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Estado de Minas INTERVEN��O URBANA

Projeto da PBH p�e esquina hist�rica a caminho do futuro

Designa��o de perito para avaliar o Sulacap d� a partida para nova fase do endere�o que abrigou os Correios at� os anos 1940


25/05/2023 04:00 - atualizado 25/05/2023 07:10
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Endere�o em dois tempos: em estilo ecl�tico, a antiga sede dos Correios e Tel�grafos, que come�ou a ser constru�da em 1904, e deu ao Sulacap, nesta foto visto a partir do Viaduto Santa Tereza, que terminou perdendo o espa�o entre as torres que pensado para ser a Pra�a Tiradentes (foto: Museu Ab�lio Barreto/Reprodu��o)

Dois tempos da hist�ria da capital  – um perdido, outro em busca de repara��o – ganham as luzes da atualidade com o pacote de interven��es, prometido pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), para deixar a Regi�o Central da capital mais bonita e com melhores op��es de mobilidade, lazer, cultura, desenvolvimento, seguran�a. O primeiro tempo, o pr�dio dos Correios e Tel�grafos, na Avenida Afonso Pena na esquina com a Rua Tamoios, saiu de cena no in�cio da d�cada de 1940, para dar lugar �s duas torres Edif�cio Novo Sul Am�rica (Sulacap). S� existe em algumas lembran�as e arquivos.
 
Com o projeto “Centro de todo mundo”, vem o segundo tempo nessa hist�ria, pois dever� ser demolido um acr�scimo feito no Sulacap na d�cada de 1970. Conforme a PBH informou ontem, a Justi�a designou um perito para estimar o valor do im�vel. Repudiado por muitos arquitetos e urbanistas e considerado um corpo estranho no Sulacap, o anexo dar� espa�o � Pra�a da Independ�ncia em integra��o ao Viaduto Santa Tereza. Como j� ressaltou, o prefeito Fuad Noman segue firme no seu prop�sito de demolir o “puxadinho”.
O retrato de 1935, do acervo do Museu Hist�rico Ab�lio Barreto, mostra a beleza do pr�dio em estilo ecl�tico dos Correios e Tel�grafos, cuja constru��o come�ou em 1904.  De acordo com documento da Funda��o Municipal de Cultura/PBH, o local onde se ergueu o Sulacap “foi pensado, originalmente, para ser a Pra�a Tiradentes, que, junto a mais tr�s pra�as, demarcaria as arestas do Parque Municipal”. No entanto, o projeto foi posto de lado – “o Parque Municipal perdeu mais da metade da sua �rea verde, juntamente com as quatro pra�as que foram ocupadas por constru��es.”


MEM�RIA DE OURO Quem se lembra dos Correios e Tel�grafos � o sapateiro Alfredo Pereira de Souza, que completa hoje (25/5) 100 anos. “Belo Horizonte perdeu muito do seu patrim�nio, e esse � um deles. Lembro bem dos estafetas entrando e saindo no pr�dio da Afonso Pena”, conta Alfredo, a lucidez em pessoa, referindo-se aos entregadores de telegramas em priscas eras.
 
Ainda na ativa e com muitos servi�os para entregar, Alfredo teve muitos outros of�cios, al�m do de sapateiro, quando morou na capital entre as d�cadas de 1930 e meados de 1970, antes de voltar definitivamente para Santa Luzia, na Grande BH. Impressionante ver a vitalidade e ouvir as tiradas bem-humoradas do mineiro centen�rio, que � vi�vo h� 12 anos, e tem oito filhos (“quatro no casamento, quatro em outros relacionamentos”), 17 netos, quatro bisnetos e um trisneto a caminho.
 
Sapateiro foi a primeira profiss�o do senhor de cabelos fartos e longos que, na inf�ncia, catou coco para vender � Saboaria Santa Luzia, ent�o existente no Bairro da Ponte, na tricenten�ria cidade vizinha da capital. Em BH, praticou jud� durante oito anos, conheceu detalhadamente a cidade como taxista (d�cada de 1950), trabalhou em f�brica de perneira, foi dono de restaurante e viu de perto cada canto. Ele cita antigos estabelecimentos como Cantina So�aite e Garfo de Ouro e a famosa gafieira Elite. “Vi os bondes, a Pra�a Sete com outra forma, enfim, outros tempos da capital. Agrade�o a Deus por tudo, sou feliz e pe�o o melhor para meus filhos e descendentes. Um dos filhos, o Roberto, me telefona todos os dias. Fico satisfeito demais!”, diz o morador da Rua Santana, no Centro Hist�rico, segurando, na entrada de casa, uma foto ampliada do antigo monumento de BH.
 
Pesquisador da hist�ria de BH, com textos e imagens dispon�veis no site www.curraldelrey.com, o professor de geografia e hist�ria Alessandro Borsagli informa que a capital mineira tem essa caracter�stica de constru��o, demoli��o e reconstru��o, e, nessa trajet�ria, perdeu muitas edifica��es importantes. “O antigo correio, especificamente, durou apenas quatro d�cadas”, diz o pesquisador atento ao processo de urbaniza��o sob a �tica hist�rica.

CORTA-VENTO N�o muito longe da Casa de Alfredo, est� a porta do antigo pr�dio dos Correios e Tel�grafos de BH. De madeira entalhada, com o detalhe de uma menina colocando uma carta na caixa do correio, ela pode ser vista na Igreja do Ros�rio, do s�culo 18, constru�da pelos escravizados e localizada na �rea tombada pelo Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha) e pelo munic�pio. O p�roco e reitor do Santu�rio Arquidiocesano Santa luzia, padre Felipe de Lemos Queir�s, explica que a pe�a de madeira maci�a, instalada no interior do templo, logo ap�s a entrada principal, atua como corta-vento, um anteparo comum em igrejas para proteger o ambiente das correntes de ar.
 
A hist�ria da porta saiu de BH e passou por Barbacena, na Regi�o Central de Minas, at� chegar a Santa Luzia. A doa��o � Igreja do Ros�rio, vinculada ao Santu�rio Arquidiocesano Santa Luzia, ocorreu h� 21 anos, pelas m�os do engenheiro Jo�o Alfredo de Castilho (1917-2002), nascido em BH e de fam�lia luziense. Quando o pr�dio dos Correios e Tel�grafos foi demolido, um amigo, tudo indica belga (a exemplo da proced�ncia da porta), foi � Fazenda Campo Verde, em Barbacena, para vender a pe�a. Se n�o conseguisse seu intento, pois tentara o mesmo em um museu, em BH, sem sucesso, a porta retornaria � B�lgica.
 
Jo�o Alfredo, propriet�rio da fazenda, comprou a porta, a ofereceu em doa��o a um museu e tamb�m aos Correios, igualmente sem sucesso.  Assim, colocou-a na capelinha que constru�ra na Campo Verde, de onde foi retirada apenas ao vender a propriedade. Guardou, preservou e doou.
 
HIST�RIA Em 1904, o espa�o onde seria implantada a Pra�a Tiradentes – e onde hoje se encontra o Edif�cio Novo Sul Am�rica (Sulacap) –, foi escolhido pelo governo federal para receber o edif�cio dos Correios, inaugurado dois anos mais tarde. “Embora o majestoso pr�dio de arquitetura ecl�tica tenha se tornado um dos s�mbolos da nova capital, em fun��o da sua beleza, ele marcou, tamb�m, o in�cio do processo de ocupa��o dos ‘vazios’ da nossa cidade”, conforme documento do Museu Hist�rico Ab�lio Barreto.
 
Entre as d�cadas de 1920 e 1940, BH passou por um surto de crescimento econ�mico, mudando o perfil da ent�o cidade administrativa para o de polo comercial e industrial de Minas Gerais. Em consequ�ncia, iniciou-se a verticaliza��o da �rea central da cidade, paralelamente ao processo de substitui��o das edifica��es, fen�meno. “A Avenida Afonso Pena, um dos mais importantes eixos de articula��o urbana, ser� alvo dessa substitui��o que atingiu at� mesmo edifica��es de grande porte e de refer�ncia, como o antigo edif�cio-sede dos Correios. Assim, em 1938, a Companhia de Seguros Sul Am�rica adquiriu em hasta p�blica o terreno da prefeitura, onde se encontrava edificado o palacete dos Correios e Tel�grafos. Para a constru��o do Conjunto Sulacap-Sulam�rica, projetado pelo arquiteto italiano Roberto Capello, chefe do Departamento T�cnico da Sul Am�rica, foi realizada a demoli��o do antigo palacete.

TEMPO PERDIDO...

» Antigo pr�dio dos Correios e Tel�grafos de Belo Horizonte ficava na Avenida Afonso Pena, no Centro

» A constru��o foi iniciada em 1904, com inaugura��o em 1906

» Arquitetura era em estilo ecl�tico

» Demolido no in�cio da d�cada de 1940


...E DE REPARA��O


» No local do pr�dio dos Correios e Tel�grafos foi constru�do o Edif�cio Novo Sul Am�rica (Sulacap)

» Projetado pelo arquiteto Roberto Capello, o conjunto em estilo art d�co foi inaugurado em 1946

» Na d�cada de 1970, recebeu um anexo, interferindo na integra��o das torres com o Viaduto Santa Tereza

» Com o projeto Centro de todo mundo, a Prefeitura de BH pretende demolir o anexo, implantar Pra�a da Independ�ncia e trazer de volta os jardins



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