
Antonio Joel foi dado como desaparecido. Mas, na manh� desta segunda-feira (13/2), quando os bombeiros se prepararam para retomar as buscas na Cachoeira da Pedra Lascada, a seis quil�metros da �rea urbana de Ipatinga, numa regi�o denominada “Parque das Cachoeiras”, os bombeiros tomaram conhecimento de que o “desaparecido” estava trabalhando em uma obra da constru��o de um pr�dio na cidade.
“Na verdade, os bombeiros j� iriam sair para procurar o meu corpo entre as pedras na cachoeira”, afirma Antonio Joel. Natural do munic�pio cearense de Quixeramobim (185 quil�metros de Fortaleza), ele se mudou junto com a fam�lia para S�o Paulo. H� sete meses, est� trabalhando em Ipatinga.
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Ouvido pelo ESTADO DE MINAS na noite desta segunda-feira, o serralheiro contou que, escorregou e caiu na cachoeira �s 16 horas. Foi arrastado pela correnteza e ficou preso em v�o junto � rocha, com maior parte do corpo submersa, onde era poss�vel respirar, permanecendo ali por cerca de sete horas.
Joel disse que, ao ser arrastado pela correnteza, seu corpo passou por um espa�o de 60 cent�metros, at� “parar” em um po�o, onde ficou “escondido” junto � rocha, n�o sendo mais visto pelo seus amigos, que acionaram o Corpo de Bombeiros.
Ele relata que tentou manter a cabe�a fora d'�gua, movido pelo instinto da sobreviv�ncia. Mas, � medida em que o tempo passava, o n�vel da �gua aumentava. “No momento da queda, a �gua chegou � altura da minha cintura. Quando estava anoitecendo, a �gua estava chegando na altura do meu pesco�o. Ai, o desespero aumentou. O �nico jeito foi me apegar a Deus”, descreve.
Al�m do local de ser dif�cil acesso, a escurid�o foi outro obst�culo �s buscas. O serralheiro relata que percebeu a chegada dos bombeiros na �rea e gritava por socorro. Mas, n�o era ouvido por conta do barulho da pr�pria cachoeira.
O serralheiro salienta que, ao escurecer, entre as 18 e 19 horas, notou quando as equipes suspenderam as buscas, visando retomar o trabalho no dia seguinte. “Deram como afogamento, como se eu tivesse morrido. At� meus familiares j� tinham sido avisados de que eu tinha morrido. Ai, iriam procurar o corpo hoje (segunda-feira)”, relata.
Promessa e “milagre”
Antonio Joel confessa que no meio da escurid�o, preso �s pedras, com maior parte do corpo submersa com o n�vel da �gua subindo, sentia frios e c�ibras, “realmente” pensou que iria morrer e pediu as b�n��os do c�u.
“A �nica coisa que tinha a minha cabe�a era meu filho de dois meses de vida (Artur). Eu pensei: o meu filho vai crescer sem mim”, disse o trabalhador. Al�m de Artur (do atual casamento) ele � pai de outros dois filhos – Jennifer, de 7; e d e Josu�, de 6, de outro relacionamento.
Foi neste momento desesperador que,, considera, conseguiu escapar “por um milagre”, ap�s ter feito uma promessa. O milagre, no caso, relata, foi que uma grande rocha no meio da cachoeira, rachou ao meio, fazendo baixar o n�vel da �gua no local onde estava “preso” e permitindo a sua sa�da do lugar.
“Naquele momento, pra mim, eu n�o mais iria sobreviver. A�, comecei a pedir a Deus para me proteger, para me dar o livramento .A�, fiz um a promessa para Deus. Quando (ap�s) passaram uns 10 minutos, “do nada” a pedra quebrou (rachou) “, disse o sobrevivente. “O que mais me deixou admirado foi isso: a pedra rachou de ponta a ponta”, completou.
Ele afirmou que, na sequ�ncia, “escalou” as pedras por cerca de tr�s metros, conseguindo se salvar no meio da escurid�o.
“Nunca vai mais vou beber”
Na conversa com o ESTADO DE MINAS, o serralheiro que foi dado como desaparecido e sobreviveu, contou qual foi a promessa que fez no momento do desespero. “Na hora que eu mal conseguia respirar, me apeguein a Deus e comecei a orar e pedir a Deus para me proteger. (Prometi) que eu seu sa�sse dali livre nunca iria beber”, confidencia.
Antonio Joel informou que sempre gostou de bebidas alco�licas. Mas, que agora � “outra pessoa” e cumprindo a promessa, n�o vai beber mais. “Acabou a �poca da bebida. Nem uma cervejinha mais. S� refrigerante mesmo”, assegura.
O serralheiro relatou outra drama: como suas roupas foram levadas pela correnteza, ao conseguir sair da cachoeira, no meio escurid�o, caminhou a p� por mais de uma hora em uma estrada de terra, cobrindo os �rg�os genitais com uma sacola pl�stica. Ao chegar a uma estrada asfaltada, como estava praticamente nu, foi abordado por uma equipe da Pol�cia Militar, que o levou at� a sua casa, na �rea urbana de Ipatinga.