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Estado de Minas Celular

Atropelamentos em alta: o que os smartphones t�m a ver com isso?

Interna��es de pedestres aumentam em MG e em BH, muitas relacionadas ao uso de celular, que j� � tido como 3� maior causa de acidentes


30/12/2022 04:00
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(BH-MG - Pedestre atravessa o Anel Rodoviário usando celular e com fones de ouvido)
Pedestre atravessa o Anel Rodovi�rio pela pista a poucos metros de passarela, usando celular e com fones de ouvido: desaten��o que pode custar caro (foto: FOTOS: JAIR AMARAL/EM/D.A PRESS)

A tela que permite interagir com o mundo tamb�m toma a aten��o e faz com que pedestres atravessem vias de alta velocidade com olhos presos ao celular e sem escutar corretamente o que ocorre no entorno, por causa de fones de ouvido. Dentro dos autom�veis, at� mensagens s�o digitadas, mobilizando n�o apenas o olhar do motorista como tamb�m suas m�os e reflexos. J� tido como a terceira principal causa de acidentes – perdendo para alta velocidade e embriaguez –, o celular � usado por quem caminha e quem dirige em algumas das vias mais perigosas de Belo Horizonte, como o Anel Rodovi�rio. Segundo especialistas, um componente importante no aumento de interna��es de pedestres em Minas Gerais e em na capital, segundo dados do Sistema �nico de Sa�de (SUS).

O saldo de interna��es em hospitais e pronto-socorros do SUS por acidentes de transportes terrestres apresentou aumento sobretudo entre pedestres. Em Minas, o total subiu de 3.141, entre janeiro e setembro de 2021, para 3.592 (alta de 14,3%) no mesmo per�odo de 2022 (veja quadro). O mesmo ocorreu em Belo Horizonte, onde as interna��es de quem se desloca a p� somaram 673 de janeiro a setembro de 2021 e tiveram um salto 33,4%, passando a 898 em 2022. A capital ainda apresentou aumento de 18,6% em acidentes de carro no comparativo dos mesmos per�odos. No somat�rio, as interna��es ca�ram 1,8% em Minas Gerais e aumentaram 2,3% em BH.

O uso de smatphones no tr�nsito � um componente importante na distra��o e pode ocasionar ferimentos graves, avalia o diretor cient�fico da Associa��o Mineira de Medicina do Tr�fego (Ammetra), Alysson Coimbra. “Percebemos aumento do n�mero das chamadas 'Falhas de Aten��o ao Conduzir' (FAC), que tem sido fator decisivo no aumento de acidentes. O celular � o principal exemplo, causando distra��o visual e motora quando associado ao volante. O fen�meno tamb�m � observado entre pedestres que se deslocam com o olhar totalmente voltado para as telas e muitas vezes com o agravo do uso de fones de ouvido.”

Quem se desloca a p� est� mais exposto, o que ajuda a explicar os aumentos de interna��es em n�vel estadual e da capital, na avalia��o do diretor cient�fico da Ammetra. “Essa combina��o � a respons�vel por esses eventos evit�veis. Os pedestres s�o o elo mais desprotegido do sistema de tr�nsito e, por isso, est�o mais sujeitos a ferimentos graves e, portanto, a interna��es”, avalia Coimbra.

No Anel Rodovi�rio de Belo Horizonte, h� muitos pontos onde pessoas ignoram passarelas quando est�o dispon�veis, ou se arriscam em pontos sem condi��es prop�cias a travessias. Basta trafegar pela rodovia para flagrar muitos deles usando smartphones com fones e muitos at� acionando as telas enquanto cruzam as pistas movimentadas.

(BH %u2013 MG %u2013 Corredor se exercita entre carros na Avenida Nossa Senhora do Carmo)
Corredor se exercita entre carros na movimentada Avenida Nossa Senhora do Carmo: risco aumentado para elo mais vulner�vel do tr�nsito
(BH %u2013 MG %u2013 Dupla de pedestres cruza o Anel Rodoviário pelo asfalto próxmo a passarela)
Na regi�o do Bairro Nazar�, dupla se exp�e ao ignorar travessia segura para cruzar pistas pelo asfalto

“Aventura” no asfalto

Um dos pontos em que a atitude � observada com mais frequ�ncia � na altura da Vila da Luz e Bairro Nazar�, na Regi�o Nordeste de BH. Nesse trecho, at� pais com filhos pequenos s�o vistos em disparada para chegar ao ponto de �nibus e n�o perder a condu��o, ainda que o pequeno ganho de tempo signifique um alto risco.

A atendente de lojas Madrizela Dornelas, de 48 anos, desce sempre de sua casa no Bairro Nazar� para esperar o �nibus no Anel Rodovi�rio e, quando precisa atravessar, prefere a passarela. “S� quem mora aqui sabe o tanto de gente que j� morreu ou ficou inv�lida por causa da travessia do Anel. H� tr�s anos, morreu o senhor Sebasti�o, de uns 70 anos, que ia trabalhar, correu na hora errada e foi atropelado por um carro. Esses dias, um rapaz novo foi pego por um carro e ficou com a perna e a cintura todas quebradas. Acho que deveria ter mais radares ou quebra-molas, mas as pessoas tamb�m precisam de colaborar”, afirma a atendente.

A grande popula��o, a numerosa frota de ve�culos e a maior disponibilidade de atendimentos hospitalares para pessoas de cidades pr�ximas tamb�m influenciam no n�mero de interna��es em Belo Horizonte, avalia o diretor da Ammetra, Alysson Coimbra. “BH � uma das regi�es mais populosas do estado. � tamb�m a regi�o que tem a maior frota de ve�culos, o tr�nsito mais complicado e um grande deslocamento di�rio de pessoas. Naturalmente, haver� na capital maior ocorr�ncia de acidentes e feridos. Al�m disso, h� que se considerar que o n�mero maior de atendimentos na cidade pode ser fruto da maior disponibilidade de assist�ncia hospitalar em rela��o ao restante do estado”, pondera o especialista.

(BH %u2013 MG %u2013 Motorista dirige usando o celular no Anel Rodoviário)
Corredor se exercita entre carros na movimentada Avenida Nossa Senhora do Carmo: risco aumentado para elo mais vulner�vel do tr�nsito

Dor, sofrimento e alto custo social

O grande n�mero de interna��es por acidentes de transporte terrestre em Minas Gerais e em Belo Horizonte representam n�o apenas dor para v�timas e suas fam�lias, mas tamb�m um grande custo social. O diretor cient�fico da Associa��o Mineira de Medicina do Tr�fego (Ammetra), Alysson Coimbra, lembra que, nos hospitais, v�rias equipes precisam ser mobilizadas para tratar desse contingente.

“Os acidentes est�o mais graves, devido � imprud�ncia e ao excesso de velocidade. Esses atendimentos demandam equipe multidisciplinar, exames de alta complexidade, cirurgias de emerg�ncia, interna��o em leito de UTI e hospitaliza��es prolongadas. Historicamente, os acidentes de tr�nsito respondem por uma ocupa��o de 60% dos leitos de UTI e 50% das Cirurgias do SUS. � um n�mero bem alto”, avalia Coimbra.

O m�dico salienta que a Organiza��o das Na��es Unidas (ONU) estima que o Brasil gaste, todos os anos, cerca de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) com acidentes de tr�nsito. “Estamos falando de algo em torno de R$ 261 bilh�es, metade do que o pa�s gastou com o aux�lio emergencial no auge da pandemia, em 2020. Esse c�lculo engloba o socorro �s v�timas, atendimento hospitalar e gastos com Previd�ncia gerados tanto pelo afastamento do trabalho quanto pelo alto n�mero de aposentadorias por invalidez antes do tempo”, conta.

O impacto econ�mico muitas vezes vem seguido de impactos sociais. “Muitas das v�timas s�o jovens e acabam deixando suas fam�lias financeiramente desamparadas. Milhares de fam�lias brasileiras ficam financeiramente vulner�veis e empobrecidas toda vez que um jovem, pai ou m�e de fam�lia perde a vida ou fica incapacitado para trabalhar”, aponta o especialistas.

Onde h� mais risco para quem est� a p�

Em meio ao aumento nas interna��es de pedestres, a situa��o do personagem mais vulner�vel no tr�nsito � pior em vias como o Anel Rodovi�rio de BH ou no Centro da capital, segundo avalia��o da coordenadora de Projetos Especiais e Seguran�a no Tr�nsito da BHTrans, Jussara Bellavinha. “Os acidentes mais graves acabam chamando muito a aten��o, mas quase todos os dias uma pessoa � atropelada no Anel Rodovi�rio. J� a Avenida Afonso Pena � sempre a campe� de atropelados por quil�metro”, afirma.

Outro fator que agravou interna��es de pedestres atropelados, segundo a coordenadora da BHTrans, � o conflito com as motocicletas, respons�veis por 36,65% dos atropelamentos em 2021, apesar de responderem por n�o mais que 14% da frota. “Muitos pedestres que tentam atravessar fora da faixa, entre os carros, acabam sendo atingidos pelas motos, que chegam em velocidade superior nos corredores entre os carros. � comum tamb�m que motociclistas acelerem antes da abertura dos sem�foros, enquanto pessoas ainda est�o tentando aproveitar para atravessar”, afirma.

Jussara Bellavinha afirma que a BHTrans atua em tr�s frentes para enfrentar esse tipo de quest�o: engenharia, educa��o e fiscaliza��o. “Fizemos revis�o da programa��o semaf�rica para aumentar em 33% o n�mero de oportunidades de travessia, para que os pedestres possam ter mais tempo. Instalamos mais redutores de velocidade, reduzindo em 78% os acidentes com motos, e fizemos os motobox na frente do sem�foro o que ajuda a reduzir em 23% os acidentes. Tamb�m fazemos a��es de educa��o nas escolas, m�dias sociais e parceiros, sem falar nos detectores de avan�o e de velocidade acima de 60km/h”, cita.


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