(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas SABIA N�O, UAI!

H� 65 anos, o Barreiro teve o seu pr�prio 'metr�'

Era poss�vel ir de trem do Barreiro ao Centro de Belo Horizonte, at� os anos 1980. No auge do servi�o, as composi��es circulavam das 5h �s 21h


01/09/2023 17:00 - atualizado 03/09/2023 14:54
432


Uma das piadas cl�ssicas do belo-horizontino � dizer que os barreirenses d�o sinal com a m�o quando v�o pegar o metr�. Hoje, o Barreiro pode n�o ter um metr� para chamar de seu, mas, at� os anos 1980, era poss�vel ir de trem da regi�o at� o Centro de Belo Horizonte. Alguns anos antes, os trilhos foram eletrificados na expectativa de criar uma grande rede metropolitana de metr� - que nunca se concretizou.

No quarto epis�dio desta temporada da s�rie especial Sabia N�o, Uai!, visitamos os arquivos do Estado de Minas e do Di�rio da Tarde para falar do tempo em que o Barreiro tinha seu "metr�".

O que � trem de sub�rbio

Em meados do s�culo 20, as capitais brasileiras passaram por um acelerado processo de urbaniza��o. E com Belo Horizonte n�o foi diferente. Entre 1940 e 1960, a cidade saltou de 211 mil para 683 mil habitantes, e os novos trabalhadores que chegavam se instalaram em regi�es mais distantes do Centro, como Barreiro e Venda Nova.
Acervo RFFSA (doacao de Mauricio Novis Botelho). Trem suburbano - Estacao do Horto Florestal nos anos 1960, com a passagem de um trem-unidade eletrico serie 100 da Central, que fazia o suburbio eletrificado no trecho do Barreiro ao Matadouro.
Esta��o Horto Florestal nos anos 1960, com a passagem de um trem el�trico que fazia trecho do Barreiro ao Matadouro (Bairro S�o Paulo) (foto: Mauricio Novis Botelho/Acervo RFFSA )

A locomo��o entre os bairros perif�ricos e a regi�o central era dif�cil. As estradas eram prec�rias e o transporte p�blico feito por bondes, em sua maioria restritos aos bairros ao redor da Avenida do Contorno, e por �nibus, num sistema ainda embrion�rio e desorganizado. Diante desse cen�rio, a Estrada de Ferro Central do Brasil (EFCB) implantou linhas de trem de sub�rbio ligando bairros mais afastados e cidades da regi�o metropolitana ao Centro de BH.

Leia tamb�m: S�rie 'Sabia N�o, Uai!' inicia nova fase em programa de acelera��o digital

Os trens de sub�rbio eram trens de passageiros que dividiam os trilhos com composi��es de carga. Por n�o terem uma estrutura pr�pria e trilhos segregados, tal qual os sistemas de metr�, os sub�rbios usavam espa�os prec�rios que n�o foram projetados para atender um grande volume de passageiros. At� havia algumas esta��es dignas do nome, mas grande parte das paradas consistiam em plataformas curtas e sem cobertura.

Na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, as principais linhas de sub�rbio eram Belo Horizonte/Betim, Belo Horizonte/Rio Acima e Barreiro/Horto Florestal.

Um trem para chamar de seu

O trem de sub�rbio do Barreiro come�ou a circular em 1957, entre a regi�o e o Matadouro Modelo, localizado pr�ximo � atual Esta��o S�o Gabriel, no Bairro S�o Paulo. O trajeto come�ava na atual esta��o de �nibus do Barreiro, dava a volta na Mannesmann (atual Vallourec) e seguia paralelo � Avenida Teresa Cristina. Esses trilhos atualmente s�o usados por trens de carga e est�o previstos para serem parte da futura Linha 2 do metr�.
foto da estação ferrugem, trecho abandonado do metrô em bh
A Esta��o Ferrugem, hoje abandonada, era uma das paradas do trem de sub�rbio do Barreiro (foto: @estev4m/Esp. EM)

Na altura do Bairro Gameleira, os trens se encontravam com outro ramal da Central do Brasil, que vem de Betim e passa por Contagem. A partir deste ponto, seguia em dire��o ao Centro de Belo Horizonte pelo caminho que, posteriormente, se tornou parte da Linha 1 do metr�. Ap�s passar pela atual Esta��o Horto Florestal, o sub�rbio seguia por dentro do Bairro Uni�o e, por fim, ia paralelo � Rua Jacu� at� encerrar o trajeto no Matadouro Modelo.

Em algum momento da d�cada de 1960, o sub�rbio passou a ter ponto final no Posto 651, em frente ao antigo Armaz�m da Esso, no Bairro Palmares. Durante algum tempo, a linha fez um atendimento � Cidade Industrial, em Contagem.

O servi�o Barreiro-Horto contava com doze carros de passageiros (TUEs S�rie 100) puxados por locomotivas diesel-el�tricas (ALCO-RS3) de bitola larga. Os carros receberam o apelido de "Caturr�o" por parte dos passageiros e do pessoal da manuten��o por serem considerados muito feios.
vagão do antigo trem urbano do barreiro abandonado em trilho de Belo Horizonte
Os trens de sub�rbio eram trens de passageiros que dividiam os trilhos com composi��es de carga (foto: Beto Novaes/Em/D.A Press - 15/9/05)

Guerra contra os trilhos

Um estudo feito ap�s o in�cio das opera��es indicava que o movimento da linha poderia chegar a 80 mil passageiros di�rios em 1966, o que motivou investimentos na opera��o, como a eletrifica��o do trajeto. Tamb�m estava prevista a constru��o de muros em torno dos trilhos, para aumentar a seguran�a e evitar a evas�o de passageiros.

A partir da�, come�ou um movimento de oposi��o aos trens de sub�rbio. Moradores de ruas pr�ximas aos trilhos argumentavam que os muros altos tornavam a cidade feia. A eletrifica��o tamb�m era atacada pelos empres�rios de �nibus, que sentiam seus lucros amea�ados com o avan�o de um novo modal de transporte - e que era mais r�pido que os coletivos.

As previs�es acerca do crescimento de passageiros n�o se concretizaram - houve, na verdade, uma queda na demanda. No final da d�cada de 1960, reduziu-se a oferta de hor�rios, os carros de passageiros diminu�ram de 12 (doze) para 8 (oito) e, em 1969, foi suprimido o sub-ramal do Matadouro - com isso, os trens passaram a ir somente at� o Horto Florestal.

O fim dos trens de sub�rbio

Durante o auge do servi�o, os trens circulavam das 5h �s 21h e levavam cerca de 45 minutos do Matadouro ao Barreiro. Em 1980, quando os sub�rbios estavam em decl�nio, os trilhos j� n�o eram mais eletrificados e os hor�rios eram reduzidos, com cerca de duas viagens por sentido.

Nos anos seguintes, os passageiros dos trens de sub�rbio, tanto do Barreiro quanto de outras linhas, diminu�ram gradativamente, principalmente devido � concorr�ncia com os �nibus. Uma pesquisa feita em 1985 pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) identificou que entre os motivos para a baixa demanda dos trens estavam a falta de confiabilidade e as instala��es prec�rias.

A Rede Ferrovi�ria Federal S/A (RFFSA) havia iniciado no come�o da d�cada um processo de diminui��o gradativa da opera��o dos trens de sub�rbio. Al�m da baixa demanda e da passagem barata, que tornavam a opera��o deficit�ria, os trens de passageiros, por compartilharem os trilhos com os trens de carga, geravam transtornos � atividade mais lucrativa para a empresa.

Em 1985, os trens de sub�rbio da RMBH transportaram, em m�dia, cerca de 200 mil passageiros por m�s, o que correspondia a 0,3% dos 58 milh�es de passageiros transportados pelos �nibus. O servi�o era feito por 21 trens di�rios, que atendiam 16 esta��es e 21 paradas em sete linhas, segundo a CBTU:

  • Betim - Rio Acima (91km)
  • Betim - Raposos (71km)
  • Betim - Belo Horizonte (38km)
  • Belo Horizonte - Raposos (33km)
  • Belo Horizonte - Rio Acima (53km)
  • Barreiro - Horto (20km)
  • Barreiro - Belo Horizonte (15km)

"O trem suburbano faz muita falta, ainda mais para quem mora nessa regi�o da capital", desabafou o ex-chefe de esta��o Nelson Esteves em entrevista para o rep�rter Gustavo Werneck, do Estado de Minas, em setembro de 2005.

O "Caturr�o" deixou de circular em 1988 e, desde ent�o, os moradores do Barreiro viram in�meras not�cias sobre estudos e recursos para a implanta��o da linha 2, mas, com obras paralisadas desde 2003, a regi�o espera um dia ter um metr� para chamar de seu.

Sabia N�o, Uai!

O Sabia N�o, Uai! mostra de um jeito descontra�do hist�rias e curiosidades relacionadas � cultura mineira. A produ��o conta com o apoio do vasto material dispon�vel no arquivo de imagens do Estado de Minas, formado tamb�m por edi��es antigas do Di�rio da Tarde e da revista O Cruzeiro.

Sabia N�o, Uai! foi um dos projetos brasileiros selecionados para a segunda fase do programa Acelerando Neg�cios Digitais, do Centro Internacional para Jornalistas (ICFJ), programa apoiado pela Meta e desenvolvido em parceria com diversas associa��es de m�dia (Abert, Aner, ANJ, Ajor, Abraji e ABMD) com o objetivo de atender �s necessidades e desafios espec�ficos de seus diferentes modelos de neg�cios.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)