
O desastre no munic�pio de Ant�nio Dias, no Vale do Rio Doce, que levou � morte de tr�s mulheres e deixou um adolescente desaparecido, traz � tona o medo de deslizamentos de terra em Minas Gerais. As marcas das chuvas no estado ainda s�o vis�veis como cicatrizes e est�o presentes nas encostas, nas casas e nas pessoas.
O Servi�o Geol�gico do Brasil (CPRM) identificou 192 munic�pios mineiros com risco geol�gico, incluindo cidades que j� decretaram estado de emerg�ncia no atual per�odo chuvoso. A regi�o do Vale do A�o � um ponto cr�tico no estado. At� o momento, 104 munic�pios j� decretaram situa��o de emerg�ncia. A Defesa Civil estadual contabiliza mais de 1,4 mil desabrigados e quase 8 mil desalojados em fun��o das chuvas.
Todo ano � a mesma situa��o: moradores com medo de deslizamento, rios transbordando, casas devastadas e vidas perdidas. A trag�dia s� muda de endere�o. A instabilidade de morros e terrenos mais altos, devido ao encharcamento do solo, j� n�o � novidade em muitas regi�es mineiras e h� anos preocupa moradores de �reas de risco nesta �poca do ano. “Estamos em uma �rea muito montanhosa. No per�odo chuvoso j� � comum passarmos por deslizamentos”, conta o presidente Ailton Silveira Dias, da Associa��o dos Munic�pios do Vale do A�o.
Ele alerta para o risco de novos desastres na regi�o at� o fim do per�odo chuvoso. “� uma trag�dia anualmente anunciada. N�o � um caso isolado. Estamos sofrendo muito com enchentes, desmoronamento e encharcamento de encostas”, sinaliza ele, que tamb�m � prefeito de Entre Folhas.
O cen�rio escancara a falta de iniciativa do poder p�blico em lidar com um problema constante e j� esperado. A Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec) n�o tem um mapeamento de regi�es mais cr�ticas para evitar trag�dias. O �rg�o afirma que o levantamento das �reas de risco de deslizamento � feito pelos pr�prios munic�pios e a atua��o da entidade nesse sentido � meramente educativa.
“A Defesa Civil estadual atua no apoio aos munic�pios, isto �, estimulando o munic�pio a trabalhar de forma preventiva. Para isso, temos a Escola de Defesa Civil, que promove treinamentos, palestras, cursos e orienta��es, com o objetivo de conscientizar e preparar o pr�prio munic�pio para responder a situa��es adversas”, afirmou a Cedec por meio de nota.
A amea�a de deslizamentos paira sobre todo estado. Um mapeamento no site do Servi�o Geol�gico do Brasil (CPRM) identifica 192 munic�pios mineiros com risco geol�gico, entre eles o munic�pio de Ant�nio Dias, onde tr�s pessoas morreram na madrugada desse Natal, v�timas de um deslizamento de terra. Tamb�m aparecem na lista as cidades de Alto Rio Doce, S�o Jo�o del-Rei, Tr�s Cora��es, Bar�o de Monte Alto, entre outros que declararam situa��o de emerg�ncia no atual per�odo chuvoso.
SEM DETALHAMENTO
O registro, no entanto, n�o detalha o grau de risco enfrentado pelos munic�pios. Conforme noticiou o Estado de Minas nesta semana, os munic�pios de Nova Lima, Sabar� e Ibirit� s�o apontados pelo CPRM como tendo mais �reas de risco geol�gico na Grande BH. Nova Lima tem a maior concentra��o, com 71 regi�es de bairros e comunidades em �reas de risco, seguida por Sabar�.
As condi��es das estradas que ligam o Vale do A�o ao restante do pa�s s�o outro ponto de preocupa��o nesse per�odo chuvoso. H� menos de uma semana, registros de uma eros�o �s margens da BR-381, no sentido Belo Horizonte, em Ant�nio Dias, mostraram a destrui��o de uma parte da estrutura, que amea�a a seguran�a dos motoristas no local. O problema ocorre pr�ximo aos t�neis de Piracicaba.
V�deos que circulam nas redes sociais mostram carretas e caminh�es passando sobre o asfalto � beira do colapso por falta de sustenta��o. “No in�cio do ano, ficamos praticamente ilhados e j� estamos seguindo para o mesmo caminho”, disse o presidente da Associa��o dos Munic�pios do Vale do A�o, destacando a quantidade de obras inacabadas na rodovia. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) foi acionado para avaliar a situa��o e adotar provid�ncias no local da emerg�ncia.
Minas deve ter chuva pelo menos at� 2 de janeiro pr�ximo. At� l�, a recomenda��o da Defesa Civil estadual � de cautela. “Pedimos �s pessoas que n�o desloquem a p� em locais de enxurrada e alagamentos. Pedimos aos motoristas que n�o trafeguem em �reas de inunda��o. Fica o alerta para os moradores se atentarem aos sinais de colapso como rachaduras e frestas em paredes e muros de conten��o. Janelas e portas com dificuldade de fechar, �rvores e postes com inclina��o anormal”, orientou o coordenador adjunto da Defesa Civil, tenente-coronel Sandro Vieira Corr�a.