
Atraindo cerca de 5 milh�es de pessoas para as ruas de Belo Horizonte, o carnaval se consolidou como o principal evento do primeiro semestre na capital mineira e, talvez, o maior do ano. A folia � uma verdadeira for�a motriz n�o s� de alegria e festa, mas para toda a economia da cidade, gerando empregos e oportunidades para quem deseja ganhar um “extra.” Ap�s dois anos longe dos cortejos, a prefeitura espera que em 2023 cifras pr�ximas a R$ 600 milh�es sejam movimentadas durante o evento, que come�ou no �ltimo s�bado (4/2) e se estende at� o dia 26.
As expectativas para o retorno da maior festa popular de rua � sentida no com�rcio e em outros servi�os ligados direta ou indiretamente ao carnaval. Estimativa do Observat�rio do Turismo da Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte (Belotur), projetada com base em dados do carnaval 2019, aponta para a cria��o de cerca de 20 mil postos de trabalho na economia da capital.
“� uma alegria enorme ver o carnaval de Belo Horizonte retornando �s ruas”, comemorou o presidente da Belotur, Gilberto Castro. A prefeitura, no entanto, teve dificuldades em angariar patroc�nios para a festa, preenchendo apenas uma parte das cotas dispon�veis com o apoio do Sistema Fecom�rcio-MG, Sesc e Senac em Minas e Sindicatos Empresariais, no valor de R$ 1 milh�o, e a Rede de Supermercados BH, com cota de R$ 250 mil.
Mesmo com o empecilho, o evento continua atrativo e o Executivo municipal arca com o restante dos custos para garantir a festa. “O evento foi qualificado com a integra��o da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) garantindo a sua organiza��o, seguran�a e acesso da popula��o, turistas e visitantes. Com planejamento antecipado para melhor estrutura��o da festa, conseguimos como resultado uma folia diversa e plural”, afirmou Castro.
O resultado esperado pelo munic�pio � uma arrecada��o de R$ 24 milh�es em impostos indiretos l�quidos, ou seja, Imposto sobre Opera��es relativas � Circula��o de Mercadorias e sobre Presta��es de Servi�os de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunica��o (ICMS), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e Imposto sobre Servi�os (ISS).
A expectativa � que o evento supere a edi��o de 2020, levando meio milh�o de pessoas a mais para as ruas da capital mineira. Neste ano, o n�mero de blocos nas ruas tamb�m aumentou em 40%, saltando de quase 350 para uma programa��o com 493, al�m dos 539 cortejos que dever�o levar multid�es �s ruas de todas as regionais, estimulando o consumo, com�rcio e os servi�os da capital.
Patroc�nio
Para o Sistema Fecom�rcio MG, Sesc, Senac e Sindicatos Empresariais, principal patrocinador do carnaval de Belo Horizonte, a consolida��o do evento abre oportunidades para a cadeia do com�rcio, servi�os e turismo da cidade, girando a economia da regi�o. A edi��o de 2023 promete levar a festa de momo ao patamar de terceira maior do Brasil, ficando atr�s apenas de S�o Paulo e Rio de Janeiro, mas superando os tradicionais carnavais de Salvador, na Bahia, e Recife, em Pernambuco.
O patroc�nio da Fecom�rcio tem como um de seus objetivos incentivar a integra��o de estabelecimentos comerciais que normalmente ficam fechados durante os dias tradicionais de festa, sendo uma forma de reduzir os preju�zos aos comerciantes. “Dinheiro circulando � todo mundo ganhando”, resumiu o presidente do Sistema Fecom�rcio MG, Sesc e Senac em Minas, Nadim Donato. “Durante o carnaval, os bares, restaurantes e hot�is lotam, e isso pra n�s � fundamental, pois o dinheiro vem pra dentro de Belo Horizonte. Logo, quando as lojas do varejo estiverem abertas na quarta-feira (de cinzas), a partir das 12h, esse dinheiro vai circular no com�rcio”, destacou Nadim.
Pesquisa
Duas pesquisas produzidas pela �rea de estudos econ�micos e o setor de neg�cios tur�sticos da Fecom�rcio MG levantaram as expectativas do foli�o e do comerciante para o per�odo carnavalesco. E indicam caminhos para que os comerciantes aproveitem e otimizem seus neg�cios para alcan�ar melhores resultados.
Com expectativa de aumento expressivo no fluxo de pessoas durante o per�odo da folia, o com�rcio belo-horizontino tem motivos para ser otimista. E foi o que mostrou o levantamento feito pelo sistema Fecom�rcio MG, que entrevistou 291 empres�rios do setor varejista de 17 bairros que comp�em as regi�es Centro-Sul, Leste e Oeste, de Belo Horizonte – onde grande parte da festa se concentra.
Entre os empres�rios que responderam � pesquisa, 45,7% acreditam que o carnaval de rua de Belo Horizonte ser� positivo para as cadeias de com�rcio, servi�os e turismo da cidade, 27,15% entendem que a festa n�o causar� impacto, e 23,37% consideram que a folia ser� negativa, enquanto outros 3,78% n�o sabem ou n�o responderam.
Quanto aos neg�cios, 48,5% dos entrevistados esperam vender mais que no carnaval de 2020, e 21,3% esperam vender pelo menos o mesmo que na �ltima edi��o da festa. Para melhor atender � demanda esperada no per�odo, 23,5% dos comerciantes disseram que v�o investir no aumento do estoque, 12,5% em treinamento a seus funcion�rios e 7,4% pretendem contratar m�o de obra tempor�ria.
“O carnaval � um vetor fundamental do turismo que precisa ser apoiado, para que uma capital como Belo Horizonte tenha um crescimento na recep��o de turistas ou na pr�pria reten��o de seus habitantes. Assim, a gente pode ter um carnaval bel�ssimo que vai lotar os hot�is, bares e restaurantes”, completou Nadim Donato.
A pesquisa ainda revela que entre os motivos que levam o comerciante a considerar o carnaval positivo, o maior n�mero de turistas e de pessoas circulando na cidade � o principal apontamento dos empres�rios, com 63,2% das respostas. O movimento nos estabelecimentos aparece em segundo lugar, com 32,3% da prefer�ncia.
Foli�es animados
Pesquisa que leva em considera��o a opini�o dos foli�es foi realizada entre 18 e 30 de janeiro, por meio de um question�rio on-line com 921 respostas, e contou com o apoio da Belotur. Entre os entrevistados pelo Sistema Fecom�rcio, o carnaval tem uma ades�o de 90,7%. Segundo o levantamento, 4,3% das pessoas que pretendem participar do carnaval de BH s�o de outros estados e 0,3%, de outros pa�ses. Esses n�meros s�o semelhantes �s expectativas da prefeitura, que calcula que dos 5 milh�es de foli�es que devem passar pela cidade, 200 mil sejam turistas (4%).
Dos entrevistados, 77,5% t�m entre 25 e 49 anos, grupo et�rio relacionado a um poder aquisitivo mais consolidado. O levantamento aponta tamb�m que 40% dos foli�es pretendem gastar entre R$ 100 e R$ 300 em fantasias, bebidas e alimenta��o no carnaval. A forma de pagamento mais escolhida � o cart�o de cr�dito com uma parcela (33,1%), seguido de cart�o de d�bito (32%), PIX (14,4%) e dinheiro em esp�cie (11,4%).
Um percentual de 35% dos foli�es pretende confeccionar suas pr�prias fantasias. Essa prefer�ncia pelo conceito “fa�a voc� mesmo” pode elevar � procura por lojas de acess�rios (em 58,3%) e armarinhos (em 51%), que vendem linhas, tecidos e outros produtos que possam auxiliar na hora da montagem. Produtos de baixo custo t�m o maior impacto na hora de escolher o local para fazer compras.
Os ambulantes ainda conquistam a prefer�ncia do p�blico quando o assunto � bebida: 67,3% dos entrevistados pretendem comprar diretamente com eles. No ranking de frequ�ncia da inten��o de consumo de bebidas, a �gua deve ser consumida com maior regularidade por 79,3% dos foli�es. Favorita de muitos, a cerveja ocupa a segunda coloca��o, com 57% respondendo que v�o consumir o produto de forma reiterada. Fortes e potentes em teor alco�lico, os destilados aparecem em terceiro lugar, com 27,3% da prefer�ncia.
Por fim, em termos de alimenta��o, os locais que ser�o mais frequentemente procurados, de acordo com os foli�es, ser�o os bares e restaurantes (40,7%), food trucks (37,7%), ambulantes (32,1) e suas pr�prias casas (31,6%).

PBH apoia blocos e escolas de samba
A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) fez investimentos para contribuir com os principais atores do carnaval, especialmente ap�s dois anos sem o evento devido � pandemia de COVID-19. Em outubro de 2022, o Executivo municipal lan�ou o Edital de Aux�lio Financeiro e que teve 95 blocos de rua contemplados, com valor global investido de R$ 1,655 milh�o. Ainda no ano passado, em maio, a Belotur, por meio de tr�s editais, disponibilizou R$ 3,7 milh�es para a cadeia produtiva do carnaval de BH se manter ativa, e 71 blocos foram contemplados.
Expoentes tradicionais da hist�ria carnavalesca, as escolas de samba que v�o desfilar na Avenida Afonso Pena nos dias 20 e 21 tiveram um aumento no recurso disponibilizado. O aux�lio �s escolas do grupo especial e do grupo de apresenta��o � 15% maior do que na �ltima edi��o, chegando em 2023 a R$ 230 mil e R$ 69 mil, respectivamente. O investimento total foi de R$ 2,116 milh�es. Na edi��o anterior, a quantia dedicada para o apoio das agremia��es foi de R$ 1,720 milh�o.
Tamb�m foram aumentados os recursos para premiar escolas de samba que disputam t�tulos no carnaval em todas as categorias. No grupo especial, o primeiro lugar recebe R$ 90 mil, o segundo, R$ 50 mil, e o terceiro, R$ 25 mil. H� ainda um pr�mio de R$ 13 mil para as agremia��es dos grupos Especial e Acesso que conseguirem a maior nota nos quesitos bateria, samba-enredo, casal de mestre-sala e porta-bandeira e comiss�o de frente.
J� os pioneiros blocos caricatos, que fazem o carnaval h� 83 anos na capital mineira, tamb�m tiveram o aux�lio aumentado. No grupo A, o valor passou de R$ 50 mil para R$ 59 mil, um crescimento de 18%. No grupo B, a ajuda subiu 20%, de R$ 35 mil para R$ 42 mil. O investimento total para 2023 � de R$ 480 mil.
O vencedor do Grupo A recebe R$ 30 mil em premia��o, o segundo colocado leva R$ 20 mil e o terceiro, R$ 10 mil. A prefeitura premia tamb�m com R$ 5 mil os blocos que conseguirem a maior nota nos quesitos bateria e samba e/ou marcha-tema. J� o primeiro colocado do Grupo B receber� R$ 5 mil se pelo menos dois blocos desfilarem na categoria e se ele alcan�ar um m�nimo de 85% da pontua��o do vencedor A.
A administra��o municipal ainda est� por tr�s de um grande leque de a��es, que passam pela organiza��o do tr�nsito e seguran�a ao patrim�nio. Ontem, equipes foram �s ruas para conscientizar a popula��o quanto � seguran�a no tr�nsito.

Governo de MG incentiva festa
O governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult), realiza o programa Carnaval da Liberdade, que busca incentivar blocos caricatos, escolas de samba, grupos carnavalescos e festas tradicionais em todo estado. O programa reconhece a import�ncia do evento para o desenvolvimento da economia criativa e a gera��o de oportunidades e renda, principalmente ap�s dois anos de pandemia. “Minas Gerais se consolida como um destino de carnaval no pa�s e, com essa iniciativa, poder� oferecer uma festa cada vez mais atrativa, alegre e organizada”, afirma o secret�rio de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, Le�nidas Oliveira.
Com patroc�nios da Companhia Energ�tica de Minas Gerais (Cemig) e da Ambev, s�o mais de R$ 6,6 milh�es investidos no programa, utilizados em projetos ligados � tem�tica de cultura carnavalesca. Pela Cemig, inicialmente seriam R$ 3 milh�es repassados, mas em raz�o do grande volume e quantidade de projetos inscritos para receber aporte, o valor foi aumentado em R$ 1 milh�o e chegou a R$ 4 milh�es. Ao todo, foram 20 projetos contemplados, sendo R$ 1,5 milh�o para Belo Horizonte e R$ 2,5 milh�es para a Grande BH e o interior de Minas. Recurso que possibilita a artistas e profissionais da cultura darem continuidade nas programa��es de carnaval.
*Estagi�rio sob supervis�o da subeditora Rachel Botelho