
Pista estreita, sem acostamentos, com escassos pontos de ultrapassagens, repleta de buracos e recheada de quebra-molas. Esses ingredientes reunidos pela rodovia MG-010, entre Lagoa Santa e a Serra do Cip�, resultam em atrasos, imprud�ncia e acidentes e estar�o no caminho desse que � um dos mais disputados destinos mineiros nos fins de semana e no primeiro carnaval ap�s a pandemia do novo coronav�rus. A m�dia � de um quebra-mola a cada 379 metros em Lagoa Santa, sendo que ap�s essa sequ�ncia h� segmentos de at� 10 quil�metros sem pontos de ultrapassagem. A reportagem do Estado de Minas percorreu os 104 quil�metros da Linha Verde at� a est�tua do Juquinha e detalha todos os obst�culos no trajeto para as cachoeiras e mirantes.
Ontem, a reportagem do Estado de Minas mostrou, a reportagem do Estado de Minas mostrou que as rodovias estaduais apresentam 93% dos bloqueios e as situa��es mais cr�ticas dentro do estado. Nas �ltimas duas semanas, o EM mostrou tamb�m as condi��es cr�ticas das piores rodovias federais que cruzam Minas Gerais: a BR-381 (Belo Horizonte-Jo�o Monlevade), BR-262 (Jo�o Monlevade a Vit�ria-ES) e a BR-265 (Lavras-S�o Jo�o del-Rei).
A Linha Verde, ao fim da Avenida Cristiano Machado, em Belo Horizonte, se chega a ter tr�s pistas e a velocidade m�xima permitida de at� 110km/h, mas nem mesmo essa via arterial do Vetor Norte � p�reo para o tr�fego dos recessos mais concorridos da Serra do Cip�. Ainda assim, uma lentid�o que n�o se compara � passagem por dentro de Lagoa Santa, o segmento mais lento at� a Serra do Cip�. S�o 29 quebra-molas no segmento de apenas 11 quil�metros. A m�dia � de um obst�culo de redu��o de velocidade a cada intervalo de 379 metros.
Um trecho de vias estreitas e muito movimento no Centro do munic�pio, mas que se transforma em caos com o tr�fego local ao se passar pelos dep�sitos, padarias, bares, marcenarias, restaurantes, botecos, armaz�ns, supermercados e outros com�rcios que usam a via para chegar e sair dos estacionamentos, interrompendo a todo momento o fluxo de viagem. Isso, ainda agravado pela constante circula��o de pedestres interessados nos mesmos destinos locais, muitos deles idosos ou pais com crian�as.
"Os fins de semana s�o sempre de filas, mas o carnaval � uma das piores �pocas de tr�nsito. (Em Lagoa Santa) Os quebra-molas atrapalham muito o fluxo de carro. No sentido Serra do Cip� as filas chegam a 3,5 quil�metros. Da Serra do Cip� para BH, na volta, s�o 17 quil�metros de carros parados at� o trevo de Lagoa Santa", afirma o assessor parlamentar Rodrigo Lima dos Santos, de 34 anos, que trafega de carro pelo segmento diariamente.
De acordo com ele, tanta lentid�o e as fileiras quilom�tricas esgotam rapidamente a paci�ncia dos motoristas que partem para a imprud�ncia, aumentando os riscos de colis�es e atropelamentos. "Acontecem muitos acidentes por causa de quem freia nos quebra-molas e o carro que vem de tr�s bate. Os motoqueiros perdem a paci�ncia e cortam pela direita ou mesmo pela esquerda na contram�o. Cada carro que v� um espa�o j� tenta cortar os da frente, a� encontra com quem vem na contram�o e embanana tudo. Tinha de duplicar essa estrada e fazer passarelas", sugere o assessor parlamentar.
A sequ�ncia de quebra-molas s� termina na ponte sobre o Rio das Velhas. Mas o acelera e para, n�o. Dali em diante s�o 10 quil�metros de estrada estreita e sem acostamento at� o primeiro ponto de ultrapassagem. Nos 48,6 quil�metros de rodovia da ponte at� a Serra do Cip� h� apenas 30 trechos de ultrapassagem permitida, a maioria j� nas proximidades do destino. A m�dia � de um espa�o de manobra a cada 1,6 quil�metro.
Com t�o poucos espa�os de ultrapassagem, n�o � raro que motoristas se arrisquem em trechos proibidos, de pouca visibilidade, em curvas fechadas e at� pontes. A velocidade permitida em boa parte da estrada, de 60 km/h, tamb�m n�o � respeitada quando muitos condutores t�m espa�o.
Com um radar de velocidade, a reportagem do EM flagrou motoristas mais que dobrando a velocidade m�xima permitida em um dos trechos de mais imprud�ncia e acidentes, ap�s a ponte do Rio Jaboticatubas, no munic�pio de mesmo nome. Um Volkswagen Gol atingiu 123 km/h na reta. Al�m de levar risco aos demais ve�culos, sujeito � multa de R$ 880,41, anota��o de sete pontos e � possibilidade de cassa��o imediata da Carteira Nacional de Habilita��o (CNH) por trafegar acima de 50% da velocidade permitida, no caso, acelerando 105% a mais.
Um caminh�o vazio tamb�m acelerou forte no mesmo trecho, com a sua carroceria balan�ando e batendo forte ao passar pelos buracos e ondula��es a 101km/h (68% acima do limite), tamb�m podendo receber multa de R$ 880,41, anota��o de sete pontos e a possibilidade de cassa��o imediata da CNH por estar acima de 50% da velocidade permitida.
V�rios ve�culos passaram com velocidades na casa dos 100 km/h nesse trecho estreito e de asfalto deteriorado, com remendos e sem acostamentos. Muitos deles ainda realizaram ultrapassagens, mesmo se tratando de um longo segmento de faixa cont�nua, onde a manobra � proibida. Multa tamb�m grav�ssima, com valor de R$ 1.467,35 que pode ser dobrado se reincidir novamente nos pr�ximos 12 meses, com perda de sete pontos na CNH e possibilidade de cassa��o da habilita��o.
Motoristas ficam no preju�zo
Os quebra-molas e a dificuldade para ultrapassar ve�culos lentos na MG-010, a caminho da Serra do Cip�, rivalizam em preju�zo aos motoristas com os estragos provocados pelas m�s condi��es de muitos trechos da pista, sobretudo na serra de Santana do Riacho. De acordo com borracheiros que trabalham ao longo dos 104 quil�metros, aos fins de semana e feriados, com o maior fluxo de viajantes os reparos em ve�culos danificados aumentam.
S� no trecho de mirantes que leva at� a est�tua do Juquinha, uma das maiores atra��es tur�sticas da Serra do Cip�, s�o 17 quil�metros com v�rios segmentos precisando de reparos ou reconstitui��o. Na parte de subida mais forte, revestida por cal�amento, h� diversas falhas com buracos. Quando se inicia o asfalto os buracos se multiplicam, alguns deles engolindo faixas inteiras da via e obrigando ve�culos dos dois sentidos a trafegar por uma s� pista.
As drenagens desses pontos tamb�m se encontram danificadas, algumas delas chegaram a ser engolidas pelas eros�es que avan�am sobre a estrada. Tanto nessa regi�o, quanto mais pr�ximo a Lagoa Santa as condi��es do pavimento levam a danos nos pneus e rodas e � interrup��o da viagem.
"Na minha borracharia chegam ve�culos com v�rios tipos de dano nas rodas e nos pneus. A maioria s�o furos e rasgos nos pneus de carros pequenos. �s vezes d� para consertar com o macarr�o (remendo), por R$15, remendo por dentro, que sai a R$20, vulcaniza��o, por R$50. Mas tem quem n�o d� conserto, da� vendo um pneu usado, mais ou menos por R$ 150. As �pocas que d�o mais trabalho s�o nas chuvas e no carnaval. Tem buraco demais na rodovia", afirma o borracheiro Bruno Ferreira Miranda, de 39 anos, h� 10 anos na beira do asfalto da MG-010, em Lagoa Santa.
O Departamento de Edifica��es e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) � o respons�vel pela conserva��o das rodovias estaduais mineiras e informou que a MG-010 tem dois pontos que necessitam de interven��o e est�o com o tr�fego em meia pista. "As ocorr�ncias est�o sinalizadas e devido a localiza��o, aguardam a licen�a ambiental emergencial para ser iniciada a interven��o. Em fun��o da melhoria das condi��es clim�ticas favor�veis, a equipe de manuten��o do DER-MG vem executando opera��o tapa-buracos, no trecho entre Concei��o do Mato Dentro e o entroncamento com a MG-229".