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Estado de Minas SA�DE

Minas j� tem nove casos de febre maculosa, com duas mortes

Elevada letalidade exige aten��o em parques e matas, especialmente no per�odo da seca, que vai de abril a outubro


15/06/2023 04:00 - atualizado 15/06/2023 11:16
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Agente de zoonoses de Contagem aplica carrapaticida em cavalo, após surto que levou 23 pessoas à internação em 2019
Agente de zoonoses de Contagem aplica carrapaticida em cavalo, ap�s surto que levou 23 pessoas � interna��o em 2019 (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press %u2013 3/6/19)

Quem est� pensando em aproveitar as f�rias para descansar em regi�es rurais deve estar atento a alguns cuidados para evitar o contato com carrapatos, que podem causar uma doen�a grave: a febre maculosa. A morte de um casal pela doen�a, ap�s viagem ao interior de S�o Paulo e de Minas Gerais, acende a luz de alerta para o risco de contamina��o. Minas Gerais registrou, s� neste ano, nove casos de febre maculosa e, desses, dois resultaram em morte, conforme dados da Secretaria de Estado de Sa�de (SES-MG). O �ndice de letalidade, em 22%, mostra o quanto a doen�a pode ser potencialmente fatal, e demanda aten��o da popula��o e do poder p�blico.

Minas Gerais � um estado end�mico para a febre maculosa. Isto significa que a doen�a � comum no estado e pode ocorrer durante todo o ano. Nos per�odos mais secos, entre os meses de abril a outubro, os casos da doen�a tendem a aumentar, conforme a pr�pria SES. “Sobe por volta de maio, com �pice agora (junho), na transi��o de esta��es secas para chuvosas”, aponta o professor especialista em doen�as parasit�rias Marcelo Bahia. Por isso, as viagens de f�rias exigem mais aten��o, j� que as pessoas passam a ter mais contato com �reas onde o parasita pode ser encontrado. Esse inseto n�o � o carrapato comum, encontrado geralmente em cachorros. A esp�cie Amblyomma cajennense  costuma ter como hospedeiros cavalos, bois e, especialmente, capivaras. A febre maculosa � transmitida pela picada do carrapato e � causada pela bact�ria do g�nero Rickettsia. A doen�a n�o passa diretamente entre pessoas pelo contato.

O infectologista Leandro Curi alerta que, apesar de ser mais comum em regi�es rurais, a doen�a tamb�m est� muito presente em �reas urbanas, como � o caso de Contagem, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. “Na regi�o do C�rrego do Ressaca, tivemos v�rios surtos a cada dois anos ou menos. A popula��o tem que ficar alerta, e as equipes de sa�de mais ainda. Deve ser feito o monitoramento das regi�es, capina dos locais e desinfecta��o dos focos”, aponta. Ele cita o caso de uma fam�lia do munic�pio, em que 21 pessoas foram internadas e outras duas morreram, em 2019, ap�s fazerem um mutir�o para capinar um lote, no Bairro Nacional, na divisa de Contagem com Belo Horizonte. Em 2021, outras duas pessoas morreram em decorr�ncia da febre maculosa na mesma regi�o. Hoje, o bairro, com um total de 288 im�veis, � mapeado e monitorado pela Secretaria Municipal de Sa�de.

Segundo o superintendente de Vigil�ncia em Sa�de de Contagem, Jos� Renato de Rezende Costa, ap�s os surtos da doen�a, o munic�pio se tornou refer�ncia no controle e combate � febre maculosa. “Fruto do que vivemos em 2021 e 2019. Tivemos uma casu�stica importante nesse per�odo. Com essa experi�ncia, infelizmente ruim, idealizamos uma proposta que, hoje, veio a ser norte para preven��o da febre maculosa inclusive no Minist�rio da Sa�de”, afirma. Neste ano, Contagem n�o registrou nenhum caso ou morte pela doen�a. Quatro casos suspeitos ainda seguem em investiga��o. Na s�rie hist�rica de 2018 at� 2023 foram confirmadas seis mortes, quatro em 2019 e duas em 2021.

O munic�pio, segundo Costa, mant�m vigil�ncia constante do carrapato em todo o territ�rio. As a��es tamb�m incluem classifica��o das �reas de risco, medidas de educa��o em sa�de e integra��o com as outras secretarias e munic�pios para atua��es conjuntas. “Temos mapeado essas �reas que historicamente tiveram algum caso de febre maculosa”, aponta. Os locais tamb�m receberam placas indicativas da presen�a de carrapatos e refer�ncias de cuidados que devem ser adotados por quem visita essas �reas. “A partir do m�s de abril, at� final do m�s de agosto e in�cio de setembro, quando se iniciam as chuvas, passamos a fazer banho carrapaticida de 15 em 15 dias nos animais, j� que esse per�odo seco � de maior incid�ncia do carrapato”, lista o superintendente de Contagem.

Parques e �reas de mata pr�ximas a c�rregos, rios e lagos podem ser pontos de risco. “A preven��o � o melhor caminho. O que � interessante para quem vai a �reas de mata, acampa, faz trekking ou at� mesmo vai capinar um lote � se proteger, sempre. Ent�o, cal�a, roupas de manga comprida, evitar a exposi��o da pele”, sugere o infectologista. Ele tamb�m recomenda que, depois de atividades no mato ou com animais do campo, a pessoa confira se n�o saiu do local com algum carrapato na roupa ou no corpo. “Lembrando que ele tem que ficar v�rias e v�rias horas se alimentando daquele sangue para transmitir a bact�ria. Ent�o, no caso daquele carrapato que chegou, andou e picou � pouco tempo, n�o tem transmiss�o”, afirma Curi.

Arte: Soraia Piva


A primeira morte pela doen�a em Minas Gerais este ano foi registrada em Manhua�u, na Zona da Mata mineira. O �bito aconteceu em abril, masa causa da morte s� foi confirmada no in�cio de junho. Conforme a Secretaria Municipal de Sa�de, o paciente, de 54 anos, tinha comorbidades, como diabetes, hipertens�o e cardiopatia. Ele morava no Bairro Nossa Senhora Aparecida, mas relatou ter tido contato com �reas com presen�a de carrapatos, como o Bairro Ponte da Aldeia e Bom Pastor, ambas pr�ximas a um rio. Quarenta e nove casos de febre maculosa, com seis mortes, j� foram confirmados no Brasil neste ano. A Regi�o Sudeste � a que concentra a maioria das contamina��es, com 25.

Diagn�stico dif�cil 

O diagn�stico tardio � um dos fatores que elevam a gravidade da doen�a, que se manifesta de forma repentina, e com sintomas semelhantes a outras infec��es, como febre alta, dor na cabe�a e no corpo, falta de apetite e des�nimo. “Por ser uma doen�a end�mica em Minas, j� � comum a desconfian�a cl�nica para se pensar em febre maculosa. Mas os pacientes tamb�m devem ter o cuidado de mencionar ao m�dico que estiveram em local de mata ou se perceberem picadas de bichos”, aconselha o tamb�m infectologista Dirceu Greco. O quadro se agrava com n�useas e v�mitos, diarreia e dor abdominal, dor muscular constante, incha�o e vermelhid�o nas palmas das m�os e sola dos p�s, gangrena nos dedos e orelhas. Nos casos mais graves, pode haver paralisia, come�ando nas pernas e subindo at� os pulm�es, o que pode causar parada respirat�ria.

A doen�a tem cura, desde que o tratamento com antibi�ticos espec�ficos seja administrado nos primeiros dois ou tr�s dias da infec��o. De acordo com o Minist�rio da Sa�de, mesmo sem diagn�stico confirmado, o medicamento deve come�ar a ser aplicado. Atrasos no diagn�stico e, consequentemente, no in�cio do tratamento podem provocar complica��es graves, como o comprometimento do sistema nervoso central, dos rins, dos pulm�es e das les�es vasculares e levar ao �bito.


Em cinco anos, enfermidade provocou 62 �bitos no estado


Em Minas Gerais, a febre maculosa ocorre em todo o estado, com destaque para as macrorregi�es de sa�de Centro, Vale do A�o, Leste e Leste do Sul do estado, aponta documento divulgado pela Secretaria de Estado de Sa�de de Minas Gerais (SES-MG). De acordo com o documento, elaborado pela Coordena��o de Zoonoses e Vigil�ncia de Fatores de Risco Biol�gicos, entre 2018 e 2022 foram confirmados 190 casos da doen�a no estado e 62 �bitos, com taxa de letalidade m�dia no per�odo de 33%.

As faixas et�rias mais acometidas est�o compreendidas entre 41 a 60 anos, com 72 casos confirmados no per�odo de 2018 a 2022; na popula��o infantil (faixa et�ria at� 10 anos), foram registrados 28 casos confirmados.

Embora os casos possam ocorrer durante todo o ano, trata-se de uma doen�a sazonal. “Verifica-se que a maior frequ�ncia de casos � registrada no per�odo de seca, especialmente entre os meses de abril a outubro. Nesse per�odo ocorre a predomin�ncia das formas de larva e ninfa do carrapato no ambiente, com formas muito pequenas e de dif�cil visualiza��o, que tendem a permanecer mais tempo aderidas ao corpo dos indiv�duos sem serem percebidas, o que facilita a infec��o pela bact�ria causadora da doen�a”, diz o informativo.

Ainda segundo o documento, a SES atua em todo o estado por meio do monitoramento e vigil�ncia de casos humanos suspeitos e confirmados da doen�a, vigil�ncia ambiental de �reas de risco, divulga��o de notas informativas e materiais orientativos/educativos aos munic�pios e na realiza��o de cursos e treinamentos para profissionais de sa�de.


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