Seca j� castiga Minas e deve durar mais tempo este ano
Estiagem precoce adianta flagelo da falta d'�gua e 130 munic�pios est�o em emerg�ncia. N�mero tende a subir, com escassez h�drica aprofundada pelo El Ni�o
Cena de "seca verde": depois de a temporada chuvosa ter se interrompido ainda em janeiro no Norte de Minas, precipita��es esparsas em abril e maio provocaram o fen�meno,
em que a vegeta��o cresce, mas os mananciais permanecem vazios, sem o reabastecimento do len�ol fre�tico e consequente escassez na oferta de �gua para consumo humano (foto: Fotos: Defesa Civil S�o Francisco/Divulga��o)
Um drama que chegou mais cedo, com a tend�ncia de permanecer por mais tempo do que em anos anteriores. Este � o panorama da seca neste ano em Minas Gerais. Os efeitos severos da estiagem prolongada foram antecipados e motivaram a publica��o pelo governo do estado, desde 10 de maio, de decreto da situa��o de emerg�ncia em 130 munic�pios mineiros, dos quais 91 localizados no Norte de Minas, onde milhares de moradores de comunidades rurais j� sofrem com a falta d´ï¿½gua para o abastecimento humano. Em anos anteriores, o flagelo chegou em agosto, no pico da estiagem. Al�m da escassez h�drica, o clima seco liga o alarme para a necessidade preven��o contra o maior risco de inc�ndios florestais.
Para piorar, a previs�o � que, o per�odo de intemp�ries da “seca braba” ser� maior em 2023, com a demora na chegada da nova temporada chuvosa, como prev� o meteorologista Ruibran dos Reis, do Climatempo. Ele salienta que, devido ao fen�meno El Ni�o, a estiagem deste ano dever� ser mais demorada. “Isso significa que a esta��o chuvosa no Norte e Nordeste de Minas vai atrasar. As chuvas somente v�o chegar em novembro. A seca ser� bastante severa. Poderemos ter dias ruins a partir de julho, (com) aus�ncia de precipita��es e baixa umidade do ar”, prev� Ruibran, chamando a aten��o tamb�m para os riscos de inc�ndios florestais.
Os impactos da estiagem foram antecipados neste ano no Norte de Minas porque a temporada chuvosa 2022/2023 terminou antes do esperado. A partir de fevereiro n�o foram registradas densidades pluviom�tricas significativas nessa parte do estado. “A esta��o chuvosa no Norte de Minas at� janeiro foi muito boa. Mas, nos meses de fevereiro e mar�o, n�o tivemos chuvas na regi�o”, relata Ruibran dos Reis.
Na segunda quinzena de abril e no in�cio de maio, salienta o meteorologista, foram registrados baixos volumes de chuva na regi�o, que serviram mais para a pecu�ria, criando o fen�meno da “seca verde”, com a vegeta��o crescendo, mas mananciais vazios e sem o reabastecimento do len�ol fre�tico.
O engenheiro agr�nomo Carlos Juliano Brant Albuquerque, professor dos cursos de Agronomia e Zootecnia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que tamb�m � produtor rural no Norte de Minas, confirma que, de fato, as chuvas esparsas de abril fizeram ressurgir na regi�o o fen�meno da “seca verde”. Por�m, pondera, “n�o foi bom para a pecu�ria, pois faltou chuva para a rebrota do pasto. Consequentemente, houve o agravamento da seca, com dificuldade para alimenta��o do gado”.
Menos chuvas
Na quinta-feira, a Administra��o Nacional de Atmosfera (NOAA) dos Estados Unidos alertou que o fen�meno El Ni�o foi formado neste ano com uma antecipa��o de pelo menos um m�s. Segundo os meteorologistas da ag�ncia americana, o fen�meno clim�tico tem 56% de chances de ser considerado forte, elevando a temperatura da terra, com mais impactos nas regi�es semi�ridas.
“Quando se forma o El Ni�o, temos chuvas acima da m�dia no sul do Brasil e poucas precipita��es no norte e nordeste do pa�s, o que atinge o Norte e Nordeste de Minas Gerais. Ent�o, podemos esperar um final de inverno com temperaturas acima da m�dia hist�rica e uma primavera muito quente nessas regi�es”, prev� Ruibran dos Reis.
Caminh�es-pipa
Milhares de moradores de localidades rurais do Norte de Minas j� sofrem com o pior efeito da seca: a falta de �gua pot�vel. As prefeituras da regi�o se viram como podem para atender as popula��es atingidas, mas esbarram na car�ncia financeira. Por isso, aguardam socorro do governo do estado para contratar caminh�es-pipa, a fim de levar o recurso h�drico para todas fam�lias de flagelados.
Por meio da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec), o governo do estado prepara processo licitat�rio para a contrata��o dos caminh�es-pipa, a fim de socorrer todos os 130 munic�pios que tiveram a situa��o de emerg�ncia reconhecido em decreto estadual. O quadro emergencial nas referidas cidades tamb�m foi reconhecido pela Secretaria Nacional de Prote��o e Defesa Civil.
J� em abril, a Cedec lan�ou o “Plano Estadual Seca 2023”, orientando as prefeituras sobre o encaminhamento do Plano Municipal de Distribui��o de �gua Pot�vel (PMDA) e de outros documentos para o recebimento dos caminh�es-pipa e outras formas de ajuda humanit�ria, al�m de recursos p�blicos. O trabalho de orienta��o tamb�m � feito pela Associa��o dos Munic�pios da �rea Mineira da Sudene (Amams).
Agente regional da Defesa Civil Estadual no Norte de Minas – vinculada � 11ª Regi�o da Pol�cia Militar (RPM), o sargento Amadeus Mendes Louren�o solicitou � dire��o da Cedec a antecipa��o do envio dos caminh�es-pipa �s comunidades que j� sofrem com a estiagem. Segundo ele, os volumes de �gua destinados a cada munic�pio
Ele lembrou que o n�mero de caminh�es-pipa a serem destinados a cada munic�pio ser� definido de ser� definido de acordo com o PMDA preenchido por cada prefeitura. De acordo com o sargento, ainda n�o h� um levantamento do total fam�lias que precisam do socorro na regi�o castigada pela falta de chuvas. Dever�o ser realizados tr�s preg�es eletr�nicos presenciais para a loca��o dos caminh�es-pipa pelo governo do estado nas cidades de Montes Claros e S�o Jo�o do Para�so, no Norte de Minas, e em Ara�ua�, no Norte de Minas e em Ara�ua�, no Vale do Jequitinhonha..
Caminh�o-pipa tem sido a salva��o dos moradores de 50 comunidades de S�o Francisco
Sofrimento que nem o S�o Francisco resolver
Um exemplo da antecipa��o das consequ�ncias destrutivas da estiagem no Norte de Minas est� em S�o Francisco, munic�pio de 56,6 mil habitantes. A cidade, que est� em situa��o emerg�ncia, � cortada pelo Rio da Unidade Nacional que lhe d� nome e, mesmo assim, sofre com seca hist�rica, principalmente, devido � grande extens�o territorial, de 3,308 mil quil�metros quadrados.
De acordo com a Defesa Civil Municipal, al�m de “a chuva ter ido embora mais cedo”, o volume pluviom�trico em S�o Francisco reduziu na �ltima temporada chuvosa. Entre outubro de 2022 e fevereiro deste ano, o volume registrado na zona rural de S�o Francisco foi de 796,2 mil�metros, praticamente 200mm a menos do que os 995,6mm da temporada anterior (outubro 2021 a fevereiro de 2022).
O superintendente de Defesa Civil de S�o Francisco, Romenig Barbosa Martins, disse que, atualmente, 14,7 mil fam�lias de 50 comunidades rurais do munic�pio precisas ser abastecidas, tendo em vista que dezenas de rios e c�rregos das localidades secaram. O problema � que a prefeitura conta somente com dois caminh�es-pipa, insuficientes para levar �gua para tanta gente.
Agente da Defesa Civil abastece reservat�rio na zona rural da cidade de Monte Azul
Romenig diz que os dois ve�culos da prefeitura s� conseguem atender a contento 5 mil fam�lias. Para evitar que as outras 9,7 mil fam�lias passem aperto por falta d �gua, a municipalidade precisa de mais seis caminh�es-pipa, que est�o sendo aguardados da ajuda governamental.
“Estamos contando os minutos para que os caminh�es-pipa sejam liberados pela Defesa Civil Estadual, o que ser� um grande refor�o para auxiliar toda a nossa popula��o rural, que sofre tanto com a falta de �gua pot�vel”, diz o representante da Prefeitura de S�o Francisco.
“A destina��o dos caminh�es-pipa vai ser muito importante. Somente quem mora ou j� morou em uma �rea sem o recurso sabe o que � a dificuldade de n�o ter �gua pot�vel dentro de casa”, diz Romenig..
Outra cidade norte-mineira que j� sofre com a drama da estiagem e est� em situa��o de emerg�ncia � Monte Azul, de 20,5 mil habitantes, onde, de acordo com o coordenador municipal de Defesa Civil, Robson Fernandes de Oliveira, cerca de 5,7 mil pessoas sofrem com a escassez h�drica na zona rural.
Segundo Oliveira, devido � limita��o financeira, a Prefeitura de Monte Azul conseguiu alugar somente dois caminh�es-pipa, suficientes para socorrer metade dos flagelados da seca. Por isso, est� na expectativa do envio de ajuda da Defesa Civil estadual �s demais fam�lias atingidas. “A popula��o rural do nosso munic�pio vem sofrendo muito com a falta de �gua para o abastecimento humano e tamb�m com a falta de �gua para dessedenta��o dos animais”, lamenta o coordenador de Defesa Civil de Monte Azul.
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