
A estrutura comporta o mesmo volume de rejeitos vazados de Brumadinho (2019) e est� acima de mais de mil pessoas, em Santa B�rbara, na Regi�o Central de Minas.
Essa situa��o trouxe medo e preocupa��o para trabalhadores da mina de ouro operada pela AngloGold Ashanti e para a comunidade que vive abaixo, como adiantou a reportagem do Estado de Minas, na �ltima quarta-feira (31/5).
O n�vel 1 de emerg�ncia do Plano de Seguran�a de Barragens descreve um estado alcan�ado "quando a barragem de minera��o estiver com categoria de risco alta ou quando for detectada anomalia ou qualquer outra situa��o com potencial comprometimento de seguran�a da estrutura", segundo a Ag�ncia Nacional de Minera��o (ANM).
Se as interven��es necess�rias n�o sanarem os danos provocados pelas trincas, a estrutura pode ser elevada ao n�vel 2 de emerg�ncia, que resulta na evacua��o da popula��o que vive abaixo. O n�vel 3 � o mais grave, de "rompimento iminente ou em curso", segudo a ANM.
De acordo com a vistoria dos t�cnicos da ANM, que foram acompanhados pela defesa civil do munic�pio, a barragem apresenta "trincas e abatimentos com medidas corretivas em implanta��o" e apresenta entre 1 mil e 5 mil pessoas que podem ser imediatamente atingidas em caso de rompimento. O risco s�cioecon�mico � considerado alto, pois "existe alta concentra��o de instala��es residenciais, agr�colas, industriais ou de infraestrutura de relev�ncia s�cio-econ�mico-cultural na �rea afetada a jusante (abaixo) da barragem".
Impactos ambientais
Ainda segundo a ANM, os impactos ambientais de um rompimento seriam considerados muito significativos, pois a "barragem armazena rejeitos ou res�duos s�lidos classificados na Classe II A - N�o Inertes", ou seja, materiais que sofrem "transforma��es f�sicas, qu�micas ou biol�gicas significativas e apresentam riscos ao meio ambiente ou � sa�de p�blica", segundo a ag�ncia.

O barramento apresentou trincas pela segunda vez desde outubro de 2022, e, por isso, as obras de desmanche da estrutura (descaracteriza��o) precisaram ser paralisadas e os oper�rios retirados do espa�o, como adiantou a reportagem.
A barragem comporta 10 milh�es de metros c�bicos de rejeitos de minera��o de ouro, que podem conter subst�ncias t�xicas. Um volume semelhante ao que vazou no rompimento de Brumadinho (2019), deixando 272 mortos.
Informa��es da Defesa Civil de Santa B�rbara mostram que as trincas que elevaram o n�vel de emerg�ncia do barramento em 2022 tinham 12 cent�metros de largura por 60 metros de comprimento. As atuais chegaram a dois cent�metros de largura, mas j� alcan�am 300 metros de comprimento.
Em fevereiro de 2022, a reportagem do EM mostrou que a Pilha do Sap�, que ret�m rejeitos da mina do complexo da AngloGold, estava erodida e que parte de seu material havia sido carreado para o Rio Concei��o, manancial que � um dos mais puros afluentes do Rio Doce.
O dirigente estadual da Regi�o do Cara�a do Movimento Pela Soberania Popular na Minera��o (MAM), Luiz Paulo Siqueira, afirma que a popula��o desconfia da estabilidade da barragem e sofre com a possibilidade de um rompimento como os que ocorreram em Mariana (2015) e Brumadinho (2019), deixando 286 mortos.
"As ocorr�ncias de trincas extensas e profundas em menos de um ano n�o podem ser tratadas como algo comum. N�o ocorre isso em outras barragens. N�o confiamos nos laudos e desconfiamos dos laudos da empresa. Em Santa B�rbara h� recorr�ncia de problemas de estruturas da AngloGold Ashanti que trouxeram instabilidade e inseguran�a para as fam�lias, muitas pessoas at� vivem sob medicamentos (psiqui�tricos) por conta desse pavor", disse Siqueira.
Na avalia��o do dirigente do MAM, se faz necess�ria a contrata��o de uma acessoria t�cnica independente para acompanhar a comunidade e as medidas de repara��o pelos danos que enxerga terem sido provocados pela mineradora devido � instabilidade de suas estruturas miner�rias.
Medo constante

Em comunicado, a AngloGold Ashanti informa que decidiu "de forma preventiva estabelecer o n�vel 1 de emerg�ncia para barragem de CDS2", salientando que neste n�vel, n�o � necess�rio acionamento de sirene ou evacua��o da zona de autossalvamento, "pois n�o h� risco iminente de rompimento".
A zona de autossalvamento se refere � �rea abaixo da barragem onde nenhuma autoridade ter� tempo de resgatar as pessoas antes que sejam atingidas e onde cada pessoa deve se salvar, podendo comprometer a pr�pria vida caso ajude alguma outra pessoa.
Monitoramento
Segundo o comunicado da empresa da �frica do Sul, "a medida foi adotada pelo processo de monitoramento estabelecido indicar uma nova trinca na barragem de caracter�sticas semelhantes �s anteriores. As obras do contrapilhamento, parte do processo de descaracteriza��o, permanecem paralisadas".
Ainda de acordo com a mineradora, � importante ressaltar que "as trincas continuam sendo monitoradas constantemente. As autoridades competentes est�o sendo envolvidos, sendo que a estrutura j� recebeu nos �ltimos dias vistorias da Ag�ncia Nacional de minera��o e da Defesa Civil".
A empresa afirma ainda que "a barragem possui v�deo monitoramento 24 horas e passa por inspe��es e monitoramentos constantes. Al�m disso, conta com todas as licen�as legais e declara��o de condi��o de estabilidade emitido por autoridade externa em mar�o 2023. A barragem segue sem altera��o em sua estrutura est� segura est�vel", garante a mineradora.
De acordo com a assessoria de imprensa da mineradora, o DCO que tinha prazo da campanha at� mar�o chegou a ser entregue, mas n�o foi suficiente. "A AngloGold Ashanti entregou documenta��o em abril � ANM. Foram solicitadas novas informa��es, que est�o sendo trabalhadas pela empresa. N�o existe instabilidade na barragem CDS 2, que mant�m seus fatores de seguran�a e segue est�vel", informou a empresa.
Barragens em n�vel de emerg�ncia
- N�vel 1: comprometimento potencial de seguran�a. Necessidade urgente de obras de refor�o
- N�vel 2: existe uma a��o que est� sendo realizada para sanar o problema, mas o controle da anomalia n�o est� sendo eficaz. Popula��o abaixo precisa ser evacuada
- N�vel 3: Risco iminente de rompimento ou colapso em curso
Fonte: ANM