BH: restaurada, Casa da Fazendinha � aberta com exposi��o

Um patrim�nio dos prim�rdios de Belo Horizonte, capital em plenas comemora��es dos seus 125 anos de hist�ria, volta � cena urbana para valorizar ainda mais a vida cultural com a sua completa restaura��o. Na manh� deste s�bado (17/12), foi inaugurada a Casa da Fazendinha, im�vel do in�cio do s�culo 20, na Barragem Santa L�cia, na Regi�o Centro-Sul. 

No local, com a presen�a do prefeito Fuad Noman, foi aberta tamb�m hoje a exposi��o “De fazenda a casar�o: trajet�rias de preserva��o”, mostrando a hist�ria da constru��o, do processo de tombamento, h� 30 anos, ao restauro. A gest�o do espa�o ser� da Associa��o Cultural Casa do Beco, que surgiu em 2003 a partir do trabalho art�stico do Grupo do Beco (criado em 1995). 

Nascido e criado na comunidade da Barragem Santa L�cia, um dos maiores aglomerados de BH, o diretor e fundador da Casa do Beco, Nil C�sar, conta que, at� chegar � inaugura��o, houve “muita luta, resist�ncia e resili�ncia” por parte dos moradores, incluindo a fam�lia que habitava a casa, a fim de garantir a integridade do im�vel e reivindicar o tombamento. “Para administra��es municipais anteriores, tombar e proteger o casar�o era reconhecer a favela como parte da capital. Ent�o, n�o assumiam isso. Foram necess�rios tr�s d�cadas para essa conquista, mesmo o casar�o estando t�o perto do Museu Hist�rico Ab�lio Barreto”, explicou Nil C�sar.  

De acordo com informa��es da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), as obras de restauro do im�vel demandaram tr�s anos, a partir  de um programa de a��es com apoio e atua��o da Secretaria Municipal de Cultura, Funda��o Municipal de Cultura, Secretaria Municipal da Fazenda, Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Secretaria Social, Seguran�a Alimentar e Cidadania, Sudecap, Prodabel e Coordenadoria de Atendimento Regional Centro-Sul. Erguido na antiga col�nia Agr�cola Afonso Pena, em fazenda existente antes da constru��o de BH, a edifica��o foi tombada em 1992.

 

O im�vel abre as portas com a exposi��o “De fazenda a casar�o: trajet�rias de preserva��o”,  que aborda a hist�ria do im�vel, destaca atua��o da Casa do Beco na comunidade e homenageia Maria Izabel Rocha Magalh�es, falecida em 2010, e sua fam�lia, respons�veis pela preserva��o por v�rios anos. A PBH informa que se trata “de um memorial, o qual tamb�m receber�, esporadicamente, exposi��es que ilustrem a constru��o e o crescimento da comunidade na cidade, a partir de v�rios outros olhares, tais como as mobiliza��es sociais, associa��es, grupos de jovens, religi�es, entre outros”.

Para a filha de dona Izabel, Fl�via Regina Rocha da Silva, de 53 anos, “ver o espa�o de p�, com a certeza de ele n�o vai mais cair, � uma emo��o muito grande”. Presente � inaugura��o, ela disse que o momento era de “alegria”, pois foram muitos anos de luta junto aos �rg�os culturais.

 

 

Para a secret�ria Municipal de Cultura, Eliane Parreiras, a restaura��o do im�vel centen�rio, transformado em novo espa�o cultural para comunidade da Barragem Santa L�cia, “representa a valoriza��o do patrim�nio cultural da cidade e a requalifica��o de um novo espa�o, que est�o em conson�ncia com a pol�tica cultural do munic�pio, que preza pela descentraliza��o das a��es e universaliza��o do acesso.

Eliane Parreiras disse ainda que nada mais simb�lico para marcar o anivers�rio de BH do que a entrega da Casa da Fazendinha � cidade, com gest�o da pr�pria comunidade, contando a hist�ria e potencializando a cultura local e a inclus�o social. “Precisamos, cada vez mais, valorizar a cultura produzida nas comunidades e incentivar a forma��o de novos agentes que atuem tamb�m a partir das viv�ncias locais. Nesse sentido, a gest�o da Casa do Beco, institui��o com forte presen�a na regi�o, certamente cumprir� muito bem esse papel.”

J� a presidente da Funda��o Municipal de Cultura, Luciana F�res, ressaltou que o casar�o da Barragem Santa L�cia preserva a hist�ria da capital  e marcou o in�cio da ocupa��o daquela �rea. “Nada mais justo que ele retorne agora � comunidade, sendo dado ao im�vel um uso cultural.”

Ap�s a exposi��o, o novo equipamento passar� a atuar tanto na forma��o cultural e profissional quanto na apresenta��o de shows musicais e espet�culos. A Prodabel (Empresa de Inform�tica e Informa��o do Munic�pio de Belo Horizonte) ir� equipar duas salas com telecentros, sendo uma para a inclus�o digital de idosos e a outra um espa�o de forma��o e profissionaliza��o da juventude. De acordo com a PBH, ser� destinado um espa�o multiuso para oficinas, palestras, cursos, semin�rios, forma��o de empreendedorismo cultural, gest�o cultural, presta��o de contas e produ��o cultural. Vale destacar que ser� mantida uma programa��o art�stica, tendo a varanda do casar�o como palco para eventos musicais e performances.

 

 

 

A hist�ria do casar�o da Barragem Santa L�cia come�a antes da constru��o da capital, quando o im�vel foi erguido em um terreno que, inicialmente, fazia parte da Fazenda do Cap�o, localizada na regi�o que corresponde atualmente ao Bairro Santa L�cia e adjac�ncias. Pesquisas mostram que, em 1894, a fazenda pertencia a Il�dio Ferreira da Luz e foi desapropriada por estar na �rea onde seria constru�da Belo Horizonte.

Posteriormente, a fazenda passou a integrar a Col�nia Agr�cola Afonso Pena. Pesquisas recentes informam que a edifica��o foi possivelmente constru�da no lote 71 da Col�nia Agr�cola, entre 1900 e 1919. H� ind�cios de que a Cer�mica Santa Maria, que ficava em frente ao casar�o at� a d�cada de 1950, tenha pertencido aos propriet�rios da antiga resid�ncia.

 

Em 1972, o casar�o foi adquirido por Maria Izabel Rocha Magalh�es e o marido. Em 1992, o im�vel passou a integrar o Patrim�nio Cultural do munic�pio, em fun��o de seu “valor hist�rico e afetivo para a comunidade e a sociedade”, conforme documento distribu�do pela PBH.