
Nesta sexta, 21 de abril, � comemorado o feriado de Tiradentes em todo territ�rio brasileiro. Celebrado anualmente, a data � em homenagem a Tiradentes, nome popular de um dos l�deres mais influentes da Inconfid�ncia Mineira, movimento social e pol�tico, que aconteceu durante o per�odo de 1789 a 1792, em Vila Rica, atual Ouro Preto.
Professor aposentado da UFMG em Hist�ria do Brasil, Luiz Carlos Villalta conta que a Inconfid�ncia Mineira surgiu em decorr�ncia da insatisfa��o de algumas pessoas com a Coroa Portuguesa, que destituiu estes de seus cargos, por haver muito nepotismo, que � o favorecimento de parentes ou amigos no preenchimento de um cargo e pelo desvios il�citos de ouros retirados na regi�o.
Segundo ele, a hist�ria de que o movimento surgiu contra a cobran�a dos altos impostos pela coroa portuguesa em Vila Rica � uma mentira. Outra revela��o que ele faz � que a luta era pela separa��o da coroa de Minas Gerais, Rio de Janeiro e S�o Paulo, e n�o independ�ncia total do Brasil.
“O movimento surgiu de motiva��es pessoais de ressentimento por desligamentos de cargos, e Tiradentes foi uma dessas pessoas, que foi destitu�do de seu cargo de militar”, comenta o professor.
Tiradentes
Joaquim Jos� da Silva Xavier era um mineiro ativo, tropeiro, minerador, militar e trabalhava como dentista, por isso o apelido. Entretanto o que fez Tiradentes ficar conhecido nacionalmente n�o foi nenhuma destas fun��es, mas a sua forte presen�a na Inconfid�ncia Mineira.
O movimento contava com a participa��o da elite, com intelectuais, religiosos, militares e fazendeiros. Diante de todas essas pessoas, uma figura se destacou dos demais, Tiradentes foi um dos homens com maior relev�ncia no movimento.
“Tiradentes envolvia as estruturas mais amplas da popula��o para conseguir atacar o poder. Ele foi um mediador cultural”, explicando o sucesso do dentista entre as pessoas.
Ao passar do tempo, a revolta foi ganhando notoriedade entre a popula��o e por causa disso a conspira��o foi descoberta pelas autoridades portuguesas, que foram atr�s dos l�deres do movimento, e Tiradentes foi encontrado, preso e condenado � morte posteriormente, ap�s um longo processo judicial.
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No dia 21 de abril de 1792, no Rio de Janeiro, Tiradentes foi enforcado, teve seu corpo esquartejado e sua cabe�a foi exposta em pra�a p�blica pela coroa, em Ouro Preto, m�todo comum usados por pa�ses europeus nesta �poca, que tinha cujo objetivo principal neutralizar um movimento e causar medo no povo, por matar brutalmente um l�der e expor seu corpo na frente de todos.

Figura controv�rsia
A hist�ria de Tiradentes serviu de inspira��o para muitas pessoas por sua bravura e coragem, tornando um s�mbolo de resist�ncia contra o dom�nio portugu�s. Mesmo diante da morte, o mineiro nunca delatou nenhum dos seus companheiros de luta e foi executado longe do estado natal.
Mas o professor comenta que Tiradentes n�o tinha essa figura hero�ca desde sempre. No per�odo em que ele foi morto o dentista n�o tinha muito apelo em todo pa�s. "Ele era tratado como vil�o por muitas pessoas, que apoiaram a decis�o da coroa na �poca pela sua morte". O educador exp�e que o mineiro s� come�ou a ganhar uma imagem de her�i em meados do s�culo XIX, fruto de movimentos separatistas que reviveram sua figura.
“Nessa �poca os jornais come�aram a falar bem dele em jornais. Voc� vai ter chap�us, cigarros, �pera, livros, poemas e monumentos em seus nomes”, diz.
Feriado nacional
Alguns lugares do Brasil j� utilizam o dia como feriado em homenagem a Tiradentes, mas s� em 14 de janeiro de 1890, logo ap�s a Proclama��o da Rep�blica, o governo provis�rio de Deodoro da Fonseca, instituiu que o dia 21 de abril seria feriado nacional, por meio do Decreto nº 155-B, escolhido a data pelo dia da morte do mineiro.
“O mito de Tiradentes foi consolidado na Rep�blica, mas ele foi criado ainda no Imp�rio”, finaliza Luiz Carlos.
No s�culo seguinte, Tiradentes foi ganhando ainda mais import�ncia, ao ponto de que, no ano de 1965, foi assinado a lei n° 4.897, pelo presidente Castelo Branco, instituindo Joaquim Jos� da Silva Xavier como Patrono C�vico da Na��o Brasileira.