
Um dos nomes mais promissores da arte urbana de Belo Horizonte, Comum convidou outros seis grafiteiros para pintar a al�a do Viaduto Mo�ambique, na Avenida Antonio Carlos, no Bairro Cachoeirinha. Pintado com cores vivas, o mural com letreiros ficou pronto em 13 de novembro.
O trabalho � parte da resid�ncia art�stica da Bolsa Pampulha, programa de fomento das artes visuais mantido pela Funda��o Municipal da Cultura, para o qual o artista foi selecionado neste ano. Comum escolheu para o local a frase "Um grafite na parede j� defende algum direito".
A obra custou cerca de R$ 3 mil e foi autorizada pela Prefeitura de Belo Horizonte. No entanto, qual n�o foi a surpresa de Comum, ao passar no local na �ltima quinta-feira (22/12). No lugar da obra, s� havia um pared�o pintado de cinza. Ele ficou surpreso ao saber que o painel foi apagado pela Superintend�ncia de Limpeza Urbana (SLU), vinculada tamb�m � PBH.
"A solu��o apresentada pela prefeitura � muito antiga e antiquada. A postura gralmente � de um apagamento completo com tinta cinza, obedecendo a crit�rios da pr�pria Superintend�ncia de Limpeza Urbana, que s�o muito question�veis", diz.
Comum pontua que � necess�rio um debate sobre como a arte urbana � tratada na capital, uma vez que muitas vezes � guiada pelo "higienismo" "Entendo que a polui��o visual � um problema do gestor p�blico", diz. No entanto, o artista sublinha que a pol�tica de lidar com a quest�o � punitivista. Ele critica como os grafites costumam ser sistematicamente apagados, e muitas vezes os grafiteiros tamb�m s�o punidos.
Comum afirma que tamb�m n�o � poss�vel compreender os crit�rios empregados para decidir quais os grafites ser�o apagagados, uma vez que h� uma seletividade para apagar determinados e n�o outros. "Eu j� vi uma ordem de servi�o deles. � um documento com uma foto, onde eles literalmente escolhem o que vai ser apagado", diz.
O artista questiona, no entanto, que o profissional que fica respons�vel por decidir o que deve ser apagado n�o tem compet�ncia art�stica para faz�-lo. "Ent�o, � uma pol�tica antiquada que j� gerou problemas em outras ocasi�es e continua gerando. Talvez este caso seja um pouco mais emblem�tico, porque � um projeto da prefeitura, foi bancado com o projeto da prefeitura", completa.
Interven��o Urbana
Como parte de sua obra para o Bolsa Pampulha, Comum prop�s a realiza��o de tr�s interven��es pela cidade. S�o as chamadas “sopas de letras”, onde artistas do grafite escrevem seus nomes lado a lado, criando grandes mosaicos de estilos. Mas, na interven��o, em vez de escreverem seus nomes, os artistas foram convidados a escrever trechos de frases.
Ao todo, Comum planejou tr�s frases, derivadas de “Um grafite na parede j� defende algum direito”, verso originalmente escrito pelo rapper Heli�o, do grupo de rap paulista RZO. Comum ressalta que a escolha da frase marca a luta por direitos no grafite e no Hip Hop em geral, al�m de integrar novamente os elementos do rap e do graffiti em sua produ��o.
“Estas frases, numa sopa de letras, adquirem sentido metalingu�stico e reivindicam, em ato, o espa�o e a liberdade de express�o, valores caros � pr�tica do grafite, aqui entendidos como um direito”, acrescenta.
Posicionamento da PBH
Em nota, a Prefeitura de Belo Horizonte esclarece que realiza rotineiramente a limpeza dos viadutos da capital. "Como a SLU n�o foi comunicada sobre essa arte, o grafite foi apagado pelos garis, que desconheciam a permiss�o concedida." E completa: "O munic�pio lamenta o ocorrido e ressalta que ir� refor�ar o fluxo de trabalho entre as equipes para que situa��es semelhantes n�o aconte�am novamente".
A PBH ainda informou que, em janeiro, a presidente da Funda��o Municipal de Cultura, Luciana F�res, vai se reunir com o artista Comum para encontrar estrat�gias que viabilizem nova execu��o da obra apagada. Vale refor�ar que todas as interven��es do Bolsa Pampulha em espa�os p�blicos foram autorizadas pelos �rg�os p�blicos respons�veis.