
A jovem foi assassinada aos 20 anos, em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, em 1º de setembro de 1982 – data que passa a ser comemorativa em seu louvor. Foi morta por um homem, que, ao tentar violent�-la e n�o conseguindo tirar sua virgindade, desferiu-lhe 15 facadas. Na �poca, ela se preparava para o vestibular de medicina. Como se trata de um mart�rio, n�o foi necess�ria a comprova��o, na Santa S�, de um milagre.
Na imagem, que agora poder� ir para os altares de templos cat�licos, a Beata Isabel Cristina traz l�rios e uma palma na m�o direita, enquanto, no dedo indicador da m�o esquerda, sobre o peito, est� o anel-ter�o da f� em Cristo. Durante a cerim�nia, os organizadores apresentaram um quadro da m�rtir, trazendo ao fundo um jardim com 15 rosas, as quais representam as flores tradicionais de Barbacena e os 15 golpes que puseram fim � sua vida.
Com a beatifica��o da Serva de Deus Isabel Cristina, Minas Gerais tem seu quarto beato (dois homens e duas mulheres) na Igreja Cat�lica, �ltimo passo antes da canoniza��o. Os primeiros foram Padre Eust�quio, Nh� Chica e Padre Victor. A beatifica��o, segundo o arcebispo de Mariana, � um momento para pedir a Deus pelo fim da viol�ncia contra as mulheres. “Que elas sejam respeitadas em sua dignidade, e cesse a explora��o e o feminic�dio”, disse o arcebispo de Mariana, dom Airton Jos� dos Santos.
Cerim�nia
Na presen�a de milhares de pessoas, a missa celebrada em altar montado no Parque de Exposi��es Senador Bias Fortes come�ou �s 10h. J� o rito de beatifica��o teve in�cio �s 10h23, quando o arcebispo metropolitano de Mariana, dom Airton Jos� dos Santos, fez a leitura do pedido a dom Damasceno, representante do papa Francisco. A seguir, houve a leitura da biografia da m�rtir Isabel Cristina, pelo postulador (advogado) da causa, o italiano Paolo Vilotta.
Em resposta, dom Raymundo Damasceno leu, em latim, a carta do papa Francisco, informando que o nome da “fiel e leiga, virgem e m�rtir Isabel Cristina” j� est� inserida na lista dos beatos da Igreja Cat�lica.

Vestibular
Nascida em 29 de junho de 1962, Isabel Cristina “cresceu na viv�ncia da f�, cultivando uma rela��o de carinho e amor em fam�lia”. Em 1º de setembro de 1982, aos 20 anos, ela foi brutalmente assassinada em Juiz de Fora (MG), na Zona da Mata, onde estava morando para se preparar para o vestibular de medicina. “O agressor tentou violent�-la sexualmente e, n�o obtendo �xito, desferiu-lhe 15 facadas, al�m de golpe�-la com uma pequena cadeira, lembran�a de seu anivers�rio de tr�s anos”, segundo a documenta��o referente ao mart�rio da jovem mineira.
O coordenador-geral da cerim�nia de beatifica��o, monsenhor Danival Milagres Coelho explica que, “para a Arquidiocese de Mariana, bem como para a Igreja no Brasil e no mundo, � uma gra�a ter a beatifica��o de uma leiga, jovem, que soube viver sua f� na defesa corajosa dos seus valores”. O sacerdote diz ainda que a futura beata � uma refer�ncia para os jovens. “Isabel Cristina afirmou: ‘� preciso resistir ao mal, custe o que custar’. E custou a vida dela. Por isso, n�s agradecemos a Deus o testemunho de f� desta jovem”.
A exemplo de Santa Maria Goretti e a Beata Benigna Cardoso da Silva, a m�rtir Isabel Cristina tamb�m foi v�tima de viol�ncia contra a mulher. Nesse sentido, monsenhor Danival afirma que, “na pessoa da futura Beata Isabel Cristina, n�s queremos lembrar a vida de tantas mulheres v�timas da viol�ncia, v�timas da tentativa de abuso sexual e de outros crimes”.
Processo
Devido � forma como Isabel Cristina morreu, mas sobretudo como viveu, foi instaurado oficialmente, em 26 de janeiro de 2001, o Tribunal para a Causa de Beatifica��o da Jovem Isabel Cristina. Em 1º de setembro de 2009, o processo foi encerrado em �mbito arquidiocesano, quando tamb�m ocorreu a exuma��o dos restos mortais e a traslada��o para o Santu�rio Nossa Senhora da Piedade, em Barbacena.
Ap�s onze anos, em 27 de outubro de 2020, o papa Francisco autorizou a publica��o do decreto reconhecendo o mart�rio de Isabel Cristina, possibilitando a beatifica��o. Ela foi v�tima n�o somente de um, mas de dois mart�rios, sendo um f�sico e outro moral. Al�m, de ter sofrido a viol�ncia f�sica que a levou � morte, ao longo de todo o processo criminal, foram levantadas suspeitas, e, assim, apresentaram acusa��es falsas contra a moralidade da sua vida e da sua pessoa. Foi v�tima tamb�m de cal�nia e mentiras, para tentar defender o criminoso. Mas a justi�a, gra�as a Deus, levou muito a s�rio o processo, revelando e comprovando toda a verdade do fato que a levou a esta morte t�o violenta”, afirma o padre.
Em Barbacena, a Par�quia Nossa Senhora da Piedade reformou a Capela dos Sagrados Cora��es de Jesus e Maria, para onde ir�o as rel�quias da Beata Isabel Cristina.