves do Nascimento, onde afirmou que funcion�rios da Prefeitura estariam fazendo servi�os particulares de frente ao comit� de campanha do atual prefeito, Deir� Marra.
Neste momento, Jorge Marra saiu de um carro e tomou o celular de C�ssio, que foi atr�s de Jorge, em dire��o a Secretaria de Obras. Na entrada do local, a v�tima tentou pegar seu celular de volta, mas foi baleado por Marra, que fugiu.
Na �poca do crime, que foi flagrado por c�mera de seguran�a, Marra era o Secret�rio de Obras de Patroc�nio.
Fam�lia revoltada
Em coletiva � imprensa, a m�e de C�ssio Remis disse que foi submetida a uma prova semelhante � da Virgem Maria, m�e de Jesus Cristo. “O filho dela foi assassinado por defender o povo, ensinar o amor e fazer o que � certo e ainda os assassinos dele continuaram libertos. E o meu caso foi a mesma coisa. Obrigado meu Deus e me d� paci�ncia, toler�ncia e amor, sobretudo, a partir de agora, porque vou precisar. Fiquei completamente desnorteada com essa not�cia ”, lamentou.
A vi�va de C�ssio, Nayara Remis, tamb�m se mostrou indignada. “Hoje foi provado que o Cassio n�o morreu, os jurados confirmaram isso, que ele n�o est� morto e que ele n�o levou tiros na cabe�a. Ent�o, segundo os jurados, eu vou voltar para casa e vou estar encontrando com o meu marido em casa”, ironizou.
E complementou: “Estou extremamente decepcionada com a decis�o. Acho que n�o tenho a sabedoria da ‘Chiquita’ (m�e de C�ssio) para nesse momento agradecer. Eu n�o acredito que aqueles jurados n�o tenham recebido nada e, desde o in�cio, eu n�o queria que esse j�ri fosse aqui em Patroc�nio. Eu n�o confio na popula��o daqui porque eles provaram que se vendem”.
E complementou: “Estou extremamente decepcionada com a decis�o. Acho que n�o tenho a sabedoria da ‘Chiquita’ (m�e de C�ssio) para nesse momento agradecer. Eu n�o acredito que aqueles jurados n�o tenham recebido nada e, desde o in�cio, eu n�o queria que esse j�ri fosse aqui em Patroc�nio. Eu n�o confio na popula��o daqui porque eles provaram que se vendem”.
Revolta nas redes sociais
Pelas redes sociais, v�rias de pessoas se manifestaram contra a senten�a: “Que vergonha! Meus pesares aos familiares por essa injusti�a”; “Lament�vel, realmente as leis do Brasil s� se aplica aos pobres. Um crime registrado por c�meras de seguran�a. Agora leg�tima defesa � for�ar a intelig�ncia de qualquer ser” e “Esse � nosso Brasil. Lament�vel”, afirmaram algumas das indigna��es.
*Com Renato Manfrim
