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Estado de Minas CENSO 2022

Minas � o 3� em quilombolas

Retrato in�dito tra�ado pelo IBGE registra 135,3 mil pessoas vivendo em territ�rios exclusivos de descendentes de ex-escravizados no estado


28/07/2023 04:00
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Quilombo Manzo Naguzo Kaiano, formado na década de 1970
Quilombo Manzo Naguzo Kaiano, formado na d�cada de 1970, � um dos cinco territ�rios reconhecidos em Belo Horizonte (foto: T�lio Santos/EM/D.A Press)


Minas Gerais � o terceiro estado com maior n�mero de quilombolas no pa�s, apontam dados do Censo de 2022 divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). Nas duas primeiras posi��es est�o a Bahia e o Maranh�o, no Nordeste, regi�o que concentra 68,19% dos 1,3 milh�o de quilombolas, em 1.696 munic�pios. Com 135.310 residentes, Minas tamb�m abriga a segunda cidade com maior n�mero dessa popula��o no Brasil.

Com nome de mineral, Berilo � um munic�pio localizado na Regi�o do Jequitinhonha. Sua popula��o � de 9.826 habitantes, dos quais 5.735 s�o quilombolas. Ou seja, esse grupo representa cerca de 58,4% de todos os residentes. H� 12 comunidades quilombolas na cidade: �gua Limpa de Baixo, �gua Limpa de Cima, Alto Caititu, Muniz, Caititu do Meio, Moc� dos Pretos, Morrinhos, Quilombolas, Vila Santo Isidoro, Brejo, Cruzeiro e Tabuleiro. H� tamb�m uma comunidade remanescente de quilombo, a Vai Lavando.

Na capital mineira h� cinco quilombos urbanos reconhecidos pela Funda��o Cultural Palmares como territ�rios quilombolas. Os mais antigos s�o o Mangueiras, localizado entre os ribeir�es do Isidoro e do On�a, na Regi�o Nordeste da capital desde o s�culo 19 e Lu�zes, na Vila Maria Luiza, Bairro Graja�, Oeste, do mesmo per�odo. Os outros s�o: Manzo Naguzo Kaiano, formado na d�cada de 1970 no Bairro Santa Efig�nia; Souza, que tem seu territ�rio no Bairro Santa Tereza,  desde o in�cio do s�culo 20; e Irmandade Carolinos, fundada em 1917 no Bairro Aparecida, Noroeste de BH.

Outros cinco est�o em processo de titula��o de propriedade pelo Incra. Entre eles, o Quilombo da Fam�lia Mattias, que tem sua sede no Bairro Santa Tereza desde a d�cada de 1940, em um dos terrenos comprados pelo patriarca, Martinho Mattias. Apesar de estar em atividade h� mais de 80 anos, o quilombo iniciou o processo de certifica��o da Funda��o Palmares em 2021.

Segundo Gl�ucia Vieira, l�der do Quilombo Souza e bisneta de seus fundadores, ter uma pesquisa voltada para o tema � essencial: “� algo muito importante, nos ajuda a potencializar quem somos e o que queremos. Nos d� visibilidade, muitos n�o t�m conhecimento sobre o que � um quilombo, nos veem com outros olhos. � a nossa vez de contar a nossa hist�ria”.

Representantes da sociedade civil e de �rg�os governamentais tamb�m celebraram o levantamento de dados relativos � popula��o quilombola no Brasil, presentes no Censo pela primeira vez na edi��o de 2022. Na divulga��o da publica��o Brasil Quilombola: Quantos Somos, Onde Estamos?’, em Bras�lia, o presidente em exerc�cio do IBGE, Cimar Azeredo, considerou que os n�meros in�ditos sobre esse grupo populacional s�o uma verdadeira repara��o hist�rica de injusti�as cometidas no passado.

“S�o essas popula��es que mais precisam das estat�sticas, desses n�meros. A gente precisa saber quantas escolas, quantos postos de sa�de, coisas relacionadas � educa��o e tudo o que essa popula��o quilombola precisa, como a titula��o (de terras). Os dados que est�o sendo apresentados hoje, pelo IBGE, se tornam, praticamente, uma repara��o hist�rica”. Cimar Azeredo adiantou que, brevemente, o IBGE vai apresentar informa��es b�sicas sobre pessoas ind�genas e moradores de comunidades e favelas.

O coordenador executivo da Coordena��o Nacional de Articula��o das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq ) Denildo Rodrigues de Moraes, o Biko, agradeceu a todas as lideran�as quilombolas, que, segundo ele, fizeram o papel do Estado durante o censo e conversaram com suas comunidades para destacar a import�ncia de responder �s perguntas do levantamento e que hoje � um dia de vit�ria. “O censo � uma conquista de anos de luta e � importante para que possamos avan�ar na constru��o de pol�ticas p�blicas. Somos mais do que n�meros. A cada n�mero desse bate um cora��o e uma trajet�ria de resist�ncia”.

O termo quilombo tem origem no idioma kimbundo, l�ngua africana derivada do banto (ou bantu), falada principalmente pelos povos da regi�o da atual Angola. Seu significado original � “local de descanso” ou “local para acampamento”, j� que, no per�odo pr�-colonial, esses povos eram, em sua maioria, n�mades.

Entretanto, durante o per�odo colonial, o termo passou a ser utilizado para designar o local de ref�gio de pessoas escravizadas, e, atualmente, quilombos s�o comunidades de pessoas negras, descendentes de ex-escravizados, que ainda mant�m tradi��es culturais herdadas dos ancestrais.

O processo de reconhecimento de um quilombo exige o cumprimento de uma s�rie de etapas. O Instituto Nacional de Coloniza��o e Reforma Agr�ria (Incra) d� in�cio ao procedimento de certifica��o a pedido da comunidade, de outros �rg�os ou por meio de of�cio. A Funda��o Cultural Palmares � quem fica respons�vel pelo processo de reconhecimento dos quilombos. Os n�meros considerados pelo Censo 2022 foram aqueles fornecidos pelo Incra, ou seja, a quantidade de quilombos ainda � superior � apontada no levantamento.

Estagi�ria sob supervis�o da subeditora Rachel Botelho


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