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Estado de Minas CARLOS PRATES

Prazo curto para desativa��o do aeroporto Carlos Prates gera incertezas

Empres�rios alegam que n�o h� tempo h�bil para retirada das aeronaves at� 1� de abril, e moradores dividem opini�es


25/03/2023 04:00 - atualizado 25/03/2023 07:07

 aeroporto Carlos Prates
Hangar da Escola Starflight no aeroporto Carlos Prates: empresas de avia��o se preparam para deixar o terminal (foto: GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A.PRESS)


A sete dias do fechamento do Aeroporto Carlos Prates, na Regi�o Noroeste de Belo Horizonte, por decis�o do Minist�rio dos Portos e Aeroportos, o clima � de incerteza entre empres�rios e funcion�rios do local, enquanto opini�o dos moradores dos bairros vizinhos est� dividida. A decis�o foi tomada ap�s o acidente no dia 11 de mar�o, quando um avi�o caiu sobre duas casas no Bairro Jardim Montanh�s. O espa�o ser� entregue para a Prefeitura de BH, que pretende usar a �rea para a realiza��o de projetos de moradias populares, de ind�strias n�o poluentes, centros de sa�de, escolas e outras infraestruturas urbanas necess�rias para a popula��o.
 
Presidente da Associação Voa Prates
Presidente da Associa��o Voa Prates, Estevan Velasquez afirma que prazo para desativa��o � invi�vel (foto: GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A.PRESS)
 
 
Em entrevista ao Estado de Minas, Estevan Velasquez, presidente da Associa��o Voa Prates, que representa concession�rios, usu�rios e dependentes do aeroporto, afirmou que o curto prazo dado para encerramento das atividades no local � invi�vel. “Mesmo que fizesse isso num estado de urg�ncia, n�o seria em 10 dias, 20, 30. Muitas dessas aeronaves precisam de muito mais tempo que isso para que a gente pudesse mov�-las. E, mesmo assim, para onde? Esse prazo � completamente irris�rio e o que eles est�o fazendo � transformar a gente em criminosos”.
 
Segundo Esteban, a Voa Prates j� luta h� tr�s anos contra o encerramento de atividades no aeroporto e que, em nenhum momento, essa ideia foi atribu�da � periculosidade do local, e sim porque a Infraero ia deixar de existir e ainda n�o havia quem assumisse a administra��o do local. “Se comparar com nosso vizinho da Pampulha, o Carlos Prates, nos �ltimos 20 anos, teve tr�s acidentes com v�timas. A Pampulha, no mesmo per�odo, teve cinco. E, segundo os dados abertos do Departamento de Controle do Espa�o A�reo (Decea), o Carlos Prates tem o dobro do movimento de pousos e decolagens do Aeroporto da Pampulha”, argumenta Velasquez.
 
Para ele, o prazo para fechamento do aeroporto � “irracional”, visto que h� toda uma regulamenta��o que precisa ser atualizada junto aos �rg�os municipais, estaduais, federais e Ag�ncia Nacional de Avia��o (Anac). “Em m�dia, demora de um a dois anos para homologar uma empresa em outro lugar, justamente porque a gente � altamente fiscalizado e regularizado”. Esteban afirma que mesmo que tivesse um local j� constru�do para receber o aeroporto, esse ainda seria um processo lento. “Hoje n�o existe local preparado, que tenha infraestrutura que possa receber”.
 
Sobre a possibilidade de atividades do Carlos Prates serem transferidas para o aeroporto da Pampulha, Velasquez afirmou: “Tem 22 hangares no Carlos Prates e na Pampulha tem um dispon�vel. Existe uma lei na Pampulha que pro�be que avi�es de instru��o utilizem os p�tios. L�, hoje, tem 32 vagas no p�tio geral. A gente tem 120 avi�es aqui. Se a gente conseguisse s� jogar os avi�es l� no p�tio a gente j� fechava o aeroporto. Com um quarto das nossas aeronaves j� deixar�amos a pampulha impratic�vel”.
 
Pio Bessa, s�cio-propriet�rio da Starfligt Escola de Avia��o Civil, destacou que os prazos curtos geram preocupa��o, pois n�o h� tempo h�bil para realiza��o de opera��es seguras. “Motores est�o fora, pe�as precisam ser importadas, isso pode trazer opera��es muito r�pidas que, com certeza, comprometem a seguran�a”, alerta. “E que n�o me venham com essa hist�ria de que os concession�rios j� sabiam h� dois anos que iria fechar o aeroporto e n�o tomaram provid�ncia. Isso n�o procede. At� agora falava-se na troca do administrador do aeroporto, inclusive com a possibilidade da Voa Prates assumir. Passamos a ter conhecimento da desativa��o do aeroporto no �ltimo dia 20 de mar�o, quando recebemos of�cio da Infraero, que chamamos de um despejo”, afirma.

GOVERNO FEDERAL

O Minist�rio da Infraestrutura afirma que o encerramento das opera��es do Aeroporto Carlos Prates � uma demanda antiga da sociedade e das autoridades locais. “As opera��es atuais poder�o ser alocadas, ao longo do tempo, em outros aeroportos, como Pampulha e Confins, al�m dos aeroportos regionais da zona metropolitana da capital mineira, como o de Conselheiro Lafaiete (MG), que tem interesse em atender as escolas de avia��o”.
 
De acordo com o �rg�o, a Secretaria Nacional de Avia��o Civil (SAC) do Minist�rio de Portos e Aeroportos (MPor) est� elaborando um instrumento jur�dico que permitir� � prefeitura liderar um processo organizado de encerramento das atividades, conferindo tempo para que as aeronaves hangaradas e os servi�os prestados sejam transferidos para outras localidades de forma adequada. A suspens�o das atividades do Carlos Prates est� prevista na Portaria 10.074/SIA de 16 de dezembro de 2022, da Ag�ncia Nacional de Avia��o Civil (Anac). No documento, j� constava que a portaria entraria em vigor em 1º de abril de 2023.
 
Fuad Noman (PSD), prefeito de Belo Horizonte, se disse preocupado com o curto prazo e revelou negocia��o com a Anac para extens�o dos prazos. “Eu conversei com a Anac e perguntei se era poss�vel prorrogar esse prazo. Eles me disseram o seguinte: podemos prorrogar o prazo de decolagens, para tirar os avi�es de l�, para dar tempo do pessoal que t� com avi�es em manuten��o sair, mas os pousos ficam suspensos”. O prefeito afirmou ter oferecido isso para os empres�rios que atuam no Aeroporto Carlos Prates, que ficaram de analisar as propostas.
 

Apreens�o e muitas d�vidas

Nos bairros pr�ximos ao Aeroporto Carlos Prates, os moradores ouvidos pela reportagem do Estado de Minas est�o divididos quanto ao fechamento ou n�o do local. Pedro Henrique Medeiros � comerciante na Rua Estev�o de Oliveira, no Bairro Jardim Montanh�s, pr�ximo ao local onde houve a queda de avi�o em 11 de mar�o. “Sou a favor por causa das casas. N�o tem seguran�a para os moradores. Se tivesse, era aceit�vel. Passa, n�o consegue levantar voo e cai na casa de algu�m, destr�i, mata as pessoas. � complicado. O pessoal tem receio, � um risco. Eu sei que traz emprego, mas � complicado. Uma vida, para qualquer pessoa, � muita coisa”, disse ele.
 
Comerciante Pedro Henrique
Comerciante Pedro Henrique defende a retirada do aeroporto da regi�o, mas considera o prazo estipulado muito curto (foto: GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A.PRESS)
 
 
Mas Pedro Henrique acha pequeno o prazo para fechamento. “Eu acho que o tempo � pouco para estar tirando o aeroporto daqui. Mas isso � prometido desde que meu pai era crian�a e at� hoje n�o teve solu��o. Vai caindo avi�o, morre gente pra c� e pra l�. � uma situa��o desgastante pros dois lados”, finalizou.
 
A aposentada Carmem Alves
A aposentada Carmem Alves � contra a desativa��o porque teme abandono da �rea do terminal (foto: GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A.PRESS)
 
 
Carmem Alves, aposentada, tem o Aeroporto Carlos Prates nos fundos de sua casa e � contra o fechamento. Ela diz temer que o local fique abandonado e receba invas�es. “N�s estamos correndo risco em rela��o a esse fechamento. Realmente � perigoso, ocorrem acidentes, mas tem que ser algo planejado. Vai ser um ponto de tr�fico de drogas”. Ela destacou ainda o parque abandonado que o aeroporto possui, temendo que todo o local tenha o mesmo destino. “N�o d� para levar uma crian�a l�, de tanta coisa errada que tem, muitas pessoas usando drogas. Vai ficar um local que tem uma entrada facilitada. A gente vai correr risco”.
 
Nilson Pinto de Louredo, morador do Jardim Montanh�s afirmou ser contra o fechamento. Ele argumentou que o lugar pode sofrer invas�es e criticou a poss�vel constru��o de um samb�dromo no local. “Vai piorar. Avi�o caindo � relativo. Isso a� � uma palha�ada. Se for abrir um samb�dromo, vai ter baile funk, e os moradores v�o ser prejudicados? Tem hospital ali, imagina com m�sica alta? N�o vale a pena. Eu sou contra e sempre vou ser”.
 
Rog�rio Vieira da Silva, 52 anos, tamb�m morador do Jardim Montanh�s, afirmou que muitos vizinhos ficam com medo e que a passagem constante de aeronaves incomoda.  “Avi�o enche o saco o tempo todo, passa em cima das casas baixinho. Eu sou a favor que tire o mais r�pido poss�vel. Ficamos com medo de cair em cima da casa da gente. J� � uma coisa que exigimos h� muito tempo”.
 
O Aeroporto Carlos Prates possui cerca de 500 funcion�rios diretos, que atuam em diversas fontes. Muitos deles temem o futuro e est�o inseguros com a possibilidade de fechamento. O mec�nico Jos� Fran�a Filho, afirma que o fechamento do aeroporto ter� um impacto muito grande para ele e seus companheiros. “Daqui para frente, n�o podemos prever nada. Como os empres�rios v�o nos pagar se n�o tiver receita?”, questiona.  Ele diz que se o aeroporto fechar, provavelmente, ter� que se mudar para outra cidade. O profissional conta que sempre morou no entorno do local e reclama que todos foram pegos de surpresa com a decis�o.  Segundo ele, o poder p�blico deveria se preocupar com a seguran�a na regi�o. “Fizeram um parque aqui para marginais, no terreno ao lado. O espa�o est� abandonado. A popula��o n�o quer parque, quer sa�de, emprego, seguran�a”.
 
O professor de ingl�s Leandro Rocha, faz curso de piloto comercial e diz que o fechamento vai impactar diretamente na finaliza��o da sua faculdade. “� o curso pr�tico. Sem a escola funcionando aqui no Carlos Prates fica quase invi�vel terminar, em BH, qualquer tipo de curso de piloto de avia��o”. Ele diz que a �nica sa�da seria ir para outras cidades de Minas ou at� de outros estados. Rocha ressalta ainda que o curso � extremamente caro. “Com o deslocamento, esse custo ficaria 80% mais oneroso.” Ele conta que faz, em geral, cerca de seis a oito aulas por semana. Com o fechamento do aeroporto, teria que viajar de tr�s a quatro vezes por semana para fazer as aulas em alguma cidade do interior do estado”.
 
Outro aluno que corre o risco de ser impactado pelo fechamento � Luan Mota, de 33 anos. Ele estuda com financiamento do Fies. “Os alunos n�o podem interromper (a forma��o) e n�o teve uma solu��o ainda. N�o tem uma resposta do Minist�rio da Educa��o sobre isso. Estamos fazendo um curso, precisamos cumprir as horas de piloto comercial que totalizam 150 horas de voo. Sem essas horas n�o conseguimos concluir a gradua��o.”
 
Mota revela que tem uma d�vida de cerca de R$ 200 mil e n�o tem como pagar se as aulas forem interrompidas. Ele afirma que as opera��es no aeroporto n�o podem ser interrompidas sem uma an�lise cr�tica da situa��o. “Elas s�o seguras. N�s como alunos sabemos.” 


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